sexta-feira, 28 de novembro de 2008

As possibilidades de Armando Parente

Esta noticia já tem quase duas semanas, mas parece que mesmo com esta disparidade temporal, ainda tem a sua pertinencia, pois fica-se a conhecer aquilo que os pilotos que estão nas categorias de base tem de passar nos periodos de defeso: angariar patrocinadores, elaborar orçamentos e analisar as categorias existentes, para saber qual é a melhor para a progressão de uma carreria, que se quer que acabe na Formula 1. E se no caso em concreto falo de Armando Parente, o vencedor da Formula ADAC Masters de 2008, este assunto deve acontecer com todos os outros pilotos que militam nessas categorias de base, independentemente da nacionalidade.

Se quiserem saber mais sobre este piloto, podem visitar o blog dele. E agora, eis na integra a matéria que foi publicada no Autosport português. Enjoy!

ARMANDO PARENTE AVALIA POSSIBILIDADES PARA 2009

Depois do título na ADAC Fórmula Masters, Armando Parente avalia as suas opções para avançar com a sua carreira como piloto profissional. Como é habitual naqueles cujo objectivo final é a Fórmula 1, Parente pretende correr numa competição de monolugares em 2009, de preferência competitiva e com reconhecimento a nível internacional.


Único português a conquistar um título internacional no automobilismo à geral, Armando Parente fechou com chave de ouro a sua primeira época completa em corridas de automóveis, com a vitória na Fórmula ADAC Masters, competição de monolugares realizada essencialmente na Alemanha, e que exibe na galeria de vencedores nomes como Timo Glock, Nico Rosberg e Sebastian Vettel, que já atingiram o objectivo de chegar à Fórmula 1, bem como Nico Hülkenberg e Christian Vietoris, que passaram pela equipa alemã do A1 Grand Prix.

Agora, o piloto de Lisboa está já a pensar no próximo passo, para uma categoria mais competitiva e num carro mais potente. Hoje em dia, são muitos os campeonatos à disposição, pelo que Parente apresenta a sua avaliação de vários categorias existentes, desde as famosas Fórmula 3 à World Series by Renault, passando também pelas menos óbvias como a Fórmula Master ou a nova Fórmula 2 FIA.

FÓRMULA RENAULT

"O que me agrada mais na Fórmula Renault como escola de aprendizagem é que os carros são muito difíceis de conduzir, ao contrário do meu carro na ADAC ou do F3, que têm que se guiar na ponta dos dedos. Nos Renault, um piloto está sempre a lutar contra o carro, o que nos dá outro tipo de experiência. Hoje em dia, muitos pilotos que estão na F1 passaram pela F. Renault, e a Eurocup é uma das duas grandes escolas de pilotagem. Mesmo sem ter uma motorização muito grande, tem mais motor do que se pode considerar ideal para aquele chassis. Quanto mais uma pessoa luta com o carro, acaba por adaptar-se um pouco melhor quando evolui para carros mais potentes.

Apesar de ser um campeonato competitivo mas mais acessível para se poder andar na frente, ganhar a Fórmula Renault NEC não tem tanto impacto como ganhar o Europeu. E para estar em condições de o fazer é preciso fazer também o NEC, para se acumularem quilómetros com o carro. Os que têm ganho a Eurocup nos últimos anos, ou seja, o Filipe Albuquerque, o Brendon Hartley e o Valtteri Bottas, têm participado em dois campeonatos ao mesmo tempo, o que dispara o orçamento para valores exorbitantes."


FÓRMULA 3


"Para mim, a opção mais realista é fazer a Taça Alemã de F3. Já conheço esta categoria, pois corria nos mesmos fins-de-semana que a ADAC Fórmula Masters. A minha equipa, a URD, está a ponderar dar o salto para a F3 alemã, e se estiverem dispostos a ajudar-me, acredito que seria possível reunirmos um orçamento que nos permita fazer este campeonato. Antes, quando me falavam da F3 alemã, eu torcia o nariz, mas agora sei que é extremamente competitivo, mesmo que não esteja ao mesmo nível que a Euroseries. Também já tem as mesmas marcas a fornecer motores, Mercedes e Volkswagen. Mesmo assim é preciso um apoio forte, pois mesmo aqui é preciso um orçamento três ou quatro vezes superior à ADAC.

Infelizmente, na Euroseries estamos a falar de valores acima de meio milhão de euros para poder ganhar. O grande problema deste campeonato é que tenho que estar numa das duas ou três equipas de topo, com um motor de preparação oficial, para poder ser competitivo, caso contrário é praticamente impossível ganhar. Eles sabem que são as melhores equipas, e pedem valores exorbitantes. Como não gosto de fazer número, para não poder lutar pelo título prefiro não correr. O Campeonato Britânico continua a ser uma categoria competitiva, mas já há algum tempo que deixou de estar ao nível actual da Euroseries, situando-se um furo abaixo. Sobre o Campeonato Espanhol e o Campeonato Italiano de F3, não acho que valha a pena levar muito a sério. São bons apenas para ganhar rodagem, não têm impacto significativo nem se ganha nome se fosse campeão."

FÓRMULA MASTER

"A Fórmula Master tem motores mais potentes que a Fórmula 3, e fala-se que poderá passar a ser a GP3, abaixo da GP2 e acompanhando a Fórmula 1, pelo que acaba por ganhar algum interesse. Vi uma corrida o ano passado em Valência, quando fiz uma corrida de Fórmula BMW, e achei um campeonato muito bom, as corridas foram competitivas e os carros não aparentaram ter problemas. Sinceramente, não tenho grandes noções dos valores necessários para participar ou do retorno dado, mesmo acompanhando o WTCC, mas do pouco que vi, gostei."

FÓRMULA 2

"Engraçado, porque no outro dia, o meu pai falou-me disso, mas para ser sincero já há algum tempo que não tenho ouvido falar muito sobre o assunto. Sei que vai ser um novo campeonato, com custos controlados, e que as equipas não vão ter permissão para mexer nos carros, mas mesmo assim vou esperar para ver. Mesmo na F. Renault, onde os chassis e os motores são iguais, são sempre as mesmas equipas que estão à frente. Se houver possibilidade de os carros se manterem realmente iguais na F2, o que acho muito difícil, pode ser um campeonato bom para um piloto se destacar pelo seu valor e não por estar simplesmente na melhor equipa."

WORLD SERIES BY RENAULT

"Acho que seria um salto demasiado grande ir directamente para a World Series by Renault. Vê-se que os pilotos bons que chegam à World Series conseguem andar depressa imediatamente, mas não é fácil porque os carros têm mais aerodinâmica, são muito mais potentes e também mais difíceis de conduzir. Se surgisse a oportunidade, gostaria de aproveitar e tenho a certeza que conseguiria andar depressa, mas se calhar no início ia ter que me habituar, só conseguiria ser rápido para o final do ano."

OUTRAS COMPETIÇÕES

"Campeonatos como a Euro 3000, ou a Fórmula Palmer Audi, parecem ser giros para quem tiver dinheiro e quiser divertir-se com um monolugar, mas para mim não têm grande interesse. A Euro 3000 tem carros antigos e nenhum deles tem grande visibilidade, não fazem sentido para quem quiser seguir carreira como piloto."

CONCLUSÃO

"Numa primeira análise, a F3 alemã parece ser o passo mais correcto a dar. Já existem os contactos com a equipa, o orçamento parece ser-me dos mais acessíveis, os carros são competitivos e posso adaptar-me depressa ao carro, como fiz na ADAC. Se conseguisse um bom resultado, e houvesse interesse em alguma marca em apoiar-me oficialmente, então poderia passar para a Euroseries.

A este nível a pressão é muita, e já não há aquela história de um ano para aprender e outro para ganhar, só pode fazer isso quem tem dinheiro. Quem não estiver nesta situação precisa de aproveitar as oportunidades para brilhar no primeiro ano. É difícil, mas se fosse para um campeonato desses teria que andar depressa desde o início."

Paulo Manuel Costa

1 comentário:

kimi_cris disse...

Vamos ver para onde irá o Armando, acho que o melhor seria a Formula 3, ou a World Series by Renault.

Grande Abraço!

Kimi_Cris