quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O piloto do dia - Richie Ginther

Nos anos 50 e 60, eram muitos os pilotos americanos que tentavam a sua sorte na Europa. Muitos deles vinham do ensolarado estado da Califórnia, onde se faziam imensas corridas de carros, em diversos sítios como Laguna Seca ou Riverside, a bordo de carros de turismo ingleses e alemães, como James Dean, no seu Porsche, que o fazia como "hobby", e que levou a ter o seu acidente mortal há mais de 50 anos...

Um desses pilotos que acabou por ir correr na Europa, acabou por ter uma boa carreira, sendo um piloto respeitado no pelotão da Formula 1, mas como não fez a mesma coisa no seu país, acabou por ser esquecido, o que é um pouco injusto, dado que foi ele que, por exemplo, deu a primeira vitória da Honda e da Goodyear na Formula 1. Hoje faz exactamente 18 anos que ele morreu. Falo-vos de Riche Ginther.

Paul Richard "Richie" Ginther nasceu a 5 de Agosto de 1930 em Granada Hills, na California (teria agora 77 anos). Na infância, conheceu outro seu conterrâneo, Phil Hill, que era amigo do seu irmão mais velho. Foi através dele que começou a correr em 1948, altura em que acabou o liceu. Enquanto trabalhava na Douglas Aircraft, com o seu pai, ajudava Hill como mecânico. Em 1951 começou a correr oficialmente, num MG T, em Pebble Beach, mas cedo este ficou em suspenso, pois foi mobilizado para combater na Guerra da Coreia. Aí, foi mecânico de aviões, e lá ficou até ao final do conflito, em 1953.


Quando regressou aos Estados Unidos, Phil Hill recrutou-o para correr num Ferrari 4.1 Litros na Carrera Panamericana, As coisas correram bem, mas um acidente obrigou-os a desistir. Contudo, voltaram no ano seguinte, na mesma marca, para acabarem na segunda posição, atrás do carro oficial, pilotado por Umberto Magioli.


Ainda em 1954, começou a participar sozinho, num Austin-Healey. Os bons resultados fizeram com que fosse contratado para pilotar um Porsche para 1955, na equipa de John Von Neumann, um representante local da Porsche e Volkswagen. quando no ano seguinte, Von Neumann começa a vender Ferraris, Ginther conduz-los e mostra os seus dotes de piloto e mecânico. Isso chama a atenção do italo-americano Luigi Chinetti, que precisa de alguém para as 24 Horas de Le Mans de 1957.

Chinetti era o "Sr. Ferrari" nos Estados Unidos. Para além de ser o representante oficial da marca, ele dirigia a NART (North American Racing Team) que muitas vezes funcionava como "equipa B" da Ferrari, para além disso, era essa equipa que muitas das vezes corria nas provas americanas, como as 12 Horas de Sebring ou as 24 Horas de Daytona.


As coisas corriam bem. entre 1957 e 1959, Ginther ganhava reputação como piloto, quer a bordo da Ferrari, quer a bordo da Aston Martin. Tanto o mais que no ano seguinte, Enzo Ferrari deu uma hipótese para correr na Formula 1, na sua equipa oficial, recomendado pelo seu amigo Phil Hill.


A sua estreia fora na Grande Prémio do Mónaco. A bordo de um Ferrari Dino 246, Ginther conseguiu o seu primeiro ponto, ao levar o seu carro à esxta posição. Correu mais três provas em 1960, onde foi segundo em Monza, atrás de Phil Hill, numa dobradinha americana. No final dessa época, Ginther foi nono no campeonato, com oito pontos, e um pódio.


Continua em 1961 na Ferrari, onde começa o ano com um segundo lugar no Mónaco, atrás de Stirling Moss, na sua Lotus. Faz parte da equipa Ferrari que leva tudo à frente naquele ano: Phil Hill, Volfgang Von Trips, e Ginther, com outros pilotos a acompanhá-lo, como o belga Olivier Gendebien ou o mexicano Ricardo Rodriguez, irmão de Pedro Rodriguez... consegue ainda mais dois pódios, em Spa - Francochamps e Aintree. Acaba o ano com 16 pontos e o quinto lugar final, com duas voltas mais rápidas, no Mónaco e em Spa.


Em 1962, muda-se para a BRM, onde se torna num dos que colabora na vitória de Graham Hill no campeonato do mundo de pilotos. Com Bruce McLaren e ele, também ajudaram a conseguir o título mundial de construtores. Quanto aos resultados na pista, Ginther conseguiu um terceiro lugar em Rouen e um segundo lugar em Monza. Esses dois pódios contribuiram para alcançar o oitavo lugar do campeonato, com 10 pontos.


Continua na BRM em 1963, onde faz o seu melhor ano. Apesar de não ganhar nenhuma corrida, consegue cinco pódios: três segundos lugares, no Mónaco, Monza e Watkins Glen, e dois terceiros lugares, em Nurburgring e na Cidade do México. Ainda por cima, pontua mais três vezes, e torna-se terceiro classificado (empatado com o segundo), com 34 pontos, mas do qual só contam 29.


1964 vê Ginther na sua terceira época ao serviço da escuderia britânica. Consegue mais dois segundos lugares, no Mónaco e em Zeltweg, e termina na quinta posição do campeonato, com 23 pontos. Assim sendo, as suas performances atrairam uma nova equipa que tinha acavado de surgir no pelotão da Formula 1, vinda do país do Sol Nascente: a Honda.


Depois de uma temporada de 1964 em aprendizagem, a marca japonesa precisava de um piloto experiente para desenvolver o modelo RA272, que tinha um motor de 1.5 Litros, com 270 cavalos de potência, às 12 mil rotações, que era muito alto para a época. O desenvolvimento teve dificuldades, pois devido aos vários problemas, não era um carro fiável.


Mas a 24 de Outubro de 1965, tudo isso iria mudar. Na Cidade do México, o Honda RA272 aproveitou o facto do ar rarefeito a 2245 metros de altitude ser favorável ao motor Honda para levar o carro até à vitória, depois de ter dominado a corrida do principio ao fim. Era a primeira vitória do carro japonês, e a primeira vitória dos pneus Goodyear, que se tinham estrado um ano antes, em Monza, no Derrington-Francis do português Mario "Nicha" Cabral. Esta vitória deu-lhe o unico pódio do ano, e os 11 pontos alcançados deram-lhe o sétimo lugar da classificação geral.


No ano seguinte, a Honda falha o inicio da temporada, para desenvolver o modelo 273, e enquanto eles não voltam, Ginther corre na Cooper nas duas primeiras corridas do ano, mas depois de um quinto lugar na Bélgica, Ginther sai da equipa. Entretanto, torna-se um dos conselheiros técnicos do filme "Grand Prix", de John Frankheimer, para além de ser actor secundário, no papel de John Hogarth. Contudo, o seu nome não aparece nos créditos finais.


Em Monza, a Honda apresenta o seu modelo de três litros, e Ginther decide correr por eles durante as três corridas finais do campeonato. termina em quanto no México, onde faz a volta mais rápida. No final, ganhou cinco pontos e o 11º lugar final.


Em 1967, torna-se segundo piloto da Eagle-Westlake, do seu compatriota Dan Gurney. No Mónaco, porém, não consegue qualificar-se. Na corrida seguinte, as 500 Milhas de Indianápolis, um acidente nos treinos, que o faz com que se queimasse nas costas devido ao etanol, fez com que tomasse logo ali a decisão de se retirar da competição.


A sua carreira na Formula 1: 54 Grandes Prémios, em oito temporadas (1960-67), uma vitória, três voltas mais rápidas, 14 pódios, 102 pontos.


A partir dali, Ginther decide ter uma vida nómada: ao volante de uma autocaravana, decide "esquecer o relógio" na Baja Califórnia. Durante mais de 20 anos, a unica vez que ele é recordado pelo pelotão da Formula 1 será em 1977, quando a Goodyear o convida para assistir em Hockenheim à 100ª vitória da Goodyear na Formula 1, conseguida pelo Ferrari de Niki Lauda. Doze anos depois, em Setembro de 1989, visivelmente doente, vai a Donnington Park para comemorar o 40 aniversário da fundação da BRM.


Depois disso, aproveita para passar uns tempos na Europa. A 20 de Setembro de 1989, no sul de França, um ataque cardíaco fulminante mata-o, aos 59 anos.

1 comentário:

Blog F1 Grand Prix disse...

Mais um dos grandes da fantástica década de 60. Até hoje, ele é um dos meus favoritos quando jogo Grand Prix Legends hehehe.

Belo texto, Speeder!

Grande abraço!