domingo, 27 de abril de 2025

A imagem do dia






Há 50 anos, feitos este domingo, o GP de Espanha foi dos mais atribulados da história do automobilismo. Em Montjuich, a corrida acabou apenas 29 voltas depois da partida, nas 75 inicialmente previstas, depois de um fim de semana cheia de ameaças, discussões de um lado e de outro, e claro, aquilo que os pilotos temiam: um acidente, onde o piloto ficou gravemente ferido e quatro espectadores acabaram por morrer. E os pilotos receberam metade dos pontos previstos, porque era aquilo que estava no regulamento. 

Mas, mais que isso, pouco se sabe quem ganhou essa corrida, e o que isso significou para ele e para o automobilismo. Tinha a ver com o primeiro triunfo em quase 14 anos de um piloto do seu país, e era a primeira e única vitória de uma carreira longa, parte dela na Formula 1, mas boa parte dela na Endurance, correndo por duas das principais marcas do automobilismo, na década seguinte. Falo de Jochen Mass.

Nascido a 30 de setembro de 1946 em Dorfen, na Baviera, ele era filho e neto de capitães na Marinha Marcante, que lhe deu uma grande paixão pelo mar, especialmente depois e trabalhar num barco durante a sua adolescência. O automobilismo apareceu por altura dos 20 anos, quando foi assistir a uma subida de montanha onde a sua namorada de então trabalhava na organização. A paixão foi instantânea - pelo automobilismo - e foi trabalhar para um concessionário da Alfa Romeo, em Manmheim, onde o dono inscrevia os seus carros nas provas de automobilismo que aconteciam ali perto. Quando descobriu que tinha talento, tinha 25 anos e começou a participar em corridas de Super Vee e na Formula 3 britânica. 

Contudo, a sua ascensão foi rápida. Dois anos depois, já corria na Formula 1, a bordo de um Surtees oficial. A sua presença acontecia ao mesmo tempo que corria para eles na Formula 2, onde acabou na segunda posição no campeonato.

Na primeira vez que andou no Nurburgring Nordschleife, em agosto de 1973, as suas prestações quase o colocaram nos pontos, pois acabou na sétima posição. Foi o suficiente para correr pela marca ao longo de 1974, mas a meio do ano, cansado das constantes discussões com John Surtees - Mass queixava-se no material, "Big John" queixava-se do piloto, isso, acumulado com os salários em atraso, decidiu sair depois do GP da Alemanha no sentido de ficar com o terceiro carro da McLaren. Correndo nas corridas americanas, acabou em sétimo na última corrida do ano, em Watkins Glen, e ficou como titular para a temporada seguinte, no lugar de Denny Hulme, que tinha pendurado o capacete. 

Ali, ao lado de Emerson Fittipaldi, consegue os seus primeiros pontos na segunda corrida do ano, em Interlagos, ao lado dos brasileiros José Carlos Pace e Emerson Fittipaldi. Era o primeiro pódio de um piloto alemão desde 1961, com Wolfgang won Trips. Pontuou na corrida seguinte, em Kyalami, quando acabou na sexta posição. 

Quando a competição chegou a Barcelona, Mass não conseguiu uma qualificação de destaque. Enquanto Emerson Fittipaldi decidia boicotar a corrida, Mass não foi muito longe, ao ser 11º na grelha. Mas depois, ao ter conseguido fintar os asares dos outros, a sua corrida foi uma combinação de estar no lugar certo, à hora certa. Primeiro, não pisando na manha de óleo causado pelo motor rebentado do carro de Jody Scheckter, que, por exemplo, causou o acidente de James Hunt, e depois, ficar no quarto lugar, atrás do Lotus de Ronnie Peterson. Na wolta 24, quando ele tentawa passar o BRM de Francois Migault, ambos se deram mal e bateram, dando o terceiro lugar, enquanto na frente, o Hill de Rolf Stommelen era assediado pelo Brabham de Carlos Pace. 

Estão a ver ele à espera da má sorte dos outros enquanto lutavam pela liderança? Pois é... quando a corrida foi parada de forma definitiva, Mass e o outro Lotus de Jacky Ickx eram os únicos que estavam na 29ª volta quando aconteceu. O alemão tornou-se no primeiro vencedor em 14 anos. Mas para o mundo voltar a ver outro alemão a ganhar, tiveram de esperar... mais 17. Mas isso é outra história.

Sem comentários: