terça-feira, 11 de março de 2025

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Há 35 anos, a Formula 1 chegava ao centro da cidade de Phoenix em escaldo dos eventos do ano anterior, com Alain Prost na Ferrari e Nelson Piquet na Benetton, entre outras coisas. E a chegada da Life, uma das mais infames da história da competição. 

Mas numa qualificação onde a chuva baralhou a grelha de partida - Pierluigi Martini quase conquistou a pole-position pela Minardi! - a corrida foi disputada com tempo encoberto, a ameaçar chuva numa cidade onde chove muito raramente. Afinal de contas, o Arizona é quase um deserto.

Apesar de partir de quinto na grelha, Ayrton Senna estava confiante que iria acabar aquela corrida no lugar mais alto do pódio e começar a temporada da melhor maneira possível. Afinal de contas, agora era o primeiro piloto a McLaren, a Honda investia milhões no seu motor de 10 cilindros e Gerhard Berger não era ameaça, apesar dos seus esforços para andar ao nível do brasileiro.

Mas ninguém reparava no piloto que estava num excelente quarto posto da grelha, a bordo do Tyrrell 018 do ano anterior - o 019 só apareceria em Imola - e que tinha impressionado muita gente desde o eu primeiro Grande Prémio: o francês Jean Alesi. Então com 25 anos, tinha sido quarto classificado na sua corrida de estreia, em Paul Ricard, chegando a andar em segundo na corrida. Mais duas corridas nos pontos lhe deram oito pontos e um lugar no "top ten" naquela temporada de estreia. E claro, havia boas perspetivas. 

Contudo, na partida, Alesi surpreende tudo e todos ao ser mais rápido e agressivo que Berger e Martini para acabar a primeira curva na liderança! Enquanto Senna era terceiro, desperdiçava algum tempo atrás de Berger, que na nona volta saltou num ressalto do asfalto e falhou a travagem para a primeira curva, deixando Senna ficar com a segunda posição. Com isso, o brasileiro foi à caça de Alesi, que por esta altura já tinha 8,2 segundos de vantagem sobre ele. 

A partir daqui, deveria ter sido uma corrida de perseguição, mas Senna hesitou porque não sabia a duração dos Pirelli da Tyrrell. Só pouco depois é que começou a ir ao seu encalço, e na volta 34, já via a traseira da Tyrrell na sua frente.  Quando tentou passá-lo no final da reta, conseguiu... mas o francês respondeu, com uma manobra arriscada, para ficar novamente com a liderança, perante os espanto de todos!

Mas o brasileiro aprendia depressa, e na volta seguinte, fez a mesma manobra e defendeu-se bem quando Alesi tentou de novo, bloqueando o acesso. 

Por esta altura, Prost já tinha abandonado (volta 17), com a caixa de velocidades avariada e assistia à corrida das boxes. 

O duelo prosseguiu por mais algumas voltas até o francês abdicar da luta para poder ter pneus até ao fim. No final, Alesi tinha dado a melhor classificação de um Tyrrell em sete anos, desde o GP de Detroit de 1983, quando Michele Alboreto ganhou, e ainda por cima, o seu outro piloto, o japonês Satoru Nakajima, ajudou a equipa com um sexto lugar, na sua primeira corrida para eles.   

No final, Senna elogiou Alesi, afirmando que tinha capacidades para ser campeão do mundo, e ele respondeu que era o seu herói. E o resto do mundo sabia que iria falar muito de Alesi dali para diante.   

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