quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Grand Prix (numero 77 - Hockemheim, V)

(continuação do episódio anterior)

As voltas passavam e o duelo continuava intenso. Beaufort tentava superar Van Diemen, mas com uma potência relativamente igual, mesmo que um superasse o outro, não se conseguiam distanciar-se o suficiente para obter uma vantagem decisiva sobre o outro. Atrás, Monforte era agora o terceiro, com o seu companheiro logo atrás, mas a ser assediado pelo Jordan de Kalhola e pelo Matra de Carpentier, que fechava os lugares pontuáveis, bem longe do sétimo colocado, o BRM de gustafsson, que rodava isolado depois de se livrar do Temple-Jordan de Linzmayer, que segurava o McLaren de Revson e o BRM de Gustafsson, depois da desistência do Ferrari de Bernardini, logo depois de Reinhardt ter encostado à berma.

Agora, o calendário marcava a volta 19. Van Diemen tinha saido mal na entrada da meta e Beaufort coloca o carro ao seu lado. O belga tenta resistir ao ataque do francês, mas este está ao seu lado e vai ter de ceder na travagem. Este consome a ultrapassagem enquanto que a multidão aplaude o feito. Mas o belga coloca-se atrás do francês e acelera, esperando por um erro do Matra azul claro à sua frente. A chegarem à primeira chicane, Van Diemen sobe um pouco o corrector e tem de corrigir o seu carro, não carregando tanto no pedal mais à direita. Beaufort aproveita a oportunidade e coloca-se de lado ao chegarem à Ostkurwe, ultrapassando-o na aceleração. Van Diemen coloca-se logo atrás e espera pela segunda chicane para o tentar ultrapassar. Contudo, o francês faz tudo bem e é ele que aparece na frente quando ambos chegam ao Stadium.

Mais atrás, Teddy Solana vê o seu companheiro a distanciar-se um pouco, ao mesmo tempo que tem um carro negro e dourado no seu lado esquerdo. Ambos tinham passado a segunda chicane e lutavam pelo quarto posto. Nenhum deles estava disposto a abdicar do seu lugar e queriam travar até à última na entrada do Stadium, mas por fim o finlandês levou a melhor, fazendo com que o mexicano cedesse. Imediatamente, Carpentier colou-se na traseira de Solana, esperando pela sua oportunidade. Depois, os dois carros fizeram a curva à esquerda, mas Solana escorrega a traseira do seu caro, tocando no travão para evitar a derrapagem. Vendo a oportunidade, Carpentier tenta ultrapassá-lo, colocando-se lado a lado. Mas na curva à direita, Solana leva a melhor e ao fazer a curva, com o francês à sua esquerda, este tem de travar para não ir parar à relva, perdendo algum tempo.

Um pouco à frente, o finlandês tenta apanhar o sildavo pelo lugar mais baixo do pódio. Começa a aumentar o ritmo, tentando ser mais rápido nas curvas do que ele e em cinco voltas conseguiu diminuir a desvantegem de um segundo e meio para ficar colado na sua traseira. Segue-o à espera de uma oportunidade para o passar, e no inicio da volta 25, parece que a tem.

Na mesma altura que isso acontece, um pequeno drama acontece imediatamente atrás. O duelo entre Carpentier e Solana terminava nas curvas do Stadium quando a caixa de velocidades do mexiano encrava na terceira marcha e de lá não mais sai, por muito que tente trocar de marcha. Lentamente, dirige-se para as boxes, deixando intrigados e preocupados aqueles que estavam na boxe. Quando o viram chegar, Pete e Andy precipataram-se para o carro e perguntaram:

- O que se passou?
- Fiquei sem caixa de velocidades. Não consigo nem reduzir, nem acelerar. Estou encravado em terceira.
- Vai tentando...
- Já tentei, é impossivel. Deve ter quebrado algo na engrenagem.
- Ele tem razão, diz Alex Sherwood, tentando espreitar na traseira.
- Como assim?
- Há algo a pingar do carro. E acho que é mesmo da caixa.
- Deixa ver, empurrem-no

Os mecânicos empurram o carro para ver uma grande poça de óleo, acompanhado por pedaços de engrenagem. A corrida de Teddy estava acabada.

- OK Teddy, podes sair do carro, afirmou.

Pete Aaron abanava a cabeça de forma incrédula e dirigiu-se para o rail que separava as boxes da pista, dizendo entre dentes:

- Agora espero que o Alex aguente. E parece que esse Kahola é bom.

Na pista, Antti Kalhola coloca-se ao lado do carro de Alexandre de Monforte quando os carros se aproximavam do Stadium. O finlandês tinha a trajectória a seu favor e passou-o, mas não conseguiu afastar-se do sildavo, que fez tudo para se colar na traseira do Jordan e tentar ser ele a ultrapassar na próxima volta. Entretanto, mais à frente, a cerca de vinte segundos, outra batalha ia acontecendo, com Beaufort a tentar livrar-se do Ferrari de Patrick Van Diemen, mas a batalha entre azuis e vermelhos continuava ao rubro, e nenhum deles, nem os seus carros, dava sinais de ceder. Atrás, a batalha era entre negro e verde, enquanto que Gilles Carpentier seguia solitário, dez segundos atrás do quarto colocado, e mais de quinze segundos do grupo onde estavam o Jordan de Medeiros, o BRM de Gustafsson e o McLaren de Revson. O brasileiro conseguira afastar-se um pouco dos outros dois, mas esta diferença não chegava a dois segundos.

Com tudo isto, a corrida aproximava-se da volta trinta. Quando esse numero redondo chegou, Van Diemen e Beaufort estavam uma vez mais lado a lado, tentando mais um ataque à liderança. O publico deilrava com estes duelos, algo que provavelmente não teriam em Nurburgring. Os duzentos mil na pista e os muitos milhões que viam via Eurovisão um pouco por toda a Europa e Estados Unidos, ainda a preto e branco, estavam pregados nessa caixa que transmitia tudo como se estivessem entre aqueles duzentos mil em Hockenheim. E vibravam a cada passagem.

As câmaras não deixavam de seguir Van Diemen e Beaufort, e faziam um compasso de espera até que passassem o próximo duo na pista, de dois jovens lobos do automobilismo, que muitos estariam a conhecer naquele fim de semana. E lutavam de forma dura, mas real, pelo lugar mais baixo do pódio. A cada curva, Kahola colocava-se de lado do Apollo, para que este não o pudesse fechar a sua chance de ultrapassar. E em troca, Monforte fazia tudo para evitar que o finlandês ficasse colado nos seus escapes.

Apesar do entusiasmo nas bancadas, sentia-se a tensão nas boxes. Nada estava decidido, e a continuar assim, só a bandeira de xadrez é que iria determinar os vencedores e os vencidos desta corrida.

(continua)

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