Mas ali, veio o golpe: uma suspensão partida mesmo depois de ter cruzado a meta o fez desistir, porque os danos foram severos, insuficientes para chegar até ao parque de assistência. Assim sendo, Pedro Almeida acabou por triunfar num rali onde a velha máxima rendeu: para ganhar, primeiro tens de chegar ao fim. E nos ralis, esta não termina na meta!
Com dez especiais pela frente - o rali acabará no final do primeiro dia da prova do WRC - era mais um combate entre Kris Meeke e Dani Sordo, Hyundai contra Toyota, com Armindo Araújo e os outros portugueses, com Ricardo Teodósio, Pedro Almeida e Gonçalo Henriques à cabeça, a observarem o que os outros iriam fazer e esperar pelos deslizes de ambos, caso acontecessem.
Depois da especial de inauguração, na Figueira da Foz, o dia começou com Meeke sempre ao ataque: ganhou as especiais todas da manhã, com vantagens que iam entre os dois segundos sobre Sordo em Mortágua, aos 7,6 na Lousã, deixando Armindo Araújo bem mais para trás como melhor português, com desvantagens na casa dos 22,4 segundos (na primeira passagem por Lousã). Acerta altura, o seu ritmo era tão elevado que se tinha envolvido na luta pela vitória na geral do WRC2!
Meeke regressou, não arriscou, mas continuou a dilatar o avanço para o resto deste rali. Ganhou mais 9,2 segundos a Armindo na sétima especial, e na oitava, mais 16,2 ao Skoda do piloto de Santo Tirso. Na nona especial, Meeke voltou a ganhar, ainda por cima, aproveitando os problemas de Armindo, que furou e perdeu tempo, cerca de um minuto. José Pedro Fontes perdia tempo também no seu Citroen. Pedro Almeida, nesta altura, subia para a segunda posição, com o seu Skoda, a mais de 2 minutos e 13 segundos para o britânico.
As últimas duas do dia, em Sever, começaram com Meeke a ganhar com um avanço de 13 segundos sobre Armindo, conseguido o que aparentava ser uma vitória com um avanço superior a um minuto. Pedro Almeida, nesta altura, mantinha a segunda posição, o que faria satisfeito por ter sobrevivido.
Foi a segunda que aconteceu o golpe: Meeke quebrou a suspensão, e perdeu mais de dois minutos, enquanto Armindo ganhou a Power Stage, tentando apanhar Pedro Almeida para ser o melhor português. Começou o contra-relógio para reparar o carro para poder chegar ao Parque de Assistência, mas a suspensão acabou por quebrar no caminho e o pessoal da Toyota Caetano, que bem tentou colocar as coisas para aguentar tempo suficiente na ligação... mas não conseguiu.
No final, o vencedor acabou por ser dos mais inesperados: Pedro Almeida, no Skoda Fabia Rally2, ia para o lugar mais alto do pódio, e acabou com a pressão de Armindo, que tentou recuperar o tempo perdido pelo furo.
E Almeida estava feliz:
"Sabia que tinha conseguido por um andamento bom, mas nunca achei que seria este ano que ganharia um rali.", começou por afirmar o vencedor. "Num campeonato onde todos os pilotos tem muita experiência, a única hipótese que a gente tem é andar à perna. Agora que já consegui, juntar tudo num rali, nunca tinha conseguido até agora. Havia sempre alguma coisa que falhava, por isso, fico muito contente de fazer isso aqui", concluiu.
Já Armindo Araújo, apesar do segundo posto, estava satisfeito com o dia. Admitiu que ainda tentou ir buscar a vitória, que escapou por apenas 2,7 segundos, mas o resultado de hoje não o deixa desiludido.
"Num rali desta envergadura, tudo pode acontecer, nada é garantido.", começou por afirmar. "Os furos, os toques, acontecem a qualquer momento. Nós, da nossa parte, acho que fizemos um bom dia, estivemos sempre a controlar as coisas, fechamos isto com um pódio, uma vitória nas Power Stage, bem posicionado na luta pelo melhor português neste rali, que é o nosso grande objetivo.", concluiu.
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