sábado, 10 de setembro de 2016

A imagem do dia (II)

Por estes dias, recordaremos imenso de Monza. E hoje é por uma boa razão: porque passam 55 anos sobre o acidente mortal de Wolfgang von Trips, o primeiro piloto alemão relevante na história da Formula 1 moderna. Aqui, eis a foto que o Paul-Hanri Cahier colocou hoje para recordá-lo, após a sua vitória no GP da Holanda de 1961, tirada por Bernard Cahier, seu pai.

Von Trips, de origem aristocrática, nasceu uma geração depois dos Flechas de Prata dos anos 30. De Hermann Lang, Bernd Rosemeyer, Hans Stuck ou Manfred von Brautisch, guiando os seus Mercedes e Auto Unions. Depois da guerra, pouco ou nada sobrou, apesar do regresso doa Mercedes em 1954, para dominar a Formula 1 por duas temporadas... até que Pierre Levegh ter levado o seu carro para a tribuna principal do circuito de La Sarthe, matando 80 pessoas. No final desse ano, os carros foram para o museu e Alfred Neubauer reformou-se de vez do automobilismo.

Curiosamente, Von Trips apareceu na Formula 1 no ano seguinte, correndo pela Ferrari. Era muito veloz, mas propenso a acidentes, tanto que o chamavam de "Conde von Crash", mas em Monza, em 1957, conseguiu o seu primeiro pódio, um terceiro posto. Repetiu a proeza no ano seguinte, em Reims, também um terceiro lugar, mas somente foi em 1961 que teve o seu grande ano.

Havia razão para tal: o primeiro ano de novos regulamentos, com o motor de 1.5 litros, a Ferrari fez o 156 "Nariz de Tubarão" com o qual fez com que ele e o seu companheiro de equipa, o americano Phil Hill, dominassem o campeonato. E qualquer um que soubesse guiar, arriscava a ganhar com ele. O melhor exemplo foi o que fez o jovem Ricardo Rodriguez em Monza, logo na sua primeira corrida com o 156...

Von Trips restaurou o orgulho alemão, mais de 15 anos depois do fim da II Guerra Mundial. A sua vitória em Zandvoort foi a primeira de um piloto alemão desde 1939, e repetiu em Aintree, palco do GP britânico, mas não conseguiu ganhar em Nurburgring, que nesse ano foi palco de uma demonstração de pilotagem por parte de Stirling Moss.

Em Monza, ele liderava o campeonato, e precisava de ficar na frente de Hill para ser campeão. "Taffy" tinha feito a pole-position - a primeira e única da sua carreira - e tudo correria bem para ele... se não tivesse atrasado na partida. Tentava recuperar os lugares perdidos quando tocou no Lotus de Jim Clark e o seu carro foi direito aos espectadores, matando a ele e a mais 14 pessoas. Hill ganhou e ele foi campeão, o primeiro a sê-lo. Curiosamente, dezassete anos depois, outro americano venceu o mundial da mesma maneira de Hill: em Monza e com o seu rival (e companheiro de equipa) morto. A diferença é que foi num Lotus e não num Ferrari.

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