Sabemos há meses que as coisas no leste da Ucrânia andam em algo que dito de outra forma, podemos chamar de guerra civil. E sabemos que as coisas na primavera andaram bem perto de um conflito entre Rússia e Ucrânia, não só devido ao que se passa no leste russofono, como também ao que aconteceu na Crimeia.
Contudo, as coisas andavam relativamente calmas até ao inicio da semana, altura em que houve uma escalada. Primeiro, um aumento da concentração das tropas russas na fronteira, ontem, mais sanções vindas dos Estados Unidos contra empresas russas, e esta tarde, um avião malaio (outro Boeing 777, o MH17) caiu no Leste da Ucrânia, com 295 pessoas a bordo, provavelmente abatido por um míssil terra-ar vindo do lado rebelde.
Não é novo: os rebeldes já abateram aviões militares ucranianos, mas estavam a voar a relativa baixa altitude, e uma das batalhas que houve nesta guerra civil envolveu a tomada do aeroporto de Donetsk entre os rebeldes e o exército ucraniano, em maio. Contudo, isto poderá ser uma escalada grave, de consequências imprevisíveis, semelhante do que aconteceu a 1 de setembro de 1983, quando Migs russos abateram o Boeing 747 das linhas aéreas coreanas, o KAL007 que tinha entre os seus passageiros um senador americano. Em plena guerra fria, esse abate aqueceu muito as coisas, que eu me lembre.
O que me impressiona é que os rebeldes tenham agora mísseis capazes de derrubar aviões a 35 mil pés de altitude (cerca de 11 mil metros) e mesmo que tenham feito, foi porque acharam que era um avião da força aérea da Ucrânia. E agora que vejo na televisão, em canais internacionais como a CNN e a BBC, e no Twitter as primeiras imagens dos destroços do avião malaio, pergunto-me: como é que isto vai acabar? É que a 5 de outubro, a Formula 1 vai a Sochi para correr o Grande Prémio da Rússia. Daqui a dez semanas, mais coisa, menos coisa. Mesmo que haja todas as garantias de segurança, como é que o mundo estará nesse momento, com o mundo a colocar os russos como "maus da fita" e provavelmente com apelos ao boicote, a incerteza em relação ao futuro é agora... uma certeza.
E claro, as coisas agora no leste da Ucrânia agora poderão piorar.
P.S: O Luis Fernando Ramos, o Ico, disse esta tarde no Twitter que voou nesse avião em abril de 2009, quando foi a Kuala Lumpur para cobrir o GP malaio. No mínimo, arrepiante.
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