segunda-feira, 28 de abril de 2025

O "velho" Rovanpera voltou ou...?


Ele estava a voar. Não tinha como acompanhar o ritmo dele. Até agora, é claramente quem melhor entendeu como usar o novo pneu duro. Foi um dia digno de escrever num livro, um dia perfeito. Vinte e seis segundos de vantagem em especiais com estilo de circuito… é uma grande diferença. Parabéns para ele.” 

Isto foi o que disse Sebastien Ogier no final do primeiro dia do rali Islas Canárias, quando falou sobre a vantagem Que Kalle Rovanpera conseguiu nessa altura. Mas, mais que a vantagem final que conseguiu o final da prova - 53,5 segundos sobre Sebastien Ogier - o que mais ficou na memória foi ele ter ganho 15 das 18 especiais, triunfando até em todas as especiais de sexta-feira!

E isto aconteceu numa altura ideal para ele: começavam a haver dúvidas sobre a sua capacidade de condução. Esta vitória surgiu depois de alguns resultados menos conseguidos, entre eles a desistência no rali Safari, e um quarto posto em Monte Carlo, e isso aconteceu depois de uma temporada em que fez a competição em "part-time", fazendo algumas provas de GT's e Drift. Apesar de já ter 24 anos, e ter começado nos ralis muito cedo na vida, já tem dois campeonatos no bolso e pode não ter a motivação para continuar, como tiveram Sebastien Loeb e Sebastien Ogier, por exemplo. 

É preciso que se digam algumas coisas sobre este rali. O primeiro deles é um de asfalto, as condições estão secas e não choveu ao longo do fim de semana. O segundo é que estas condições são fantásticas para Rovanpera, que gosta de asfalto, do qual muitos comparam com as pistas de automóveis. E o terceiro, e não menos importante, foi a catástrofe que aconteceu nos lados da concorrência, nomeadamente, a Hyundai. 


Se a Toyota ficou com os quatro primeiros lugares - poderiam ter sido cinco, se Sami Pajari não tivesse sofrido um acidente na 12ª especial, que causou a sua desistência - do lado da Hyundai, foi um pesadelo, claro. Muito falaram dos pneus, que aparentemente, não conseguiram adaptar-se a aquele asfalto. Primeiro, a Hankook levou às Canárias um novo composto duro, e depois, o problema nos componentes da suspensão do I20 N Rally1 exacerbou o problema. Quando o detectaram, sabiam que seria um pesadelo ambulante e teriam sempre um "handicap" em relação aos Toyota. Isso aconteceu, mas creio que a realidade poderá ter excedido alguns dos seus piores pesadelos. 

Xavier Demaison, diretor técnico da Hyundai, referiu que os componentes coreanos exacerbaram o problema que têm.

"As caraterísticas deste novo pneu exarcebaram o problema fundamental que temos com este carro," a nível de comportamento, disse, em declarações ao site dirtfish.com. Algo que "não é novo porque já passamos por isto no passado. Não será muito difícil de resolver, [mas] precisamos de jokers de homologação para alterar algumas coisas. Não temos muitos, por isso temos de ser cuidadosos.", continuou.

Apesar de tudo, ele admite que  pode ter sido um erro não ter feito testes na ilha espanhola. "Temos testes limitados deste pneu e não fizemos um teste aqui, talvez tenha sido um erro. Substimamos a dificuldade desta prova."

Independentemente dos testes, dos tipos de superfície, ou dos estados de forma dos seus pilotos, o facto é que o WRC está numa fase onde a Toyota é a equipa melhor organizada e a que tem melhores triunfos e menores problemas, pelo menos nos seus Rally1. E mesmo na classe Rally2, onde foram os últimos a chegar à festa, digamos assim, o facto de começarem a ser melhores que a concorrência - mesmo perante a Skoda, os crónicos concorrentes nesta competição - mostram que são extraordinariamente organizados. E mesmo que digam que em 2027 (ou mesmo em 2026), a FIA decidiu descartar os Rally1 e valorizar os Rally2 ou algo equivalente, não é isso que irá acalmar o domínio dos Toyota, ou até um regressado Rovanpera.


Aliás, no meio disto tudo há uma pergunta por responder: será que veremos "este piloto" daqui a duas semanas e meia, nas estradas portuguesas, cheias de terra e pó? 

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