sábado, 5 de outubro de 2019

A imagem do dia

"Digam à minha mulher que não devo dançar por umas duas semanas", foi o que respondeu Graham Hill quando lhe perguntaram se tinha alguma mensagem para a sua mulher, enquanto levava para o hospital.

Uma imagem arrepiante de um acidente, em Watkins Glen, há precisamente meio século. Graham Hill já voou algures fora do seu carro e irá contorcer-se no relvado, descobrindo que tinha fraturado ambas as pernas. Foi uma tarde contrastante na Lotus, pois enquanto Jochen Rindt comemorava a sua primeira vitória na Formula 1, o veterano piloto, então com 40 anos, ia acabar no hospital e começar uma reabilitação que iria demorar meses, mas o suficiente para voltar a entrar num carro na primeira corrida da temporada seguinte.

Não foi o melhor das temporadas para Hill, apesar da vitória no Mónaco. O campeão de 1968 tinha um bom carro, o modelo 49, e um excelente companheiro de equipa, Jochen Rindt, mas naquele ano, os Matra M80 e Jackie Stewart não deram quaisquer chances à concorrência. E pelo caminho, Colin Chapman perguntava a Rob Walker se não quereria os serviços dele para o futuro...

Hill foi o quarto na grelha em Watkins Glen, com o seu companheiro de equipa na pole. Enquanto Rindt e Stewart, o terceiro da grelha, começaram um duelo que terminou na volta 33, quando o Matra do escocês acabou por encostar à berma por causa de problemas com a pressão de óleo. Quanto a Hill, tinha sido superado por três Brabhams, os oficiais e o privado - inscrito por Frank Williams - de Piers Courage

Na volta 88, Hill passa por uma mancha de óleo e faz um pião, e o motor desliga-se. Ele sai do carro e empurra-o para voltar à pista, desconhecendo que tinha sofrido um furo. Quando voltou, sentiu isso e tentou voltar às boxes sem se despistar. Infelizmente, não conseguiu porque o pneu explodiu pelo caminho.

Muitos pensaram que aquele seria o final de carreira de Hill. E até poderia ser um bom pretexto para sair ainda por cima, mas ele tinha a paixão das corridas no sangue, e queria provar que tinha algo a dar. Andou todo o inverno em recuperação e em reabilitação até poder voltar a entrar dentro de um carro, o que conseguiu fazer a 1 de março do ano seguinte, em Kyalami, no Lotus da Rob Walker Racing. Conseguiu terminar essa corrida na sexta posição, conseguindo um ponto. E foi como se tivesse vencido de novo. 

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