domingo, 21 de novembro de 2010

"Longevité et Fidelité": Jacques Laffite

Serve esta versão própria do "motto" da República Francesa para sintetizar aquilo que foi a carreira do aniversariante de hoje, Jacques Laffite, na Formula 1. A longevidade tem a ver com a idade e a duração da sua carreira, e fidelidade tem a ver com o facto de só ter corrido em duas equipas na vida: Williams e Ligier.

Laffite faz parte da histórias de ambas as equipas. Na primeira, foi um dos pilotos que tripulou um dos seus primeiros chassis, e que deu a Frank Williams o seu primeiro grande resultado: um segundo lugar no GP da Alemanha de 1975, antes da Williams ser absorvida pela Wolf e deste ter saido para, em conjunto com Patrick Head, criar a actual Williams Grand Prix International.

Ele foi também o primeiro e mais significativo piloto da Ligier. Desde 1976 a 1986, exceptuando as duas temporadas ao serviço da Ligier, em 1983 e 84, foi ele que deu à equipa não só a sua primeira vitória, como também seis das nove vitórias que a equipa de Guy Ligier iria ter ao longo dos seus vinte anos de história. Em 1979 parecia estar lançado para o título, após ter ganho as duas primeiras corridas do ano, na Argentina e no Brasil, superando o seu companheiro Patrick Depailler, mas o resto da temporada não correu assim tão bem. Dois anos mais tarde, teve nova oportunidade de título, ao vencer na Austria e no Canadá, mas tinha de vencer em Las Vegas para conseguir. No final, acabou no sexto lugar, sem hipóteses de lutar pelo título.

Claro, também teve outros feitos fora da Formula 1: venceu o campeonato da Formula 3 francesa em 1973, o da Formula 2 em 1975, venceu o mítico GP do Mónaco de Formula 3, embora que na Formula 1, o mais perto que teve fora um segundo lugar em 1980.

Laffite era uma personalidade divertida. Na Williams, foi certo dia apanhado pelas câmaras de TV a simular um gesto de karatê contra um engenheiro da Honda... Algum tempo depois, no famoso Grande Prémio de Dallas, em 1984, apareceu nas boxes da Ligier... de pijama, como forma de protesto pelo facto do "warm up" daquele dia ter acontecido a horas madrugadoras, cerca das sete da manhã, devido aos problemas do asfalto, que se derretia devido às muito altas temperaturas. Curiosamente, nessa corrida, Laffite acabou no quarto lugar, o seu melhor resultado do ano.

Em 1986, Laffite tinha 42 anos e ia já para a sua 12ª época. Foi por essa altura em que comecei a assistir às corridas com "olhos de ver" e tinha um fascinio curioso por Jacques Laffite, por ver alguém já com idade para pensar na reforma ser competitivo e subir regularmente ao pódio. E quando a Formula 1 chegou a Brands Hatch, ele poderia superar o recorde de Graham Hill, que era de 176 Grandes Prémios.

Teve azar em todo o fim de semana: um injector de gasolina rebentado na sexta-feira, uma colisão com o McLaren de Keke Rosberg - seu ex-companheiro na Williams - na Curva Druids no Sábado, o faz partir na 20ª posição da grelha. E no Domingo, o azar final: uma carambola na primeira curva o faz bater no muro de concreto na Paddock Hill Bend e partir as suas pernas. Nessa altura tinha conseguido 14 pontos e dois pódios, um feito para a sua idade, embora guiasse um carro com motor Renault...

Hoje em dia, é comentador na TF1, ao lado de Christophe Malbranque e Jean-Claude Moncet. Não é tão "colorido" como foi James Hunt, mas já mandou algumas comentários "coloridos" ao longo da sua carreira de comentador. A mais famosa delas todas foi em 1997, quando foi a famosa ultrapassagem de Jacques Villeneuve a Michael Schumacher, na curva Dry Sac. Laffite reagiu afirmando primeiro "Quel con!" (que idiota) para depois soltar um sonoro "Merde!"... Apesar de tudo, Laffite é uma personalidade muito respeitada em França, que continua a manter o seu bom humor, após estes anos todos.

Portanto... "Joyeux Anniversaire, Jacques Laffite!"

2 comentários:

ziggy-jp disse...

Tive a oportunidade de tirar foto e pegar autógrafo dele em 2 oportunidades aqui em Suzuka.
Uma em 2006 e outra nesse ano.
Esse ano passei uma vergonha pois bem na hora em que ele me dava o autógrafo meu telefone celular começou a tocar.
E não é que ele começou a dançar com a música que tocava do meu telefone! rs
Parabéns ao bem humorado e irreverente Jacques Laffite.

Fernando Mayer disse...

Sempre tive curiosidade de saber um pouco mais sobre a carreira do Laffite.

Obrigado por contribuir.

Abs