Rosberg era muito veloz. Aliás, na segunda corrida em que correu pela Fittipaldi, em Interlagos, o finlandês "comeu de cebolada" o brasileiro, em casa, depois de um pódio na Argentina, o segundo na história da marca. Foi naquele momento que Emerson entendeu que os seus dias na Formula 1 estavam contados, e a rapidez do finlandês valia a pena o epíteto de "finlandês voador", ou seja merecia essas asas. Para mim, daquela foto do Estoril, em 1986, Rosberg era o "quinto elemento". Afinal de contas, cinco vitórias no palmarés e 17 pódios não são para qualquer um menosprezar.
Theodore, ATS, Wolf, Fittipaldi, Williams e McLaren, foram as equipas onde passou entre 1978 e 86. Ele jurou que a sua retirada, aos 38 anos aconteceu "cedo demais" e prolongou a carreira na Endurance, como piloto da Peugeot, e depois no DTM, onde entre 1992 e 1995, guiou e montou a sua equipa. E depois, cuidou a carreira do seu filho Nico até ele chegar à Formula 1, pela Williams, a equipa que o acolheu em 1982, passando de "zero pontos" a campeão do mundo.
Em 1986, depois de um final de temporada anterior onde o Williams FW10 se tornou na melhor máquina do pelotão - três vitórias nas três últimas corridas do ano, com o finlandês a triunfar em Adelaide, no primeiro GP da Austrália - ele foi para a McLaren, substituir Niki Lauda, que se retirava. Era a máquina do momento, mas se soubesse para que lado o vento soprava, teria ficado com Frank Williams e Patrick Head. Não que o McLaren MP4/2 fosse mau, mas a Williams iria fazer o FW11 e seria bem melhor, com os seus motores Honda mais afinados.
E pior: Alain Prost era o campeão do mundo e o rei da politica interna, bem como um mestre na arte de gerir o carro. Rosberg era bruto, para ser veloz, e o carro não era adequado para o seu estilo de condução. E sofreu. Com algumas excepções.
Uma delas foi no Mónaco, e a outra outra foi na Alemanha, onde fez a sua quinta e última pole-position, e ia a caminho da vitória quando ficou sem gasolina e caiu para quinto. Mas regressemos ao Principado, porque é importante.
Rosberg partiu de nono na grelha, com a pole a ficar nas mãos de Alain Prost, seu companheiro de equipa. O francês andou na frente, sem ser muito incomodado - exceto Ayrton Senna, que largou de terceiro, e ficou com o comando na volta 35 - Rosberg começou a fazer o seu estilo de corrida de trás para a frente. Pulou para sétimo na partida, e começou a pressionar os pilotos na sua frente para cometerem erros, no intuito de aproveitar. Logo na descida do Mirabeau, era quinto, passando o Benetton de Gerhard Berger. A partir dali, ele pressionou o Ferrari de Michele Alboreto como se não existisse amanhã, até passar na travagem para Ste. Devote, para ser quarto. No quesito "siisu", Rosberg, filho de suecos e nascido na Suécia, tinha-o todo.
Depois, foi buscar Nigel Mansell para tentar o terceiro posto, que herdou quando o britânico foi às boxes trocar de pneus. Assim sendo, quem foi vítima do seu assédio? O Lotus de Senna. Já o tinha na mira quando teve de ir às boxes trocar de pneus, caindo para trás de... Alboreto. Com pneus novos, colou-se à sua traseira e claro, regressávamos a um assédio muito finlandês. Para facilitar a vida, deixou-o passar na reta da meta. E depois, foi atrás de Mansell e Senna, para chegar ao pódio.
Nessa altura, o brasileiro tinha ido para a frente, mas já era pressionado por um Prost com pneus novos. Trocaram de lugares quando o piloto da Lotus foi trocar de pneus, enquanto Rosberg tentava chegar a eles. Como Senna demorou, Rosberg herdou o segundo lugar, rumo a uma dobradinha para os comandados de Ron Dennis. A primeira - e única - da temporada.
Mas no final, um susto: o Lola de Patrick Tambay tentava dobrar o Tyrrell de Martin Brundle quando se tocaram em Mirabeau e o carro ficou miraculosamente na pista, evitando cair para o fundo da rua. A corrida continuou e Prost saboreava mais uma vitória, com Senna a conseguir o terceiro pódio da temporada.
Atrás, entre os desistentes, figurava o Brabham de Elio de Angelis. Parara na volta 31 por causa do motor BMW, que explodira. Quatro dias depois, em Paul Ricard, sofria um acidente mortal. Anos depois, Rosberg alou que um dos motivos pelo qual acabou por pendurar o capacete foi a perda de De Angelis, seu bom amigo no paddock.
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