Na semana do GP do Bahrein, a FIA e a Liberty irão apresentar esta terça-feira às equipas a sua proposta de teto orçamental a patir de 2021. A reunião, que terá lugar em Londres, vai apresentar mudanças no regulamento técnico, com o objetivo com que os carros tenham lutas mais intensas e mais cercanas. Os motores deverão manter-se com poucas alterações, como os fornecedores pretendiam, e apenas deverão ser encontradas formas de aumentar o som para aumentar o apelo aos fãs.
Mas o grande ponto de discussão tem a ver com o novo Acordo da Concórdia, que está em vigor desde 2012 e terá de ser negociado até 2020. Existem agora desigualdades tremendas na distribuição do dinheiro, que era feita mais de acordo com o valor comercial e poder político das equipas, em detrimento do mérito desportivo. E também se está a repensar o conceito de "equipa B", algo do qual a Toro Rosso, Alfa Romeo Sauber, Racing Point e Haas, que tem apoio mais ou menos direto das equipas de topo, estão a ter, em detrimento da Williams, Renault e McLaren. Isso terá de ser revisto, para providenciar maior igualdade.
Também há agora uma proposta em cima da mesa, onde se limita o orçamento a 150 milhões de euros por ano - metade do que algumas equipas gastam agora - e isso terá uma aprovação mais unânime... com condições. Toto Wolff, diretor da Mercedes, mostrou-se a favor dessa medida… desde que seja aplicada de forma a se adaptar a todas.
“Eu sinto que o processo está com um bom andamento e todos estamos interessados em entender como será 2021“, começou por dizer Wolff. “A Mercedes está interessada em ter um tecto orçamental implementado nos níveis certos para que isso faça sentido para todos. [Devemos] ter as grandes equipas de acordo de uma forma que seja exequível e que nos permita limitar os custos para garantir que não estamos a gastar mais a cada ano.”
“Os regulamentos são outro ponto que é importante alinhavar até junho. Vamos ver o que acontece depois da próxima semana, mas o que ouço deixa-me optimista.”
Para Gunther Steiner, o diretor da Haas, a reunião com a Liberty deveria trazer mais luz sobre o futuro da competição, a bem de todas as equipas. Ele refere que apesar das conversas, não faz ideia do que eles trarão para cima da mesa.
“Precisamos de clareza, porque há muita conversa de bastidores”, começou por dizer Steiner ao motorsport.com. “Acho que agora o Chase [Carey, CEO da Formula 1] está pronto para apresentar algo, e vamos ver a partir daí. Eu não sei o que está lá. Falamos todos nas costas uns dos outros, mas não sei qual é a proposta. Temos de saber o que vai acontecer no futuro, caso contrário, não podemos gerir os nossos negócios”, acrescentou.
“Não podemos começar a desenvolver se não tivermos regulamentos técnicos. Para nós tudo começa com pelo menos um ano ou 18 meses de antecedência. Agora estamos a apenas 21 meses dessa temporada. Não há muito tempo. Eu acho que eles percebem isso. Mas há muitas coisas, a governação, o tecto orçamental, os regulamentos técnicos. Se fizermos tudo numa reunião, será bom para nós. Pois, boa sorte!”, concluiu.
Em suma, agora é o tempo ideal para definir o futuro. O bolo que a FOM dá às equipas não é infinito, arranjar dinheiro de diversas fontes começa a ser mais difícil, e as equipas pensam demasiado no seu umbigo, no espírito de "Club Piraña" que sempre foram. É o futuro da Formula 1 que está em causa.
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