Falei no sábado sobre o GP do Mónaco de 1970, corrida ganha na última curva da última volta por Jochen Rindt. O que não vos falei é que aquela corrida foi a última de alguns pilotos ali presentes - e a primeira de Ronnie Peterson. Foi a última corrida de Bruce McLaren, mas sobre ele, falaremos com calma no inicio do mês que vêm, quando for a altura.
Porque hoje falo de um piloto com esperanças de ser um grande piloto francês, aprendendo com um excelente professor, na figura de Jackie Stewart, mas naquele final de semana, pura e simplesmente decidiu pendurar o capacete, reconhecendo um misto de medo e incapacidade de correr como dantes. E hoje em dia, parece quase esquecido. Falo de Johnny Servoz-Gavin, um piloto rápido, com fama de "playboy" e que teve uma carreira breve, antes de se refugiar no anonimato.
Nascido a 18 de janeiro de 1942 em Grenoble como Geroges-Francis Servoz-Gavin, ganhou o apelido de "Johnny" na adolescência, quando era instrutor de ski nos Alpes. No inicio da idade adulta, começou a correr nos ralis e a atrair atenção da Matra, que o levou para as pistas. Campeão de França de Formula 3, no ano seguinte, foi para a Formula 2, europeia, onde conseguiu um pódio. Em 1968, foi correr no GP do Mónaco de Formula 1, a bordo do modelo MS10 e ficou com o segundo melhor tempo na qualificação. E para melhorar as coisas, logo na partida, largou bem e ficou com o comando! Infelizmente, tocou com uma das rodas no passeio, torceu a suspensão e acabou por desistir.
A segunda corrida de interesse foi em Monza, palco do GP de Itália, onde Servoz-Gavin foi o 14º na grelha em 24 carros. Na corrida, ele começou a subir posições e a batalhar por um lugar no pódio com o carro de Jacky Ickx. Tudo indicava que o belga levaria a melhor no inicio da volta, mas o piloto da Matra foi mais rápido e conseguiu o segundo lugar, batendo Ickx e o BRM de Piers Courage. Foram os primeiros pontos da sua carreira... e logo um pódio! Os seus pontos deram-lhe a 13ª posição.
No ano seguinte, continuando na Matra, ao lado de Jackie Stewart, ele ficou com o motor Cosworth, em vez do Matra de 12 cilindros guiado por Jean-Pierre Beltoise. Se Stewart acabou campeão do mundo e Beltoise levou alguns pódios para casa, para Servoz-Gavin, ele foi encarregado de competir na Formula 2 - acabou campeão - e de andar no MS84, o carro de quatro rodas motrizes, que acabou por ser o único que conseguiu resultados de relevo, quando ele acabou o GP do Canadá desse ano na sexta posição, sendo o único que pontuou.
Em 1970, Servoz-Gavin tornou-se no segundo piloto da March, ao lado de Stewart, mas durante o defeso, ele sofreu um acidente durante um evento de todo o terreno que o deixou preocupado com a sua visão, e começou a pensar seriamente sobre se correr valeria a pena. Para piorar as coisas, em Jarama, assistiu ao acidente de Jacky Ickx e Jackie Oliver, e apesar de acabar na quinta posição, a duas voltas do vencedor, Jackie Stewart, as dúvidas só foram aumentando. A sua não-qualificação no Mónaco foi a gota de água e decidiu abandonar.
Depois disto, retirou-se para viver numa casa flutuante, e ironicamente, em 1982, aos 40 anos de idade, sofre um acidente doméstico que o deixou com queimaduras no seu corpo. Acabaria por morrer a 29 de maio de 2006, aos 64 anos, na sua Grenoble natal, vitima de uma embolia pulmonar, depois de ter estado doente por algum tempo.
Sem comentários:
Enviar um comentário