Esta segunda-feira, a Toro Rosso anunciou que iria receber o tailandês Alexander Albon, que aos 22 anos de idade e depois de ter sido terceiro classificado no campeonato de Formula 2 deste ano, tornava-se no terceiro piloto do sudeste asiático na Formula 1 neste século, depois do malaio Alex Yoong e do indonésio Rio Haryanto.
Contudo, a chegada de Albon quebra uma ausência de 65 anos de pilotos tailandeses na categoria máxima do automobilismo, e faz despertar a história de um membro da familia real tailandesa que, oitenta anos antes, tinha se mudado para a Europa para seguir uma longa e eclética carreira desportiva, primeiro no automobilismo e depois na vela, tendo sido um de três pilotos que foi aos Jogos Olímpicos, fossem de inverno ou de verão. Hoje, vou falar do Principe Bira.
De seu nome completo Birabongse Bhanudej Bhanubandh, nasceu a 15 de julho de 1914 em Bangkok, no então Sião - que depois seria rebatizado de Tailândia. Bira era filho do principe Bhanurangsi Savangwongse e neto do rei Mongkut, que ficou conhecido pelo musical "O Rei e Eu", na década de 50 do século passado. Bira perdeu a mãe aos doze anos e o pai aos 16, quando ele estava na Grã-Bretanha, a estudar no prestigiado Eton College.
Quando saiu de Eton, para se preparar para estudar em Cambridge, estava na guarda do principe Chula, seu primo, e entre aulas de escultura e desenho - onde conheceu a sua primeira mulher - começou a correr no Riley Imp da equipa White Mouse Racing, montado pelo seu primo. O gosto pelo automobilismo ficou de vez em Bira e em 1935 corria num ERA, conseguindo boas colocações. Dois anos depois, quando Richard Seaman foi para a Mercedes, Bira e Chula compraram os carros que Seaman corria antes, nomeadamente em Delage, e depois um Maserati. Tinha bons resultados nas provas inglesas, mas no continente europeu, não havia chances perante os alemães da Mercedes e da Auto Union.
Com o automobilismo a parar durante a II Guerra Mundial, quando o conflito acabou, em 1945, e as provas recomeçaram, no final desse ano, recomeçou a sua carreira no automobilismo, correndo com ERA e Maserati, especialmente da equipa Enrico Platé. Em 1949, na temporada europeia de Grande Prémio, Bira conseguiu um segundo lugar no GP de França e um terceiro no GP de Itália.
Em 1950, começou o campeonato do mundo de Formula 1, e a bordo de um Maserati 4CLT/48 da Enrico Platé conseguiu um quinto lugar no Mónaco e um quarto na Suíça, acabando a temporada no oitavo lugar, com cinco pontos. Continuou com os Maserati em 1951, mas apenas participou num Grande Prémio. Passando para a equipa oficial da Gordini em 1952, não alcançou resultados de relevo e no ano seguinte, foi correr três provas pela Connaught, também sem resultados.
Em 1954, aos 40 anos de idade, e depois de ter corrido na equipa oficial da Maserati no GP da Argentina, correu o resto da temporada no Maserati 250F, mas inscrito individualmente. Foi aí que igualou o seu melhor resultado, ao ser quarto no GP de França, a mesma corrida onde os Mercedes se estrearam na Formula 1. No final de 1955, Bira pendurou o capacete.
Aí, dedicou-se a outra paixão, a vela. Em 1956, em Melbourne, começava a primeira de quatro participações e em 1960, em Roma, teve como um dos seus competidores outro ex-piloto de Formula 1, o argentino Roberto Mieres. Nessa competição pessoal, Mieres levou a melhor, sendo 17º, dois lugares mais acima de Bira. A sua última participação foi em Munique, em 1972, quando competiu na classe Tempest, terminando na 21ª e última posição.
Casado por cinco vezes e também um apaixonado pela aviação, Birabongse Bhanudej morreu em Londres na ante-véspera de Natal de 1985, aos 71 anos, vítima de ataque cardíaco no metro de Londres, onde vivia.
2 comentários:
É por histórias incríveis como esta , e para melhor exemplificar , as façanhas de Nasser al-Attyah que tamvém disputou Olimpíadas ; que sou fascinado por automobilismo .
Grande história essa do Prince Bira , que não foi mais vitorioso por conta da superioridade alemã , de carros e pilotos !
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