quarta-feira, 23 de maio de 2007

História da Indy 500 - Edição de 1968

Nesta altura do campeonato, os motores atrás já eram um facto consumado nas corridas norte-americanas, depois dos sucessos da Lotus desde o inicio dos anos 60. O seu fundador, Colin Chapman, sempre foi um homem inventivo, e sempre procurou por soluções inovativas que permitissem continuar a construir carros vencedores. E em 1968, aproveitou uma ideia que tinha surgido no ano anterior: o carro-turbina.

A ideia inicial é que seria Jim Clark o piloto indicado para correr a nova máquina de Colin Chapman: o Lotus 56. Contudo, o seu acidente fatal em Hockenheim alterou os seus planos de forma dramática. Sendo assim, Chapman, em aliança com Andy Granatelli, um proprietário amrricano, foi buscar Graham Hill e Mike Spence, o substituto de Jim Clark. Granatelli foi buscar Joe Leonard.

O Lotus 56 tinha 430 cavalos, com um limite para a tomada de ar da turbina de 103,2 centímetros quadrados. Esse limite tinha sido reduzido pela USAC, a entidade federativa americana, depois de várias pressões por parte da Ford e da Offenhauser para limitar as performances dos carros a turbina, que ameaçava o seu domínio. Para os contrariar, ambas as marcas construíram motores de 2,75 litros, de alimentação turbo comprimida, que alcançava os 650 cavalos, às 8000 rotações por minuto.

Outra característica do Lotus 56 era a sua forma em cunha da carroçaria, com o nariz quase a tocar o chão, e subindo até à traseira. A ideia era que o carro por si criasse uma força aerodinâmica descendente, aumentando a tracção e a sua capacidade de curvar.

Nos treinos, os Lotus foram dominadores, com Hill, Leonard e Spence a dominarem os tempos. O único que os contrariava era Bobby Unser, num Eagle-Offy. Spence tinha sido o mais rápido, a uma média de 274,7 km/hora. Contudo, a 7 de Maio, na última sessão de treinos de qualificação, Spence bateu, uma das rodas traseiras soltou-se e bateu no seu capacete, matando-o. Chapman ainda estava de luto por Clark, e decidiu regressar à Europa, deixando o comando das operações a Andy Granatelli. O seu substituto foi um veterano de Indianápolis: Art Pollard.

No final dos treinos, Leonard alcançou a pole-position, a 278 km/hora de média. Hill foi o segundo e Unser foi o terceiro.

A 30 de Maio, tudo estava pronto para a corrida. Entretanto, Chapman regressou, e na partida, Pollard partiu na frente, seguido por Unser e Lloyd Ruby. Na volta sete, Unser passa Pollard, e logo de seguida foi a vez de Ruby. Contudo, essa manobra não foi acidental: Pollard tinha ordens para deixá-los passar, e ficar colado a eles, no sentido de aproveitar a velocidade extra mais para o final da corrida. Na volta 112, um acidente: Graham Hill bateu contra o muro, fazendo aflito o seu patrão. Felizmente, o britânico saiu ileso.

À volta 175, Pollard jogou os seus trunfos e passou Unser, enquanto que Ruby tinha problemas graves com um magneto, que o faziam perder muitos lugares. Sete voltas depois (a dezoito do fim da corrida), houve uma situação de bandeiras amarelas, algo que não era bom para os carros a turbina: o ar admitido diminuía, a temperatura da turbina aumentava e o motor sobreaquecia. Para piorar as coisas, os carros a turbina tinham uma fraca aceleração. Quando as bandeiras verdes foram mostradas, na volta 190, Unser acelerou… mas os Lotus não. Leonard e Pollard abandonaram, e Unser disparou directo à vitória. Dan Gurney foi o segundo, noutro Eagle-Offy. Esta prova foi o “canto do cisne” para os motores a turbina, e foi provavelmente a última vez que as Lotus voltaram a competir em Indianápolis. Já tinha o que queria, agora concentra-se na negócio da Formula 1.

Duas curiosidades acerca desta edição das 500 Milhas: muitas das cenas filmadas foram usadas no filme “Winning”, desse mesmo ano, que tinha como protagonista Paul Newman. Diz-se que foi a partir daí que ficou com o bichinho da velocidade… A outra curiosidade prende-se com Jim Hurtibuse. Ele foi o último piloto que se qualificou para as 500 Milhas com um carro com motor à frente. Desistiu na nona volta.

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