terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

No Nobres do Grid deste mês...

"Ainda me lembro bem de boa parte do pelotão quando comecei a assistir aos Grandes Prémios, na minha infância, como boa parte de vocês. Pilotos que, no inicio dos anos 80 do século passado, corriam em carros feitos em alumínio ou em fibra de carbono, com e sem Turbo, com capacetes de diferentes cores e padrões que ficavam para toda uma carreira – e não mudados 365 ocasiões por ano! – e correndo às voltas em pistas, na maior parte das quais na Europa e Estados Unidos. Claro, cheguei a assistir a corridas no parque de estacionamento de um casino, mas esses arranjos eram típicos do Bernie Ecclestone. Agora, fizeram da Península Arábica um novo ponto de paragem da Formula 1. 

Mas ainda recordo dos seus pilotos, desde os mais consagrados até aqueles que conseguiram comprar um lugar e estar na primeira fila para correr entre os consagrados. Não os chamarei de gentleman drivers porque não são amadores ricos, mas chamá-los de profissionais qualificados é algo que tende ser exagerado. (...)


(...) Quem não sabe, [Slim Borgudd] foi um piloto sueco que teve uma carreira invulgar, primeiro como musico – era baterista de grupos locais no inicio dos anos 60 – e amigo pessoal de Benny Andersson e Bjorn Ulaevus, dois dos membros da banda ABBA. Seguindo a sua carreira automobilística, chegou à Formula 1 em 1981, aos 34 anos de idade, com o apoio dos seus amigos, e arranjou um lugar na ATS. E em Silverstone, com uma corrida de atrito, acabou no sexto lugar, conseguindo um ponto. No ano seguinte, correu em três provas pela Tyrrell, antes do dinheiro acabar e ser substituído pelo britânico Brian Henton. 

Pois bem, depois de uma longa carreira, Borgudd decidiu ir morar em Coventry, na Grã-Bretanha, onde se encarregou de montar uma preparadora, a Slim Racing. E recentemente, dei por mim a ler um apelo numa entrada de um amigo meu nas redes sociais, onde fala que Borgudd, agora com 76 anos, sofre do mal de Alzheimer, e precisa de ser cuidado de forma permanente. Essa pessoa tinha feito uma angariação de fundos, no sentido de arranjar 10 mil libras para fazer a sua vida mais agradável. À altura em que escrevo estas linhas, conseguiu cerca de 8600 libras, através da plataforma de crowdfunding justgiving.com. Alguns já deram 750 libras, o que é um feito, mas esta é uma doença sem cura e o melhor que se pode fazer é tornar a sua vida mais confortável.

E depois, começo a pensar nessa geração. Nem todos acabaram a sua existência com uma bola de fogo e pedaços a voar por todos os lados. Lembro dos últimos dias de Niki Lauda, enfermo com uma doença nos rins que o fazia entrar e sair do hospital, para além dos plumões, os mesmos que ficaram afetados pelo seu acidente no Nordschleife, em 1976. O facto de ter vivido mais de 40 anos com orgãos danificados foi um feito, mas no final, apesar das cicatrizes físicas e psíquicas, ficou enfraquecido e sofreu bastante até morrer. (...)


Este é de janeiro (atrasou-se a data da sua divulgação, é verdade), mas como quero ser honesto, coloco aqui o que escrevi há quase mês e meio, porque... primeiro, na altura, não estava divulgado o deste mês, mas agora lá está, e será mostrado nos próximos dias.

Contudo, há outro bom motivo para falar deste artigo neste mês. Como é sabido, outro dos pilotos do passado acabou por morrer, Jean-Pierre Jabouille, por causa de outra das doenças que estão a ser associadas à velhice, que é o Alzheimer, a mesma doença que afeta Borgudd. Portanto, mais um motivo para ler no Nobres do Grid o que andei a escrever. 

Até mais!

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