sábado, 21 de março de 2009

21 de Março de 1960. São Paulo, Brasil

Para todos foi um dos melhores. Para muitos foi o melhor. Eu fui um dos milhares que viam a Formula 1 na TV, aos domingos à tarde, só para torcer por ele e vê-lo no lugar mais alto do pódio. Vê-lo a correr ao vivo, ao longo de dez anos, foi um previlégio que tive, e uma das razões para aprender a gostar de Formula 1. De uma certa maneira, Ayrton Senna foi a pessoa que me mostrou o que é a Formula 1, e o que significa competir, ganhar.

Ele foi o ponto de partida para conhecer mais tarde o resto da Formula 1. As equipas, os piltotos, o passado, o presente, o futuro. As máquinas que fizeram história, para o bem e para o mal, e para mim, que tinha recentemente vindo do Brasil, uma forma de contacto com uma realidade que tinha deixado para trás. E numa altura de hiperinflação, corrupção nas mais altas esferas (estavamos na era Collor), e a selecção de futebol estava nas ruas da amargura (o tetra ainda era um sonho nas mentes das pessoas...) Senna (e Nelson Piquet) eram as unicas razões para se falar bem do Brasil, para além do Carnaval, das praias e das novelas. E ser brasileiro nessa altura era uma tarefa difícil.


O Destino encarregou-se de abreviar a carreira. Mas dez anos foram mais do que suficientes para marcar de forma indelével na história da Formula 1, do Desporto e do Brasil no século XX. Certamente teria uma ideia daquilo que tinha feito em pista, mas ver elevado à condição de mito era algo que provavelmente não teria imaginado, nem ele nem ninguém. E agora, o nome poderá estar de volta à formula 1 dentro de um ou dois anos, com o surgimento do seu sobrinho Bruno. Que tem as genes do tio, isso tem. Agora se é talentoso como ele é algo que ainda tem de provar. Mas não acho que seja justo se o comparar com Ayrton. Ele é um, Bruno é outro. Só espero que seja tão vitorioso como ele, à sua maneira.


Creio que com este post, tentei dar a melhor explicação sociológica possivel para justificar o facto de Ayrton Senna ainda seja idolatrado por imensa gente, agora que este ano se vai comemorar os 15º aniversário da sua morte. Espero que a esta distância se comece a ver de uma forma mais racional o tipo de pessoa que foi, e verificar como é que de um simples piloto, muito talentoso na pista, se transforma numa das poucas referências positivas do seu país, numa era que muitos a vêm como negativa, que é a dos anos difíceis do pós-restauração da Democracia, em 1985. Uma coisa é certa: para uma geração, este homem ficou para todo o sempre na história dessa grande Nação que é o Brasil, muito para além do herói desportivo que ele é na realidade.

3 comentários:

Unknown disse...

Oi Speeder, tudo bem?

Como brasileiro te falo, Ayrton é muito mais que um piloto para nós, é a referência que quando se têm profissionalismo, determinação, o que se almeja se é alcançado.
Para agente ele é exemplo de trabalho.

Anónimo disse...

Esse texto resume de forma muito clara o que eu passei anos tentando explicar, com relação à importância de Senna para a nação, para o esporte e para uma geração inteira. E você escreveu tudo isso com clareza e sem ufanismos. Parabéns pela lucidez, ficou excelente.

Anónimo disse...

Excelente texto, Speed! Emocionou-me a ponto de ter que conter as lágrimas que se formaram em meus olhos pois estou agora em meu ambiente de trabalho. Senna é inesquecível e me custa muito falar dele no passado. Um abraço desta F1 Girl.