quinta-feira, 28 de agosto de 2008

GP Memória - Belgica 1988


A temporada de 1988 estava a ser um passeio para os McLaren, disso ninguém tinha dúvidas. Mas nas três semanas em que a Formula 1 não tinha visto acção, desde o GP da Hungria, em Budapeste, muito tinha acontecido. A começar por aquilo que aconteceu quase duas semanas antes, a 14 de Agosto. Nesse dia, aos 90 anos, morria Enzo Ferrari, na sua casa de Maranello. Uma personagem incontornável na história da Formula 1, ele tinha elevado a sua paixão pelo automobilismo a níveis inalcançaveis. Admirado e respeitado por muitos, temido por outros, aquela morte simbolizava o fechar de uma era no automobilismo e na Formula 1.

Num plano mais terreno, o pelotão sentia a falta de Nigel Mansell, retido em paragens britânicas por causa... de uma varicela! Ele já estava doente quando esteve com a equipa na Hungria, mas a situação tinha-se agravado, e Mansell iria faltar às duas corridas seguintes. Com esse problema entre mãos, a Williams pediu a Martin Brundle, que nesse ano corria pela Jaguar no Mundial de Sport-Protótipos, para que o substituisse na equipa. Brundle aceitou, porque nesse fim de semana estava livre de compromissos.

Nos treinos, os McLaren foram os melhores, com Ayrton Senna na frente de Alain Prost. Na segunda fila ficaram os Ferrari de Gerhard Berger e Michele Alboreto, e na terceira, o Williams-Judd de Riccardo Patrese e o Benetton-Ford do herói local, Thierry Boutsen. Na quarta fila estavam o outro Benetton-Ford de Alessandro Nannini e o Lotus-Honda de Satoru Nakajima, que consegira bater Nelson Piquet, que ficara em nono na grelha, e a fechar o "Top Ten", estava o Arrows-Megatron do inglês Derek Warwick.

Na partida, Prost largou melhor e passou para a frente no gancho de La Source, mas quando os carros chegam a Eau Rouge, o brasileiro apanha o cone de aspiração e põe-se lado a lado na recta Kemmel, para o ultrapassar na curva Les Combes, obtendo a liderança para não mais a largar até ao fim.

Logo a seguir, os dois Ferrari tentaram incomodar os pilotos da McLaren, mas pouco puderam fazer, pois eles próprios tinham os seus problemas. Berger perde a terceira posição para Alboreto no inicio da terceira volta, mas um problema com o sistema electrónico faz abandonar a corrida na 11ª passagem pela meta. O italiano ficava isolado no terceiro posto, com o Benetton de Boutsen, o Lotus de Nakajima, o Williams de Patrese e o segundo Lotus de Piquet mais atrás.

Com o tempo, começam os problemas no meio do pelotão. O Lotus de Nakajima tem problemas de motor na volta 22, e para nas boxes de vez, enquanto que Mauricio Gugelmin, que tenta passar Patrese, falha a travagem no Bus Stop e é ultrapassado pelo seu companheiro Ivan Capelli. O italiano da March estava a fazer uma corrida de trás para a frente e nessa altura já tinha passado Patrese, Warwick e Cheever, subindo para o sétimo posto.

Na volta 36, o segundo Ferrari de Michele Alboreto rebenta o motor na longa recta Kemmel, e assim vê ceder o seu terceiro posto a favor de Thierry Boutsen. Nelson Piquet, o quarto, estava a ser acossado pelo segundo Benetton de Alessandro Nannini, e depois de disputar a travagem de La Source, o italiano da Benetton levou a melhor. E ainda na mesma volta, Capelli passa Piquet e fica com o quinto posto.

No final da corrida, Senna leva a melhor sobre Prost, ganhando a sua sétima corrida do ano. O terceiro seria Boutsen, o heroi local, mas quando algum tempo mais tarde, os comissários vistoriaram os depósitos de gasolina dos Benetton, descobriram que não estava de acordo com os regulamentos e desclassificaram-nos. No final, o terceiro posto foi para o March de Capelli, que conseguia o primeiro pódio para a marca de Bicester desde... 1976. Nos restantes lugares pontuaveis ficaram o Lotus de Piquet, e os Arrows de Derek Warwick e Eddie Cheever.


Fontes:

1 comentário:

Anónimo disse...

Em dezembro de 1988 (praticamente um mês da última corrida da temporada), é que veio o resultado das desclassificações dos carros da Benetton.
Quem assistir ou assistiu o arquivo de revisão da Fórmula 1 de 1988, a prova belga ainda está com o resultado antigo: 3º Thierry Boutsen e 4º Alessandro Nannini.

Notas:

- com 147 pontos, a McLaren é campeã de Construtores com cinco provas de antecedência. É o quarto título da equipe (até o momento) e o primeiro da escuderia com o motor Honda e
- única prova de Martin Brundle na temporada substituindo o compatriota Nigel Mansell na Williams.