Na primavera de 1994, a Formula 1 estava desesperada de campeões. Ayrton Senna estava morto, Alain Prost jurou que não voltaria a um carro, e cumpriu. Todos sabiam o que iria ser Michael Schumacher, mas ainda não tinha os troféus, e Damon Hill estava num carro campeão. Sobrava Nigel Mansell, que se tinha exilado na CART americana, e era o campeão da competição, pela Newman-Haas. Frank Williams pediu-lhe para ajudar, e Mansell acedeu, mas apenas nas datas que a competição permitia. Daí ter aparecido em quatro corridas dessa temporada, a começar por França.
Até tinha calhado bem: a temporada na América não estava a correr bem, e ele parecia estar zangado com todos. Até Mário Andretti não o suportava - e precisa-se de muito para o tirar do sério. Anos depois, classificou-o como o seu pior companheiro de equipa (em contraste com Ronnie Peterson, o seu melhor). Como a CART acabava cedo o seu calendário, em meados de setembro, tinha tempo para correr algumas corridas, a partir do GP de Portugal, que era no final de setembro. Mas mesmo em Jerez, quando Mansell voltou, havia cartazes de aviso: "gostamos de ti, mas dá as chaves ao David [Coulthard]."
O triunfo de Mansell na Austrália parecia dar uma segunda vida ao "brutânico", e ele disse que estava disponível para 1995, altura em que caminhava para os 42 anos. Ele pensava que a Williams ainda o queria, mas Frank decidiu que ficaria com David Coulthard. Não restava muita gente, mas a McLaren, em 1995, tinha trocado de motores, da Peugeot para a Mercedes, e a Marlboro, a principal patrocinadora, exigia um nome sonante, apesar de terem Mika Hakkinen - a Mercedes queria alguém mais discreto.
O McLaren MP4/10 ficou pronto para correr logo no inicio da temporada mas quando ele entrou no carro... não cabia! Um pouco desesperados, decidiram que nas primeiras corridas do ano, o lugar seria ocupado por Mark Blundell, que tinha vindo da Tyrrell para ser o terceiro piloto. A partir dali, foi uma corrida contra o relógio para faxer um chassis adequado, Durou 33 dias, mas ficou pronto a tempo para correr em Imola, terceira corrida do ano.
A corrida até correu bem: décimo na grelha, andava perto dos pontos quando sofreu um toque no Jordan de Eddie Irvine, acabando na décima posição, sem pontuar. A corrida seguinte foi em Barcelona e Mansell conseguiu novo décimo posto na grelha, no final da qualificação, imediatamente atrás de Mika Hakkinen. Mas ambos estavam a mais de dois segundos da pole-position, e o carro não era dos melhores do pelotão. Mansell não foi longe: problemas de dirigibilidade causaram a sua retirada na volta 18.
Alguns dias depois, Mansell decidiu pendurar o capacete, citando que não queria ser "mais um no pelotão". Tinha 41 anos e 191 Grandes Prémios, com 31 vitórias, 32 poles e 30 voltas mais rápidas, para além de 59 pódios.
Tempos depois, contou-se que as relações entre ele e Ron Dennis não eram famosas. E em 2015, quando passaram 20 anos sobre a sua retirada, ele disse que a decisão tinha sido precipitada, e que deveria ter ficado até ao final do ano, para ajudar a desenvolver o carro. Tentou depois a sua sorte no final de 1996, pela Jordan, mas depois de uma série de testes em Barcelona, a ideia não foi adiante.
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