Quinze dias depois das inesperadas - e épicas - voltas finais do GP do Mónaco, onde Ayrton Senna aguentou as investidas de Nigel Mansell, máquinas e pilotos atravessavam o Atlântico para disputar o GP do Canadá, em Montreal, onde se esperava que a Williams pudesse reagir e mostrar que os eventos do Mónaco tinham sido apenas um acaso e que voltaria o dominio da temporada.
A Andrea Moda, depois do que acontecera no Mónaco, esperava que fosse o começo de um novo ciclo, mas na realidade, foi mais um sol de pouca dura. Quando os carros foram embarcados para Montreal, os seus motores Judd... foram deixados para trás pela British Airways no vôo para o Canadá. Tiveram de usar motores emprestados pela Brabham, e não foram muito longe, pois Roberto Moreno deu apenas quatro voltas antes do carro se avariar e não passar para a qualificação. Perry McCarthy nem sequer teve hipóteses de sair das boxes.
Por estes dias no paddock, os rumores falavam sobre o possivel ingresso de Alain Prost na Williams para a temporada de 1993, algo que parecia colocar Nigel Mansell sobre "stress", pois era uma experiência que não queria voltar a ter, depois dos seus tempos na Ferrari. E se calhar isso, aliado à boa forma dos McLaren, fizeram com que ele não ficasse na pole-position.
Aliás, o "poleman" tinha sido Ayrton Senna, no seu McLaren, que tinha conseguido a sua primeira pole do ano. Riccardo Patrese era o segundo, no seu Williams, conseguindo superar Mansell, que era apenas o terceiro na grelha de partida. Gerhard Berger era o quarto, enquanto que Michael Schumacher, no seu Benetton, era o quinto. Johnny Herbert era o sexto no bem nascido Lotus 107, enquanto que a quarta fila era ocupada pelo segundo Benetton de Martin Brundle e pelo Ferrari de Jean Alesi. O "top ten" ficava completo com o segundo Ferrari de Ivan Capelli e pelo segundo Lotus de Mika Hakkinen.
A grande surpresa foi a não qualificação de Aguri Suzuki, no seu Footwork - Mugen Honda, que iria acompanhar os Brabham de Damon Hill e Eric Van de Poele e do Fondmetal de Andrea Chiesa.
Debaixo de um céu azul, a corrida começou com Senna na frente, enquanto que Mansell consegue superar Patrese e este aguenta o resto do pelotão, liderado por Berger, Schumacher, Brundle e Herbert. as coisas mantêm-se assim nas primeiras 14 voltas, até que Mansell, perto o suficiente de Senna, fez uma tentativa de ultrapassagem na curva antes da meta, que acabou mal. Ele passou a chicane a direito, saltou a gravilha e aterrou em cima do seu nariz, fazendo um pião no processo e desistindo na hora. Patrese, que vinha atrás, hesitou no momento em que escolhia a melhor trajetória e foi ultrpassado por Berger, fazendo com que a McLaren estivesse nas duas primeiras posições.
Com isto, Senna seguia confortável na frente, com Berger atrás a controlar as coisas. Parecia que tudo estava indicado para a segunda vitória consecutiva para Senna, mas na volta 38, o brasileiro começou a ter problemas com a sua caixa de velocidades e acabou por desistir. Assim, quem herdou o comando foi Berger, com Patrese no segundo lugar, e sob pressão dos Benetton de Schumacher e Brundle. Pouco depois, quando estavam a dobrar pilotos, o britânico aproveitou uma hesitação do jovem alemão para ficar com o terceiro lugar.
Pouco depois, na volta 42, nova desistência de relevo quando a caixa de velocidades de Patrese cedeu, fazendo com que Brundle ficasse no segundo lugar, mas tal posição acabou por ser sol de pouca dura, pois a sua transmissão cedeu na volta 45, fazendo com que Schumacher herdasse a segunda posição, com Alesi no terceiro lugar e um surpreendente Karl Wendlinger, no seu March-Ilmor no quarto lugar, na frente do Larrousse-Lamborghini de Ukyo Katayama. Contudo, as hipóteses do japonês de marcar os seus primeiros pontos esfumaram-se quando o seu motor explodiu na volta 61.
No final, Berger conseguia a sua primeira vitória do ano e dar à McLaren a sua segunda vitória consecutiva nessa temporada, mostrando que era o "melhor dos outros", quando os Williams ficavam fora de combate. Michael Schumacher era o segundo, enquanto que Jean Alesi era o terceiro, completando o pódio. No quarto posto ficava Karl Wendlinger, conseguindo os primeiros pontos da sua carreira - e os últimos de um chassis March - no quinto lugar estava o Tyrrell de Andrea de Cesaris e a fechar os pontos, o Ligier de Eric Comas, dando à equipa os primeiros pontos desde... o GP de França de 1989.
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