sexta-feira, 31 de maio de 2024

A imagem do dia (II)



Estamos a 20 de junho de 1971. Entre os 24 carros inscritos no Grande Prémio dos Países Baixos, no circuito de Zandvoort, estão três Lotus: a do brasileiro Emerson Fittipaldi, a do sueco Reine Wissell... e um carro estranho: um modelo 56, com uma turbina. Esse carro era guiado por um estreante australiano, que tinha sido muito rápido nas formulas de promoção. Chamava-se David Walker.

O carro era relativamente complicado de controlar, e na qualificação, conseguiu apenas o 22º melhor tempo em 24 pilotos inscritos. 

Chovia imenso no dia da corrida, e o carro tinha uma vantagem: para além do carro ser a turbina - um Pratt & Whitney - as quatro rodas motrizes tinham uma grande vantagem num tempo à chuva, porque eram mais rápidos que os de duas rodas motrizes. E logo nos primeiros metros, mostrou isso. Na primeiras voltas, passou carros atrás de carros, e no final da quinta passagem pela meta, era décimo. Contudo, logo depois, ele despistou-se, e as chances reais de uma pontuação, até de uma vitória, tinham caído em terra.

No final, as opiniões se dividiam. A Imperial Tobacco queria-o na Lotus, mas nem Colin Chapman, nem Peter Warr, diretor desportivo da marca, não acharam que Walker fosse um piloto que tivesse estofo de campeão. 

Nascido a 10 de junho de 1942, em Sydney, começou a correr em 1964, na Formula 2 local, onde acabou vice-campeão, andou alguns anos no Reino Unido, na Formula Ford, até que ganhou o campeonato de 1969. Em 1970, foi para a Formula 3 num Lotus oficial, e acaba campeão no BRSCC Lombank Formula 3 Britain. Em 1971, num modelo 69, Walker triunfa no Forward Trust BARC F3 e na Shell Super Oil British F3 Championship. Até aos dias de hoje, Walker é o piloto com mais campeonatos, três, a par dos britânicos Don Parker, Jim Russell e Roger Williamson

Apesar de campeonatos bem preenchidos e competitivos, e correndo num carro oficial, Chapman incluiu Walker em 1972 porque a Imperial Tobacco pediu. Correndo ao lado de Fittipaldi, é considerado o segundo pior piloto de sempre: enquanto o brasileiro foi campeão, com 61 pontos, o melhor resultado de Walker foi um... nono lugar, em Jarama. No final do ano, Wissell foi chamado para competir nas últimas três corridas do ano. Ele foi para a Formula 2 em 1973, mas depois de dois acidentes sérios, a sua competividade foi bem afetada, apesar de ter andado na Formula 5000 e tentou um regresso, pela Maki, em 1975.

Retirou-se para a Austrália, montando um negócio de barcos na Golden Coast, antes de se reformar na década passada. A sua morte foi ontem anunciada, mas na realidade, tinha morrido uma semana antes, a 24 de maio. 

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