quarta-feira, 9 de setembro de 2009

GP Memória - Itália 1979


Quase quinze dias depois do GP da Holanda, sabia-se em Monza que em caso de vitória da Ferrari, o assunto do Mundial estaria resolvido a favor da casa de Maranello. Mas apenas se jogassem os dados certos. E isso significaria que Jody Scheckter, que estava à frente do Mundial de pilotos, graças à complicada aritmética usada naquele ano, onde se tinha de tirar dois resultados de cada um das metades daquele campeonato, tinha que vencer a corrida para assegurar o ceptro.


E Scheckter merecia-o pelo seu pragmatismo. Algo inacreditável uns anos antes, no inicio da sua carreira, quando lhe chamavam de “Baby Bear” para diferenciar de “Bear”, a alcunha dada ao neozelandês Dennis Hulme, por ter um pé demasiado pesado. E em 1979, o “pé pesado” era o seu companheiro de equipa, Gilles Villeneuve. Imensamente popular, certamente merecia o título, mas alguns dos seus excessos, o último em Zandvoort, devido a um pneu furado, hipotecaram as hipóteses de lutar pelo título como devia. Sendo assim, Enzo Ferrari escolheu Scheckter para levar o título, ma teve pejo em chegar ao pé do canadiano, que o admirava, e disse: “Gilles, deixa o Jody ganhar. A seguir serás tu o campeão”. Infelizmente, o Destino não deixou cumprir…


Mas na lista de inscritos em Monza, havia uma grande novidade: depois de alguns Grandes Prémios de ausência, a Alfa Romeo voltava com um novo chassis, o N179, e dois carros, um para Bruno Giacomelli e outro para um regressado: Vittorio Brambilla. Aos 42 anos, e exactamente um ano depois do seu acidente quase fatal, onde morrera Ronnie Peterson, Brambilla regressar a cem por cento, mostrando que a sua pancada na cabeça (devido a um pneu que se soltara na carambola) não tinha afectado as suas capacidades de condução.


Mas havia também outras novidades. O mexicano Hector Rebaque, que corria desde há mais de ano e meio num Lotus 79, tinha finalmente pronto o seu carro próprio, encomendado à Penske, o Rebaque HR100. Na Ensign, Mo Nunn tinha assistido as performances de um jovem suíço que corria na Formula 2 chamado Marc Surer, e se tornara campeão na categoria. Sendo assim, escolheu-o para correr nas três últimas provas daquele ano.


Os treinos foram complicados para a Ferrari, pois tinha problemas de aerodinâmica, devido à pouca eficácia das saias numa pista ondulada como a italiana. E por isso, os melhores foram os Renault de Jean-Pierre Jabouille e de René Arnoux, que graças ao motor Turbo e ao facto de Monza ser uma pista veloz, monopolizaram a primeira fila da grelha de partida. Na segunda fila estava Jody Scheckter, tendo a seu lado o Williams-Cosworth de Alan Jones, seu grande rival na luta pelo título. Gilles Villeneuve era quinto, com o recém-quarentão Clay Regazzoni a seu lado, no segundo Williams. Na quarta fila ficavam o Ligier-Cosworth de Jacques Laffite e o Brabham-Alfa Romeo de Nelson Piquet. Na quinta fila, e para fechar os dez primeiros, ficava o segundo Brabham-Alfa Romeo de Niki Lauda e o Lótus-Cosworth de Mário Andretti.


Quanto aos estreantes, Giacomelli e Brambilla colocaram os seus Alfa Romeo nas 18ª e 22ª posição da grelha, respectivamente. Rebaque, com o seu próprio carro, fez o pior tempo e falhou a qualificação, da mesma forma que aconteceu a Surer, no seu Ensign. Arturo Merzário, também no seu próprio carro, e Jan Lammers, no Shadow-Cosworth, ficaram também de fora desta corrida.


O dia da corrida acordou com o autódromo cheio e todos na expectativa de ver um Ferrari a vencer em casa e ficar com o título mundial. E quando mais de cem mil espectadores viram a partida, deliraram. Porque Arnoux e Jabouille largaram mal e Scheckter aproveitou para alcançar a liderança. Arnoux ia a seguir, enquanto que Villeneuve e Laffite eram respectivamente terceiro e quarto classificado, enquanto que Jabouille tinha caído para quinto. Pior ficaram Jones e Piquet. O primeiro partira mal e cairia para o final do pelotão, o segundo tivera um acidente a meio da primeira volta e desistira na hora.


Na terceira volta, Arnoux reagira e apanhava Scheckter, ultrapassando-o, e nas dez voltas seguintes, um pelotão compacto de cinco carros, liderado pelo piloto da Renault, estava na frente da corrida. Regazzoni era sexto. Na volta 13, o motor Turbo de Arnoux começa a falhar e é obrigado a entregar a liderança ao sul-africano e desistir da corrida. A ordem durante muito tempo era o seguinte: Scheckter, Villeneuve, Laffite, Jabouille e Regazzoni. E foi assim até perto do fim, quando os motores começaram a ceder devido ao stress de acelerar numa pista de alta velocidade. Jabouille desiste na volta 41, e Laffite quatro voltas depois, devido aos mesmos problemas: motor. Assim o grande beneficiado foi o veterano Clay Regazzoni, que chegava assim ao lugar mais baixo do pódio a bordo do seu Williams. Pelo caminho fizera a volta mais rápida.


E quando os carros da Ferrari cruzaram a meta, o primeiro lugar de Scheckter significava o concretizar do seu sonho: ser campeão do Mundo! Aos 29 anos, tornava-se no primeiro (e único até agora) campeão do Mundo de origem africana e entrava no Olimpo dos Campeões pela Rossa, depois de Alberto Ascari, Juan Manuel Fangio, Phil Hill, John Surtees e Niki Lauda. Ao dar à Ferrari o seu oitavo título de pilotos, a duas provas do fim, desconhecia que ali começava uma travessia do deserto que iria durar 21 longos anos… e que o seu salvador tinha naquele dia, apenas dez anos de idade. Depois de Scheckter, Villeneuve e Regazzoni, nos restantes lugares pontuáveis chegavam o Brabham-Alfa romeo de Niki Lauda, o Lótus-Cosworth de Mário Andretti e o Tyrrell-Cosworth de Jean-Pierre Jarier.


Fontes:


http://en.wikipedia.org/wiki/1979_Italian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr326.html

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