Poucos foram os da “primeira
geração” de automobilistas que tiveram uma carreira tão longa como Felice
Nazarro. Considerado como o melhor piloto italiano da sua geração, durante mais
de vinte anos andou a competir nos mais variados automóveis, especialmente na
Fiat, e chegou a ser por uns tempos construtor e piloto, vencendo o Grande
Prémio de França, na provecta idade de 41 anos, numa vitória cheia de drama
pessoal. Hoje falo de Felice Nazarro.
Nascido a 29 de janeiro de 1881
em Monteu da Po, no Piemonte, era filho de um comerciante de carvão e começou a
trabalhar no oficio do pai, antes de ir em 1896 para a oficina de bicicletas
Ceirano, em Turim. Três anos depois, vai trabalhar para a recém-criada Fabrica
Italiana de Automóveis de Turim, a Fiat, onde cedo começou a ser piloto de
testes. Em 1901, participa numa das primeiras provas de automobilismo no seu
pais, o Piombino-Grosseto, onde acaba por vencer. Também participa no primeiro
Giro D’Itália automobilístico, onde acaba vencedor, com um modelo de oito
cavalos.
Nos anos seguintes, Nazarro
participa nas várias corridas que a Fiat faz internacionalmente, como a Taça
Gordon Bennett, ao lado de Vicenzo Lancia e Alessandro Cagno, com lugares
honrosos na edição de 1905, onde acaba na segunda posição, atrás do francês
Leon Théry.
Em 1906, participa no primeiro
Grande Prémio de França, onde ao volante do seu Fiat, é segundo classificado, a
mais de meia hora do vencedor, o húngaro Ferenc Szisz. Mas a sua coroa de
glória é a temporada de 1907, onde vence a Targa Flório, o Kaiserpreis e o
Grande Prémio de França (trocando posições com… Szisz). Por essa altura, graças
às vitórias que conseguiu nesse ano, é considerado como o melhor piloto do
mundo.
No ano seguinte, vence a Coppa
Flório e participa numa tentativa de bater o recorde de velocidade, acabando
por ser o primeiro piloto italiano a alcançar os 200 quilómetros por hora. A
partir daqui, continua a correr pela Fiat, mas em 1911 decide construir a sua
própria marca de automóveis, a Nazzaro, em conjunto com Maurizio Fabry, Pilade Massuero e Arnaldo Zoller. Para além de construir
e testar as suas maquinas, também corre com elas, tendo conseguido vencer a
Targa Flório em 1914. Contudo, no ano seguinte, problemas financeiros com a sua
fábrica obrigaram-no a fechar as suas atividades, com ele a voltar para a Fiat.
Lá
continuou a testar e a trabalhar nos carros da empresa, especialmente depois da
I Guerra Mundial, onde já tinha a companhia do seu sobrinho Biagio Nazzaro. Em
1922, aos 41 anos, participava no Grande Premio de França com o modelo 804, ao
lado de Biagio Nazzaro e de Pietro Bordino. Nesse ano, a corrida era realizada
em Estrasburgo, num circuito triangular com 14 quilómetros e os Fiat eram os
grandes favoritos à vitória.
Mas
tinham um defeito fatal: o seu eixo traseiro era demasiado frágil e dos três
carros, dois deles acabaram partidos. O de Biagio Nazzaro teve pior sorte, pois
quebrou em plena reta, a mais de 160 km/hora, tendo morte imediata. O tio
venceu a corrida e regressou a Itália como um herói nacional, mas de luto pelo
seu sobrinho. Quando o seu carro foi depois examinado, verificou-se que tinha
também o eixo rachado, mas que tinha sido salvo para sua condução menos
agressiva. Pouco depois, em 1925, Felice Nazzaro decidiu terminar a sua longa
carreira no automobilismo.
Nazzaro
continuou a trabalhar para a Fiat até perto da sua morte, a 21 de março de
1940, em Turim. Tinha 59 anos de idade.
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