quarta-feira, 23 de maio de 2007

O piloto do dia: Keke Rosberg

No ano em que se comemoram 25 anos sobre a sua coroação como Campeão do Mundo de Formula 1, e também quando o seu apelido está de volta, através do seu filho Nico, é altura de lembrarmos a carreira e os feitos deste extrovertido finlandês de origem sueca, que foi um dos campeões mais inesperados de todos os tempos, num dos anos mais atribulados que a Formula 1 jamais teve.

Keijo Erik Rosberg nasceu a 6 de Dezembro de 1948 em Solna, arredores de Estocolmo, na Suécia. Começou a sua carreira na Formula Vê finlandesa, onde foi campeão nacional em 1973. Depois foi correr para a Formula Atlantic e Formula 2, sem grandes resultados. Quando chega à Formula 1, em 1978, tem 29 anos, e parece que vai ser mais um piloto sem grande história. Os resultados nesse primeiro ano, em que corre por duas equipas (Theodore e ATS), onde acumula não-qualificações e chegadas nos últimos lugares, são o espelho disso. Resultado: zero pontos.

Em 1979 não tem colocação na Formula 1… até que James Hunt decide abandonar a Wolf a meio da temporada! Sem corredor à altura, decidem contratar Keke para seu primeiro (e único) piloto da equipa. A partir do GP do Mónaco, Rosberg tenta levar o seu carro ao fim, mas o melhor que conseguiu foi um nono lugar no GP de França, e pouco mais.

No final da temporada, Walter Wolf decide vender a sua parte a Emerson Fittipaldi, que funde ambas as equipas e fica com Rosberg para a temporada de 1980. A escolha veio a ser acertada: o finlandês termina em terceiro no GP da Argentina, dando o primeiro pódio de sempre à Finlândia. Segue-se um quinto lugar em Imola, e no final da temporada, fica em 10º lugar do campeonato, com seis pontos, e um pódio.

No ano seguinte, com Fittipaldi de saída, Rosberg ascende ao estatuto de primeiro piloto. Contudo, a equipa de origem brasileira debate-se com graves problemas quer em termos financeiros, quer em termos competitivos. No final da temporada, fica com zero pontos.

Contudo, as suas proezas não passam despercebidas a Frank Williams, que anda à procura de um substituto para o retirado Alan Jones. Escolhe Rosberg, e não se arrepende na escolha. Consegue dois segundos lugares nas três primeiras corridas do ano (Brasil e Long Beach), o que lhe coloca na liderança do campeonato, mas alguns dias mais tarde é desclassificado no GP brasileiro devido a ilegalidades relacionados com o lastro dos carros, cheios de água, que eram largados durante a corrida para os tornar mais leve...


Após o boicote de San Marino, Rosberg repete um segundo lugar no tristemente célebre GP da Belgica, em Zolder, é terceiro em Zandvoort, faz a pole-position em Brands Hatch, disputa a liderança com Elio De Angelis na Austria, mas perde por poucos centímetros. Em Dijon-Prenois, palco do GP da Suiça, Rosberg domina e consegue almejar algo de inédito: uma vitória. A sua primeira e a de sempre para um piloto finlandês. Afinal, eles também podiam ganhar em pistas que não de terra...

Essa vitória colocava-o na liderança, disputando-a com John Watson e um Didier Pironi que não podia mais competir, devido ao seu acidente em Hockenheim. Em Las Vegas, numa prova disputada no parque de estacionamento do Ceasar’s Palace, Rosberg chega em quinto e consegue os pontos suficientes para ser Campeão do Mundo, um dos mais inesperados de todos os tempos! Obteve 44 pontos, uma vitória, uma pole-position, e cinco pódios.

Em 1983, a Williams ainda não tinha um motor Turbo, capaz de enfrentar a concorrência de Renault, Brabham e Ferrari. Sendo assim, as hipóteses de defender o título eram escassas. Mas ainda teve bons resultados... fez a pole-position em Jacarépaguá, e ganhou no Mónaco, uma vitória só possível devido ao seu motor aspirado e à sinuosidade da pista monegasca... ainda chega em segundo em Detroit, mas é o último resultado de relevo até ao final do ano e a chegada dos motores Honda à equipa. No final da temporada, consegue um bom quinto lugar na classificação, com 27 pontos, uma vitória, uma pole-position e dois pódios.

Para 1984, Rosberg tinha motores Turbo da Honda, mas eram pouco fiáveis. Para piorar as coisas, o chassis não era grande coisa. Mas isso não o impediu de fazer bons resultados em corrida. Foi segundo no Brasil, e ganhou no GP de Dallas, após uma luta feroz contra Nigel Mansell... e o asfalto. No final da época, conseguiu 20,5 pontos, que lhe deram o oitavo lugar na classificação.

Em 1985, Rosberg ganha um novo companheiro de equipa: Nigel Mansell. Depois de um mau inicio de época, os Williams finalmente acertaram em termos de chassis e de motor, e os resultados apareceram naturalmente. Ganha em Detroit, faz a pole-position em Paul Ricard e Silverstone ( a sua média foi a mais alta de sempre durante 16 anos...), foi segundo no GP francês e na Africa do Sul, e inaugura a galeria dos vencedores do GP da Australia. Os 40 pontos conquistados dão-lhe o terceiro lugar no campeonato, com duas vitórias, duas pole-positions e cinco pódios.

Era a altura de partir para outras paragens, e em 1986 foi para a McLaren, coadjuvar o campeão do Mundo Alain Prost, pensando que com os motores TAG-Porsche, poderia voltar a ser um sério candidato ao título. Contudo, os McLaren tiveram numa época atípica, constantemente batidos pelos... Williams. Rosberg só conseguiu um pódio (2º no Mónaco), e no final da época, aos 38 anos, decidiu acabar com a sua carreira na Formula 1. Na sua época final, ficou no sexto lugar da classificação, com 22 pontos, e um pódio.

A sua carreira na alta competição foi a seguinte: 114 Grandes Prémios, nas oito épocas em que competiu, cinco vitórias, cinco pole-positions, 17 pódios e três voltas mais rápidas, com 159,5 pontos no total.

Nos anos seguintes, decidiu ser “manager” de jovens promessas do automobilismo do seu país, como J.J. Letho e Mika Hakkinen. Mas em 1989, decide voltar às pistas, conduzindo os Peugeot de Sport-Protótipos nas 24 Horas de Le Mans e no Mundial de Endurance. Em 1993, passou para o DTM, correndo na Opel e formando o Team Rosberg. Dois anos mais tarde, decide arrumar de vez o capacete, concentrando-se na equipa e em ser o “manager” do seu filho Nico, preparando-o para entrar na Formula 1, onde está agora, ao serviço... da Williams.

2 comentários:

jocasipe disse...

Outro texto brilhante, como habitual! O momento que mais gostei de ver o Rosberg, foi em 1986, no Estoril, com o McLaren Amarelo! Na corrida desistiu junto à geral (final da curva 1) e, imediatamente saiu do carro e foi pedir um cigarro ao público (era um fumador inveterado), naturalmente, toda a gente queria-lhe dar o cigarrito! Inesquecível!

José António disse...

Foi um piloto muito rápido e espectacular. Lembro-me de corridas de 1985, quando o Williams-Honda começou a ter mais fiabilidade, de o ver a andar nos limites do carro e da pista!

A sua saída da Williams, no final de 1985, foi realmente na pior altura. A Williams dominou em 1986 e 1987. Se por lá tem fica possivelmente teria sido campeão. Mas como na história da Williams nos ensina, nenhum piloto que foi campeão na equipa de Frank Williams por lá se mantêm muito tempo. A maioria dos que venceram campeonatos pela Williams acabaram por ser "empurrados" pela porta fora. A saber: Alan Jones (1980), Rosberg (1982), Piquet (1987), Mansell (1993), Hill (1995) e Villeneuve (1996). E Rosberg aguentou-se por lá nos maus tempos (1983, 1984 e 1985) quando o carro estava vencedor... rua...