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Donald, nascido a 23 de março de 1921, já tinha experiência e o "bichinho" da velocidade, especialmente depois da guerra. Com a morte do seu pai, em 1948, esperou pelo ano seguinte para tentar a sua sorte com o barco do seu pai, o Bluebird K4. Mas não só não conseguiu, mas soube que Stanley Sayres melhorou o recorde para os 257 km/hora, para além das capacidades do seu barco.
Na altura, Campbell seguia as tentativas de velocidade de John Cobb. Ambos se davam bem, porque ele tinha sido amigo do seu pai. Em 1952, ele tinha construído o "Crusader", o primeiro barco com um motor a jato. E enquanto ele reconstruia o "Bluebird", Cobb ia para o Lago Ness, na Escócia, para bater o recorde de velocidade sobre a água. Mas a 29 de setembro desse ano, durante uma nova tentativa, o barco de Cobb desequilibra-se sobre uma onda e desfaz-se, causando a morte imediata do piloto, que fora cuspido do seu barco no impacto.
Ali, Campbell ficou a saber que aquele poderia ser o seu destino, e que o seu pai até foi um privilegiado por ter tido uma longa vida.
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Depois da água, regressou à terra, onde outra ideia se apossou dele: ter ambos os recordes. Outro carro Bluebird foi construído, com a ajuda da Dunlop e da BP, e com a ajuda de Sir Alfred Owen, que iria ser o dono da BRM, graças à sua firma, a Rubbery Owen. Batizado de CN7, tinha um turbina e cerca de 4450 cavalos, com a esperança de alcançar 450 a 500 milhas por hora, ou... 800 km/hora.
Pronto na primavera de 1960, e equipa foi para o lago salgado de Bonneville, no estado americano do Utah, e a ideia inicial era de chegar aos 700 km/hora nesse ano, ficar com o recorde e depois regressar em 1962, para levar o carro ao limite, ultrapassando os 800 km/hora. Pelo meio, regressaria à água e melhoraria o recorde com o outro Bluebird, e depois, quem sabe, abandonaria a competição, porque já estava perto dos 40 anos e sabia que o futuro era o jato puro e a barreira do som.
Contudo, na sua sexta tentativa, a 360 milhas por hora - cerca de 579 km/hora - perdeu o controle do carro e despistou-se. Foi hospitalizado com fratura craniana e um tímpano perfurado, mas sobreviveu para contar a história. Tinha sofrido o acidente mais rápido em terra e iria contar a história.
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Para 1966, e também para arranjar publicidade para o seu projeto para o carro-foguete, Campbell regressou à água com o seu Bluebird K7. O objetivo era chegar para os 480 km/hora, ou as 300 milhas por hora, se calhar, passar dos 500 km/hora. O lugar escolhido foi Conninston Water, no Lancashire inglês, e Campbell esperava resolver a questão antes do final do ano, quando lá chegou, em setembro. Contudo, problemas no motor o impediram de tentar ao longo do outono de 1966.
O barco ficou pronto em dezembro, e nas primeiras tentativas, andou a rondar os 400 km/hora, pronto para bater o recorde. Mas por causa de problemas com o sistema de alimentação de combustível, Campbell não conseguia chegar à marca pretendida. Alguns dias no estaleiro para tentar resolver o problema, e tudo ficou pronto por alturas do Natal. Com isso, agora, ele esperava por um dia perfeito para tentar. E este só apareceu depois do Ano Novo, a 4 de janeiro.
Na véspera, ele estava a jogar póquer com os amigos quando lhe saiu uma mão com a Rainha e o Ás de Espadas, precisamente as mesmas que Mary, a rainha da Escócia, jogava na véspera da sua decapitação, em 1587. Ao reparar na coincidência, Campbell disse que tinha um mau pressentimento e e acabou dizendo: "acho que acabarei sem cabeça, desta vez." (...)
Contudo, a 4 de janeiro de 1967, há 55 anos, em Conniston Water, Campbell tentou alcançar os 550 km/hora na superfície aquática, no seu Bluebird K7. Na sua passagem de regresso, o seu barco voltou-se e desintegrou-se no impacto, matando-o de imediato. Aos 45 anos, terminava ali o percurso do homem que odiava o verde e o número 13, não corria às sextas-feiras e não se separava de Mr. Whoppit, o seu ursinho de peluche. E é sobre ele que falo este mês no Nobres do Grid.
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