sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Apreciação critica sobre "Ford vs Ferrari"


Quando, ao vemos um filme e lemos a frase "baseado numa história real", somos levados a acreditar que vão contar as coisas ponto por ponto. Nada mais errado, mas as pessoas acreditam nisso. E como disse ontem, quando escrevia o último capítulo sobre o duelo entre Ford e Ferrari - podem ler aqui, caso queiram - não esperem toda a história do duelo enfiado em duas horas e meia de película. Aliás, o título é enganador, é um chamariz: na realidade, é a relação entre Carrol Shelby, uma lenda do automobilismo, e o britânico Ken Miles, que ajudou a desenvolver o GT40, um dos carros mais míticos da história do automobilismo.

E é isso que este filme se trata: é a história de dois homens e um objetivo. Nesse campo, é um filme muito bom. Há cenas fantásticas - para mim, a melhor delas é a reunião da Ford com Enzo Ferrari e a resposta a Henry Ford II, onde o atinge no seu orgulho - e os cenários, embora não todos reais, conseguem ser verosímeis, como Daytona, Le Mans, e a mitica reta das Hunaudriéres.

As cenas são boas, tive impressão de andar a ver episódios do "Mad Men", onde o contraste entre Dearborn e Maranello era grande, e as interpretações dos dois atores a fazer de Shelby e Miles, bem como a sua família, onde se vê que a chance de correr pela Ford aconteceu numa altura em que ele estava aflito de finanças - a sua oficina tinha sido forçada a encerrar quando o IRS lhe fez uma visita, em 1963.

Agora, há cenas inverosímeis, e maior delas todas é Enzo Ferrari em Le Mans. Ele nunca viu corridas ao vivo depois da II Guerra Mundial, e só ia a Monza. Portanto, vê-lo nas boxes na clássica francesa é simplesmente... hollywoodesco.

Mas claro, vejam o filme com mente aberta. Não quero que esqueçam isto: é um filme americano, que conta uma vitória americana. De uma certa forma, o "spoiler" está contado desde 1966. Mas mesmo assim, vale a pena. Por causa da relação humana entre dois excelentes personagens e de um tempo que já não volta mais, Nesse campo, está bem feito, as recriações são excelentes, e as paisagens são fantásticas.

Em suma: vale a pena o dinheiro gasto para o bilhete. E acho que ambos vão ter nomeações para os Oscares, e mais alguns em termos técnicos e realização, talvez melhor filme. Se isso acontecer, vai entrar na imaginação dos "petrolheads" como entrou "Grand Prix", "Rush" ou "Le Mans". 

1 comentário:

Unknown disse...

Olá! Parabéns pelo seu blog e, principalmente, pela sequência de histórias sobre o filme. Eu assisti na sexta feira. Fiquei com a impressão no filme que o Sr. Leo Beebe era uma pessoa que jogava sujo e não tive a mesma impressão ao ler os seus textos. Do mais, filme muito bom mesmo.

Eduardo Gomes
São Paulo/SP