terça-feira, 10 de julho de 2012

O extraordinário ano de 1986

Ainda não tinha visto, mas coloco aqui: a capa da Autosport portuguesa deste mês. Eles decidiram este mês recordar um ano extraordinário que foi o de 1986. E eu concordo com eles, porque de facto foi um ano verdadeiramente extraordinário. Pelas boas e claro, más razões. Ainda não li a revista, mas tenho quase a certeza que me irei recordar disso tudo. Afinal de contas, tinha dez anos quando tudo isto aconteceu.

Já fiz menção dessas recordações ao longo do ano passado, quando passaram as "bodas de prata" desses eventos. Falei atempadamente da morte de Thierry Sabine, no Rali Dakar daquele ano, no Mali. Falei também dos eventos que rodearam o acidente da Lagoa Azul, no Rali de Portugal, onde se consciencializou de que os carros estavam a ficar cada vez mais descontrolados e o comportamento selvagem dos espectadores no Rali de Portugal começou a ser domado. E claro, onde se colocou o primeiro prego no caixão dos "Grupo B", sendo o último colocado a 2 de maio daquele ano, quando Henri Toivonen e Sergio Cresto mergulharam para o sens fins num ribanceiro corso, vítimas de um Lancia fora de controlo.

Falei também sobre os eventos de um mero teste em Paul Ricard, onde Elio de Angelis acabou os seus dias quando tentava melhorar um carro que à partida era tão radical que a experiência se tornou num fracasso, o modelo BT55. E isso também marcou o inicio do fim de uma equipa como a Brabham, chefiada por Bernie Ecclestone e cujos carros eram desenhados por um génio chamado Gordon Murray.

Mas claro, o ano de 1986 não foi só feito de desgraças. Falamos de uma temporada onde os motores turbo estavam no auge, em que existiam quatro talentos na Formula 1 cuja fotografia deles, no muro do Autódromo do Estoril, em setembro daquele ano, se tornou iconicamente famosa. E claro, tem de se dizer que essa foto foi arranjada graças a Bernie Ecclestone, que sempre percebeu o poder da imagem nestas coisas todas. Mas se a foto imortalizou aquelas quatro personagens - Alain Prost, Ayrton Senna, Nelson Piquet e Nigel Mansell - não se pode esquecer que outros grandes pilotos também existiam no pelotão da Formula 1: Keke Rosberg, Gerhard Berger, Michele Alboreto... que deram luta a estes quatro nas corridas e eram tão bons como eles. E por vezes, tinham máquinas melhores do que eles.

E quem fala disso na Formula 1, fala também dos ralis, com os Peugeot, os Audi e os Lancia, entre outros, com a interferência dos Ford e dos MG, e pilotos como Markku Alen, Juha Kankkunen, Michele Mouton, Timo Salonen, Miki Biasion, Walter Rohrl, entre outros, que se mostravam nas classificativas um pouco por todo o mundo, e do qual Henri Toivonen era visto como um dos valoes em ascensão, antes do acidente na Córsega ter modificado tudo. E não se deve esquecer que eram grandes os momentos nos Sport Protótipos, com os Porsche e os Jaguar, com a Sauber à espreita, pelo menos nas 24 Horas de Le Mans. E nem a clássica da Endurance escapou da turbulência, com o que aconteceu a Jo Gartner... 

E não foi só no automobilismo que esse ano foi extraodrinário. Houve coisas que aconteceram nesse ano que para quem os viu, nunca mais o vai esquecer. O acidente do "space shuttle" Challenger. O acidente da central nuclear de Chernobyl. O Mundial do México e a Argentina de Maradona. E a "mão de Deus", que não foi mais do que uma batota bem sucedida. E claro, este foi o tempo onde se começou a vislumbrar o fim da Guerra Fria.

Tenho de ler a revista. Para poder recordar tudo de novo.

1 comentário:

Por Dentro dos Boxes disse...

tenho essa temporada na "retina" até hoje...

foi realmente fantásticas...

grandes provas, grandes duelos e claro, grandes pilotos...

abs...