quinta-feira, 10 de setembro de 2009

GP Memória - Itália 1989

Depois de uma vitória de Ayrton Senna num algo monótono GP da Bélgica, o piloto brasileiro tentava continuar com a série recuperadora na veloz pista de Monza, sabendo ele que não teria muito mais margem de erro, se quisesse encurtar o fosso entre ele e o seu adversário na pista, e companheiro de equipa, Alain Prost.


E como Monza era a “Catedral do Automobilismo” em Itália, a Ferrari costumava fazer os seus anúncios aqui. E na quinta-feira, véspera do começo de toda a acção do fim de semana automobilístico, a Ferrari anunciava que Alain Prost seria o seu piloto para a temporada de 1990, com o mesmo estatuto de primeiro piloto que o seu companheiro, o inglês Nigel Mansell. Um bom desfecho para o piloto francês, que agora, mais do que nunca, queria levar o número 1 para a Scuderia no final da temporada, um gesto de vingança perante Senna e Ron Dennis, que o acusava de favorecimento.


Monza foi também palco de outro anúncio, de outra equipa mítica: a Lótus, que tinha conseguido manter o patrocínio da tabaqueira Camel, anunciava uma nova dupla para 1990: o inglês Derek Warwick, vindo da Arrows, e o irlandês Martin Donnely, que vinha da Formula 3000, mas que tinha saboreado a Formula 1 em Julho, quando substituiu Warwick em Paul Ricard. Os motores iriam ser os Lambrorghini V12, e o novo chassis, o modelo 102, iria ser desenhado por Frank Dernie.


Na Tyrrell, Jean Alesi estava de volta ao cockpit, depois da sua passagem pela Formula 3000, competição que ele estava a tentar conquistar face à oposição do seu compatriota Eric Comas. E na Eurobrun, a equipa dispensava os serviços do suíço Gregor Foitek e iria resgatar o argentino Óscar Larrauri. Quem também anunciava a sua entrada na Formula 1 com pompa e circunstância era a Subaru, que iria construir um motor 12 cilindros em linha, em parceria com a Motori Moderni, de Carlo Chiti. Era só o primeiro capítulo de mais uma das sagas que iriam acontecer no pelotão do fundo da grelha, aqueles que preenchiam as pré-qualificações de sexta de manhã…


E por falar nas pré-qualificações, o melhor nessa sessão madrugadora tinha sido mais uma vez a Larrousse a conseguir colocar ambos os carros, o de Michele Alboreto e de Philippe Alliot, na segunda sessão de treinos, enquanto que o Onyx de Bertrand Gachot e o Osella de Nicola Larini foram os outros dois felizes contemplados. Quem ficava de fora disto, para além de Stefan Johansson e Roberto Moreno, no seu Coloni, era também o outro Osella de Piercarlo Ghinzani. Após esta sessão de não-qualificação, anunciou que iria abandonar a competição no final daquela temporada.


E após as duas sessões de qualificação, de sexta-feira e Sábado, o melhor tinha sido mais uma vez Ayrton Senna. Mas a seu lado tinha o Ferrari de Gerhard Berger, que tinha sido batido por “apenas” 0.014 segundos. Na segunda fila estavam o segundo Ferrari de Nigel Mansell e o segundo McLaren de Alain Prost, enquanto que na terceira estavam os Williams de Riccardo Patrese e Thierry Boutsen, cada vez mais a terceira força do pelotão da Formula 1. Em sétimo estava o surpreendente Philippe Alliot, vindo da qualificação, que colocava o seu Larrousse-Lamborghini num lugar pouco habitual. Alessandro Nannini estava a seu lado na grelha, enquanto a fechar o “top ten” se colocava o segundo Benetton de Emanuelle Pirro e o Tyrrell-Cosworth de Jean Alesi.


Stefano Modena falhou uma pesagem no seu Brabham-Judd e foi automaticamente excluído da corrida, ele que tinha conseguido o tempo suficiente para largar da 16ª posição, fazendo que apenas três pilotos não fossem qualificados: o Arrows de Eddie Cheever e os Rial de Christian Danner e Pierre-Henri Raphanel, nitidamente mais lentos do que boa parte dos pilotos que não tinham passado da pré-qualificação.


Na partida, Senna foi o melhor do que Berger, com Mansell a bater Prost, com Alliot e Pirro a ficar logo fora da corrida, um devido ao acelerador preso, outro devido a um problema na transmissão. As coisas não se alteram muito até à volta 16, altura em que Nannini troca de pneus. Por essa altura, Senna e Berger tinham ido embora, e Mansell estava cada vez mais lento e a ser apanhado por Prost. Na volta 21, o francês passava o inglês, seu futuro companheiro de equipa, e ia na perseguição de Berger, que começava também a perder tempo para Senna.


Foi uma luta entre Ferrari e McLaren para saber quem era o melhor naquele dia, e Senna até poderia levar a melhor, mas na volta 41, o motor explode na zona da Parabólica, largando óleo e causando um despiste. Era mais uma precalço para o brasileiro, que quera apanhar Prost no comando do campeonato, e via agora o seu arquirival conseguir mais nove pontos para ele. Nessa mesma volta, Mansell via ceder a sua caixa semiautomática e desistiu.


E no final da volta 53, foi o que conseguiu: Prost, aproveitando a dádiva divina, vencia em Monza, agora o seu novo palco de triunfo, e virara o ídolo dos "tiffosi", que estavam ansiosos por quebrar o jejum de títulos que já ia na sua décima temporada. Prost subia acompanhado de Berger, que conseguia agora o seu primeiros pontos do campeonato, e do Williams de Boutsen. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o segundo Williams de Riccardo Patrese, o Tyrrell de Jean Alesi e o Brabham de Martin Brundle.

Fontes:


Santos, Francisco – Formula 1 1989/90, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1989.


http://en.wikipedia.org/wiki/1989_Italian_Grand_Prix

1 comentário:

Anónimo disse...

No regulamento daquela época, os pilotos tinham que descartar os 5 piores resultados e só 11 valeriam. Como Ayrton Senna já tinha cumprido isso e nesse descarte não havia ponto(s). Foi 11º no Brasil e 7º no Canadá (não pontuou em ambas) e abandonos: Estados Unidos, França e Inglaterra. A corrida no circuito de Monza ele não poderia não poderia ter abandonado, porque Alain Prost venceu-a e aumentou a diferença para 20 pontos no campeonato. Tivesse repetido o resultado da prova anterior (GP da Bélgica com Senna (1º) e Prost (2º)), a diferença do campeão do mundo de 1988 para o francês diminuiria para 8 pontos.
Faltando quatro provas para o final e "pior" para o piloto brasileiro do capacete amarelo é que se o seu companheiro de equipe vença mais duas (não importa a ordem), o francês da McLaren número 2 fica com a taça.