quarta-feira, 9 de setembro de 2009

GP Memória - Itália 1984

Tinham-se passado quinze dias desde Zandvoort, e nessa altura, o Tribunal de Apelo da FIA tinha analisado o recurso da Tyrrell, e após análise cuidada, e de ter corrigido parte da sentença dada pela FISA, decidiu manter a exclusão da equipa para aquela temporada e a perda de todos os pontos alcançados naquela temporada, significando que Martin Brundle e Stefan Bellof eram retroactivamente desclassificados. O piloto alemão decidiu não correr mais naquela temporada, preferindo concentrar-se no Mundial de Sport-Protótipos com a Porsche, competição da qual viria a ganhar. Sendo assim, pela primeira vez na história da Formula 1, todos os carros que alinhariam à partida tinham motores Turbo.


A ATS alinhava em Itália com dois carros, um para Manfred Winkelhock e outro para a jovem estrela austríaca, Gerhard Berger, seguindo o mesmo preceito que era feito pela Osella desde o meio da temporada, quando inscreveu outro austríaco: Jo Gartner.


Na Toleman, Alex Hawkridge prometera represálias sobre o seu piloto estrela, o brasileiro Ayrton Senna, depois deste ter assinado por detrás das suas costas o acordo com a Lótus para a temporada de 1985, e cumpriu: Senna estava proibido de correr pela equipa na etapa italiana, e no seu lugar tinham contratado o sueco Stefan Johansson, que depois da exclusão da Tyrrell, estava sem lugar. Também nessa mesma altura, Hawkridge arranjou outro piloto para a marca, e foi buscar o piloto de testes da Brabham, o italiano Pierluigi Martini. Só que Martini, piloto da Minardi na Formula 2 (equipa que iria correr na Formula 1 em 1985), era demasiado lento, e não conseguiu qualificar-se.


No final das duas sessões de treinos daquele fim-de-semana, Nelson Piquet foi o melhor pela sétima vez naquela temporada, no seu Brabham-BMW. Ao seu lado estava Alain Prost, no McLaren-TAG Porsche. Imediatamente atrás, na segunda fila, estavam o Lótus-Renault de Elio de Angelis e o segundo McLaren de Niki Lauda. A terceira fila ficou reservada para o segundo Brabham de Teo Fabi, que dava nas vistas no seu GP caseiro, e tinha a seu lado o Williams-Honda de Keke Rosberg, cada vez mais a mostrar a sua potência. Nigel Mansell, do qual se falava cada vez mais que estava a caminho da Williams, tinha conseguido o sétimo tempo, com o Renault de Patrick Tambay logo atrás. A fechar o “top ten” estavam os Alfa Romeo de Riccardo Patrese e Eddie Cheever.


Fora deste “top ten” estavam os Ferrari, com Michele Alboreto apenas o 11º e René Arnoux o 14º. Esta afundamento na grelha não era visto de bom tom pelos lados de Maranello, numa altura em que se falava em algumas mudanças na estrutura directiva da marca. Logo, Alboreto e Arnoux precisavam de se mostrar no dia a seguir perante os seus fãs, pois caso contrário, a exigente imprensa italiana iria estar em cima deles e pedir algumas cabeças…


Na partida, Piquet larga melhor do que Prost, enquanto que De Angelis consegue passar o piloto francês e fica com a segunda posição. Tambay e Mansell vinham a seguir, enquanto que Lauda caia para o nono posto, atrás de Fabi e dos dois Alfa Romeo. O francês desaparecia de cena pouco depois, ao ficar sem motor, enquanto que duas voltas depois, era a vez de René Arnoux ficar sem caixa de velocidades. Nesta altura, já Fabi tinha passado Mansell e Lauda livrara-se de Cheever e Patrese.


Algumas voltas depois, era a vez de De Angelis ficar para trás, enquanto que Fabi chegava ao terceiro posto. Quando se aproximou do piloto francês, perdeu o controlo do seu carro na segunda chicane e fez um pião. Perdeu algum tempo, mas voltou à pista. Ali, começou uma corrida de recuperação que lhe levou até ao segundo lugar! Entretanto, as desistências continuavam: Mansell acabara a sua corrida na volta 13 com um pião, o seu companheiro na volta seguinte, com a caixa de velocidades partida, e na volta 15, era a vez do líder abandonar, com um radiador furado.


Assim, o líder era agora Patrick Tambay, no seu Renault, e nesta altura, Fabi já tinha feito a sua recuperação até quase ao topo. Lauda era terceiro e Alboreto o quarto, aproveitando os azares alheios. Na volta 31, Derek Warwick, que vinha na 5ª posição, desistia com problemas na pressão de óleo, com o lugar a ser herdado por Riccardo Patrese. Por agora, Lauda decidira atacar e passara Fabi e na volta 43, foi a vez de passar Tambay para ficar com a liderança. Nessa altura, Fabi perdeu um pódio certo quando o seu motor BMW falhou.


As voltas finais foram um suplicio. Aos poucos, os carros ora ficavam sem gasolina, ora ficavam sem motor. Na mesma volta que Fabi, Tambay partia o cabo do acelerador e ficava pelo caminho. Assim, Alboreto chegava à segunda posição. Atrás deles, com uma volta de atraso, estavam os dois Alfa Romeo, com Cheever à frente de Patrese. Na última volta, o americano perdia um píodio certo quando o seu carro ficou sem combustível, dando de bandeja o lugar mais baixo do pódio ao seu companheiro de equipa. Nos restantes lugares pontuáveis chegariam o Toleman de Stefan Johansson, o Osella de Jo Gertner e o ATS de Gerhard Berger. Infelizmente, dado que os regulamentos da altura não permitiam que um segundo carro de uma equipa que começara a temporada com um carro apenas, a Gartner e a Berger não foram atribuídos pontos.


E quando faltavam duas corridas para o final do campeonato, a vitória de Lauda no Autódromo italiano fazia com que o austríaco estava cada vez mais perto do tricampeonato, já que saia dali com 63 pontos, mais dez pontos e meio que Prost. Elio de Angelis era terceiro, mas muito longe dos dois primeiros, já que tinha apenas 29.5 pontos…


Fontes:


Santos, Francisco – Ayrton Senna do Brasil, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1994.

http://en.wikipedia.org/wiki/1984_Italian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr402.html

5 comentários:

Bruno disse...

Trocar Senna por Johansson? rs.
Espero que ano que vem tenhamos essas emoções nas últimas voltas, com alguns ficando sem combustível.

Unknown disse...

olha eu lembro da corrida, e ainda era criança. os pilotos ficando um a um na beira do circuito, e a alegria de alivio no podio..

italia é a última terra sagrada do automovilismo

Daniel Médici disse...

Para alguns brasileiros, talvez essa corrida tenha ficado marcada pela ausência de Senna na pista... Mas pela presença dele na cabine de transmissão, junto a Galvão Bueno e Reginaldo Leme. E olha que não se saiu mal. Teria feito um post sobre o assunto, mas fui atropelado pelo decorrer do tempo.

Ron Groo disse...

Bela lembrança, foi o segundo Gp da italia que assisti.

Red Bull RB6 disse...

A vitória em Monza de Niki Lauda e o abandono prematuro de Alain Prost deixava o título de campeão do mundo da temporada de 1984 favorável ao austríaco da McLaren número 8 (Lauda) com 9 pontos e meio (9,5 pontos) de vantagem sobre o francês da McLaren número 7 (Prost).
Na prova seguinte (penúltima) em Nürburgring, Prost não pode ter outra prova zerada novamente, porque o campeonato definiria o título a favor de Lauda. A última etapa em Portugal, Estoril, seria apenas para cumprimento de tabela.

Notas:

- 15ª pole de Nelson Piquet;
- 10ª pole do motor BMW;
- 24ª vitória de Niki Lauda. Ele igualava com Juan Manuel Fangio;
- 40ª vitória da McLaren;
- 10ª vitória do motor TAG Porsche;
- 10º pódio de Riccardo Patrese;
- 26º e último pódio da Alfa Romeo;
- 40º e último pódio do motor Alfa Romeo;
- 150ª prova de Jacques Laffite; - o sueco Stefan Johansson pontua pela primeira vez na carreira com o 4º lugar (3 pontos) e
- Jo Gartner (5º) e Gerhard Berger (6º) não pontuaram, porque a equipe de ambos inscreveram apenas um carro na temporada. Os pontos não teve benefícios posteriores para o 7º e 8º lugares.