1910: A EXPANSÃO AMERICANA
Em 1910, toda a gente nos Estados Unidos já tinha entendido que não só o automobilismo era uma modalidade em expansão, como também poderia ser lucrativo, quer para os promotores, quer para os construtores. Nos anos anteriores, o sucesso da Vanderbilt Cup, em Nova Iorque, e do Grande Prémio da América, em Savannah, apesar de não terem sido pilotos ou carros americanos os grandes vencedores, fizeram impulsionar o desporto de costa a costa.
Aos poucos, outros lugares apareciam como centros do automobilismo, construindo várias pistas especificas. Já havia Indianápolis, mas a pista situada no meio dos Estados Unidos era uma excepção à tendência, especialmente na California, onde a 8 de abril iria abrir uma pista de madeira no sitio da Playa del Rey, nos arredores de Los Angeles. A pista, idealizada por Fred Moscovics, que tinha sido o gestor da equipa Mercedes na Taça Vanderbilt de 1904, custou 75 mil dólares e tornou-se num sucesso imediato. Tinha uma milha de diâmetro e declives em curva muito acentuados.
A organização logo afirmou que esta era a pista mais segura do mundo, e para o provar, convidaram Barney Oldfield para vir inaugurar a pista, tentando establecer um recorde. Ele acabou por fazer uma média de 145 quilómetros por hora, ele que dias antes, em Daytona, tinha colocado o recorde de velocidade nos 213,4 quilómetros por hora num Benz. Cinco dias depois da abertura, duas corridas, de 80 e 160 quilómetros cada, decorreram no autódromo, com a vitória, respectivamente, de Ralph de Palma e Ray Harroun, num Marmon.
Entretanto, em Indianápolis, o investimento nos tijolos tinha compensado: Carl Fisher e a organização tinham decidido fazer três séries de corridas ao longo dos fins de semana do Memorial Day (final de maio) do Dia da Independência (inicio de julho) e no Labour Day (meados de setembro). apesar do sucesso de público e da quantidade de pilotos que ali correram e venceram, como Oldfield, De Palma, Harroun, e mais outros - Johnny Aitken, Howdy Wilcox, Joe Dawson, Eddie Hearne, entre outros, Fisher achava que o excesso de corridas não ia ao encontro daquilo que ambicionava. Assim sendo, em meados de setembro anunciou que iria haver uma grande corrida no final de semana do Memorial Day. E quando ele falou de uma grande corrida, seria em tudo: distância e prémios. Tinham nascido as 500 Milhas de Indianápolis.
Nesta mesma altura, apesar de acontecerem todas estas corridas, as pessoas estavam mais ansiosas pelo final do ano, altura em que viriam as corridas mais apetecíveis: a Vanderbilt Cup e o Grande Prémio da América. No ano anterior, com a retirada dos europeus de cena na Vanderbilt Cup, em Long Island, os americanos tinham dominado, com Henry Grant a vencer num ALCO americano. Mas a prova não tinha mais o prestigio que o Grande Prémio da América tinha conquistado no ano de 1908, e para além disso, ambas as associações, a AAA (que organizava a primeira corrida) e a ACA (que organizava a segunda) não se entendiam.
Contudo, em 1910, ambas as partes decidiram tentar chegar a um entendimento e decidiram criar a Motor Club Holdings Company, com o objetivo de organizar melhor ambas as provas, especialmente em termos de segurança, que tinha sido sempre o grande problema da Vanderbilt Cup. Marcada para o dia 1 de outubro, a competição teve 31 inscritos, a esmagadora maioria americanos em máquinas nacionais ou europeias. entre outros, havia o Mercedes de Spencer Wishart, os Benz de George Robertson, David Bruce-Brown, Eddie Hearne e Franz Hein; os Buick de Louis Chevrolet e do seu irmão, Arthur Chevrolet, acompanhados por Bob Burman; os National de John Aitken e Louis Disbrow; os Marmon de Ray Harroun e Joe Dawson; Hugh Harding e Tobin Dehymel, e o vencedor do ano anterior, Harry Grant, num ALCO.
Contudo, as coisas não correram bem logo nos treinos, quando George Robertson, o vencedor da edição de 1908, levou um jornalista a bordo do Benz no qual iria correr. Contudo, o nervosismo do jornalista fez com que ele, ao se aproximar de uma curva, ele se debatesse com o volante, causando um capotamento. Robertson ficou gravemente ferido e a sua carreira de piloto ficava-se por ali.
A corrida teve também os seus incidentes. O primeiro lider foi o Buick de Louis Chevrolet, que começou a abrir vantagem sobre a concorrência, mas sofreu um despiste na nona volta, matando o seu mecânico, Charles Miller. Assim sendo, o novo líder era Joe Dawson, num Marmon, que mantinha um avanço considerável até a duas voltas do fim, quando os espectadores começaram a invadir a pista, como nos anos anteriores. Dawson tentava evitá-los, mas ele não conseguiu evitar algumas delas, atropelando-as. Dawson parou então para os ajudar, entregando o comando a Harry Grant, no seu ALCO, vencendo com 25 segundos de vantagem.
Apesar da festa, as consequências foram grandes: três pessoas morreram e 25 ficaram feridas. Não se conseguiu controlar a multidão e nesse aspecto, a corrida foi um fracasso.
Por causa disso, o Grande Prémio da América, marcado originalmente para o dia 1 de novembro, foi cancelada. Contudo, a Savvanah Auto Club, que organizado o Grande Prémio - que devido à falta dos europeus, não organizou a corrida em 1909 - decidiu contornar o cancelamento e marcou a sua corrida para o dia 12 de novembro. Apesar de haver crise na Europa e os Carros Pesados terem ficado de lado em favor das Voiturettes, na Europa, alguns construtores enviaram os seus carros e alguns pilotos: a Fiat iria trazer Louis Wagner e Felice Nazzaro, para acompanhar Ralph de Palma, enquanto que a Benz tinha Victor Hémery e os americanos David Bruce-Brown e Willie Haupt.
No lado americano, tinham os Lozier de Ralph Mulford e Joe Horan, o Buick de Bob Burman e Arthur Chevrolet; os Marmon de Ray Harroun e Joe Dawson; o ALCO de Harry Grant e os Pope Hartford de Charlie Basle e Louis Disbrow.
A corrida começou às nove da manhã, com os carros a sairem com intervalos de 30 segundos. O primeiro líder foi Arthur Chevrolet, no seu Buick, seguido bem de perto pelo Benz de Victor Hémery. O piloto francês passou-o logo a seguir, mas cedo foi contestado pelo Fiat de Felice Nazzaro. Nas seis voltas seguintes, o italiano perseguiu Hémery, mas depois despistou-se e caiu numa vala, dobrando o eixo traseiro. Assim, foi Louis Wagner a assumir a perseguição a Hémery, e o apanhou, ficando com a liderança. Mas na volta 17, ele perde o controlo do seu carro e bateu numa árvore, desistindo.
Com isso, a corrida ganhou alento entre Ralph de Palma, no seu Fiat, Hémery, que nunca esteve muito longe da liderança, e David Bruce-Brown. A luta foi renhida, mas na penultima volta, o cilindro do seu Fiat colocou De Palma fora da luta pela vitória, e as coisas ficaram reduzidas a dois. Apesar de Hémery ter sido o primeiro a cruzar a meta, a soma dos tempos deu vantagem a Bruce-Brown, que venceu com uma vantagem de... 1,4 segundos.
(continua no próximo capitulo)
Aos poucos, outros lugares apareciam como centros do automobilismo, construindo várias pistas especificas. Já havia Indianápolis, mas a pista situada no meio dos Estados Unidos era uma excepção à tendência, especialmente na California, onde a 8 de abril iria abrir uma pista de madeira no sitio da Playa del Rey, nos arredores de Los Angeles. A pista, idealizada por Fred Moscovics, que tinha sido o gestor da equipa Mercedes na Taça Vanderbilt de 1904, custou 75 mil dólares e tornou-se num sucesso imediato. Tinha uma milha de diâmetro e declives em curva muito acentuados.
A organização logo afirmou que esta era a pista mais segura do mundo, e para o provar, convidaram Barney Oldfield para vir inaugurar a pista, tentando establecer um recorde. Ele acabou por fazer uma média de 145 quilómetros por hora, ele que dias antes, em Daytona, tinha colocado o recorde de velocidade nos 213,4 quilómetros por hora num Benz. Cinco dias depois da abertura, duas corridas, de 80 e 160 quilómetros cada, decorreram no autódromo, com a vitória, respectivamente, de Ralph de Palma e Ray Harroun, num Marmon.
Entretanto, em Indianápolis, o investimento nos tijolos tinha compensado: Carl Fisher e a organização tinham decidido fazer três séries de corridas ao longo dos fins de semana do Memorial Day (final de maio) do Dia da Independência (inicio de julho) e no Labour Day (meados de setembro). apesar do sucesso de público e da quantidade de pilotos que ali correram e venceram, como Oldfield, De Palma, Harroun, e mais outros - Johnny Aitken, Howdy Wilcox, Joe Dawson, Eddie Hearne, entre outros, Fisher achava que o excesso de corridas não ia ao encontro daquilo que ambicionava. Assim sendo, em meados de setembro anunciou que iria haver uma grande corrida no final de semana do Memorial Day. E quando ele falou de uma grande corrida, seria em tudo: distância e prémios. Tinham nascido as 500 Milhas de Indianápolis.
Nesta mesma altura, apesar de acontecerem todas estas corridas, as pessoas estavam mais ansiosas pelo final do ano, altura em que viriam as corridas mais apetecíveis: a Vanderbilt Cup e o Grande Prémio da América. No ano anterior, com a retirada dos europeus de cena na Vanderbilt Cup, em Long Island, os americanos tinham dominado, com Henry Grant a vencer num ALCO americano. Mas a prova não tinha mais o prestigio que o Grande Prémio da América tinha conquistado no ano de 1908, e para além disso, ambas as associações, a AAA (que organizava a primeira corrida) e a ACA (que organizava a segunda) não se entendiam.
Contudo, em 1910, ambas as partes decidiram tentar chegar a um entendimento e decidiram criar a Motor Club Holdings Company, com o objetivo de organizar melhor ambas as provas, especialmente em termos de segurança, que tinha sido sempre o grande problema da Vanderbilt Cup. Marcada para o dia 1 de outubro, a competição teve 31 inscritos, a esmagadora maioria americanos em máquinas nacionais ou europeias. entre outros, havia o Mercedes de Spencer Wishart, os Benz de George Robertson, David Bruce-Brown, Eddie Hearne e Franz Hein; os Buick de Louis Chevrolet e do seu irmão, Arthur Chevrolet, acompanhados por Bob Burman; os National de John Aitken e Louis Disbrow; os Marmon de Ray Harroun e Joe Dawson; Hugh Harding e Tobin Dehymel, e o vencedor do ano anterior, Harry Grant, num ALCO.
Contudo, as coisas não correram bem logo nos treinos, quando George Robertson, o vencedor da edição de 1908, levou um jornalista a bordo do Benz no qual iria correr. Contudo, o nervosismo do jornalista fez com que ele, ao se aproximar de uma curva, ele se debatesse com o volante, causando um capotamento. Robertson ficou gravemente ferido e a sua carreira de piloto ficava-se por ali.
A corrida teve também os seus incidentes. O primeiro lider foi o Buick de Louis Chevrolet, que começou a abrir vantagem sobre a concorrência, mas sofreu um despiste na nona volta, matando o seu mecânico, Charles Miller. Assim sendo, o novo líder era Joe Dawson, num Marmon, que mantinha um avanço considerável até a duas voltas do fim, quando os espectadores começaram a invadir a pista, como nos anos anteriores. Dawson tentava evitá-los, mas ele não conseguiu evitar algumas delas, atropelando-as. Dawson parou então para os ajudar, entregando o comando a Harry Grant, no seu ALCO, vencendo com 25 segundos de vantagem.
Apesar da festa, as consequências foram grandes: três pessoas morreram e 25 ficaram feridas. Não se conseguiu controlar a multidão e nesse aspecto, a corrida foi um fracasso.
Por causa disso, o Grande Prémio da América, marcado originalmente para o dia 1 de novembro, foi cancelada. Contudo, a Savvanah Auto Club, que organizado o Grande Prémio - que devido à falta dos europeus, não organizou a corrida em 1909 - decidiu contornar o cancelamento e marcou a sua corrida para o dia 12 de novembro. Apesar de haver crise na Europa e os Carros Pesados terem ficado de lado em favor das Voiturettes, na Europa, alguns construtores enviaram os seus carros e alguns pilotos: a Fiat iria trazer Louis Wagner e Felice Nazzaro, para acompanhar Ralph de Palma, enquanto que a Benz tinha Victor Hémery e os americanos David Bruce-Brown e Willie Haupt.
No lado americano, tinham os Lozier de Ralph Mulford e Joe Horan, o Buick de Bob Burman e Arthur Chevrolet; os Marmon de Ray Harroun e Joe Dawson; o ALCO de Harry Grant e os Pope Hartford de Charlie Basle e Louis Disbrow.
A corrida começou às nove da manhã, com os carros a sairem com intervalos de 30 segundos. O primeiro líder foi Arthur Chevrolet, no seu Buick, seguido bem de perto pelo Benz de Victor Hémery. O piloto francês passou-o logo a seguir, mas cedo foi contestado pelo Fiat de Felice Nazzaro. Nas seis voltas seguintes, o italiano perseguiu Hémery, mas depois despistou-se e caiu numa vala, dobrando o eixo traseiro. Assim, foi Louis Wagner a assumir a perseguição a Hémery, e o apanhou, ficando com a liderança. Mas na volta 17, ele perde o controlo do seu carro e bateu numa árvore, desistindo.
Com isso, a corrida ganhou alento entre Ralph de Palma, no seu Fiat, Hémery, que nunca esteve muito longe da liderança, e David Bruce-Brown. A luta foi renhida, mas na penultima volta, o cilindro do seu Fiat colocou De Palma fora da luta pela vitória, e as coisas ficaram reduzidas a dois. Apesar de Hémery ter sido o primeiro a cruzar a meta, a soma dos tempos deu vantagem a Bruce-Brown, que venceu com uma vantagem de... 1,4 segundos.
(continua no próximo capitulo)
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