É sabido desde há cerca de duas semanas que as equipas acordaram com um novo sistema de qualificação, onde se decidiu dar um pouco mais de espectáculo à sessão, eliminando os tempos mortos. Uma metade a marcar tempos e outra onde os pilotos terão um minuto e meio para fazer uma marca, sob pena do piloto mais lento ser eliminado até que sobrem dois pilotos lutando pela pole-position.
As construtoras tinham chegado a um acordo e todos esperavam pela reunião do Conselho Mundial da FIA, marcada para amanhã, para ver rectificado este novo sistema de qualificação, e esperavam por Melbourne para vê-la em prática, para que os espectadores pudessem dizer de sua justiça. Contudo, no inicio da semana... Bernie Ecclestone veio baralhar tudo, dizendo primeiro que o software não estaria pronto a tempo da primeira corrida europeia, em Barcelona. E começaram as polémicas.
“[O novo sistema de qualificação] não vai acontecer porque não conseguimos ter as coisas prontas a tempo, não conseguiremos lidar com o software em tempo útil, portanto o novo sistema só deverá estar pronto para Espanha. O software tem que ser rescrito”, começou por dizer um baralhado Eclestone, que deixou claro que a sua preocupação nunca foi este tipo de alterações: “O que eu quero não é nada disto, mas sim baralhar a grelha para que o autor da pole não arranque para a corrida e desapareça. Se ele é rápido em qualificação porque razão seria lento em corrida?“, continuou.
Nos dias seguintes, surgiram outras vozes a colocarem dúvidas sobre esse novo sistema. Sergio Marchionne, o presidente da Ferrari, disse em Genebra - onde fora apresentar a sua marca no Salão Automóvel daquela cidade - que “são precisas mais discussões em torno do novo formato da qualificação. É preciso cuidado para não prejudicar o sistema, e não me parece que a Ferrari possa apoiar esta ideia do Bernie. Ainda é preciso compreender melhor como funcionam, e não me parece que todas as equipas estejam de acordo com a proposta”, afirmou, baralhando ainda mais as coisas.
Em Barcelona, a tensão cresceu entre pilotos e responsáveis das equipas sobre os "manda-chuvas" da FIA e da FOM, tentou-se chegar a um acordo de compromisso, onde a partir de Melbourne, o novo sistema de qualificação seria misto, ou seja, com o novo sistema para a Q1 e Q2, com o Q3 a usar o sistema antigo.
Claro, os pilotos começam a ressentir-se de todos estes avanços e recuos. Nico Rosberg, revoltado, disse o que tinha a dizer: “Estes avanços e recuos não são positivos. Não é uma mudança assim tão grande, portanto é bom que estejamos a considerá-la e incorporá-la agora”, referiu, apontando também “a imagem pouco profissional” que a Formula 1 está a passar para o mundo.
Já Valtteri Bottas apontou que é um risco introduzir estas alterações a meio da época: “É muito estranho que de repente haja uma mudança. Ainda não vou ouvi ninguém a queixar-se e estou de acordo com o sistema. Mas talvez não seja bom mudá-lo a meio do ano. De qualquer modo se decidirem fazê-lo será igual para toda a gente”, comentou.
É certo que toda esta discussão - há uma imagem onde foram vistos alguns pilotos a ter uma postura agitada perante Charlie Whitting numa das reuniões que aconteceu no circuito catalão - faz com que a Formula 1 não tenha uma grande imagem perante os seus fãs. Sempre que o velho Bernie abre a boca, nunca perde uma chance para denegrir a competição que ajudou a construir, e Jean Todt já veio a público criticar estas posturas.
“Podem imaginar alguém que vá ver um filme se o seu diretor disser – ‘o meu filme é uma m…’? Se queremos vender um produto, a crítica deve ser interna, não externa. Temos de voltar a representar uma imagem positiva da Fórmula 1”, afirmou Todt, que recentemente fez 70 anos.
De facto, se a imagem que temos da Formula 1 é de confusão, as razões são muitas. A principal é a de uma luta interna pelo controlo da competição. As equipas querem ter uma palavra a dizer, mas nunca se entenderam totalmente sobre que tipo de competição querem. Bernie Ecclestone, que tornou a Formula 1 naquilo que é hoje, sempre explorou as divergências entre equipas para levar adiante a sua ideia, e não é surpreendente que o antigo patrão da Brabham tenha o controlo do calendário, do mershandising da Formula 1 - os dinheiros da televisão, dos contratos com os circuitos e os patrocinadores lhe rendem 15 por cento dos lucros - e a FIA gostaria de voltar a ter uma palavra a dizer, que foi retirada em 2002 por Max Mosley com o seu famoso "acordo dos cem anos", que entregou a sua parte do quinhão a Bernie, que o vendeu à CVC Capital Partners, um fundo financeiro que ganha, sem apertar um parafuso sequer, cerca de 35 por cento das receitas da Formula 1, avaliadas em 2014 em 1,8 mil milhões de dólares.
Portanto, de uma certa maneira, tudo isto pode não passar de uma luta pelo poder, com tecnologia pelo meio. Toda esta confusão por causa de regras e regulamentos acontece porque um homem quer controlar tudo, ao arrepio de equipas ou de entidades. Até nos admiramos como é que isto não chega a extremos...
É certo que toda esta discussão - há uma imagem onde foram vistos alguns pilotos a ter uma postura agitada perante Charlie Whitting numa das reuniões que aconteceu no circuito catalão - faz com que a Formula 1 não tenha uma grande imagem perante os seus fãs. Sempre que o velho Bernie abre a boca, nunca perde uma chance para denegrir a competição que ajudou a construir, e Jean Todt já veio a público criticar estas posturas.
“Podem imaginar alguém que vá ver um filme se o seu diretor disser – ‘o meu filme é uma m…’? Se queremos vender um produto, a crítica deve ser interna, não externa. Temos de voltar a representar uma imagem positiva da Fórmula 1”, afirmou Todt, que recentemente fez 70 anos.
De facto, se a imagem que temos da Formula 1 é de confusão, as razões são muitas. A principal é a de uma luta interna pelo controlo da competição. As equipas querem ter uma palavra a dizer, mas nunca se entenderam totalmente sobre que tipo de competição querem. Bernie Ecclestone, que tornou a Formula 1 naquilo que é hoje, sempre explorou as divergências entre equipas para levar adiante a sua ideia, e não é surpreendente que o antigo patrão da Brabham tenha o controlo do calendário, do mershandising da Formula 1 - os dinheiros da televisão, dos contratos com os circuitos e os patrocinadores lhe rendem 15 por cento dos lucros - e a FIA gostaria de voltar a ter uma palavra a dizer, que foi retirada em 2002 por Max Mosley com o seu famoso "acordo dos cem anos", que entregou a sua parte do quinhão a Bernie, que o vendeu à CVC Capital Partners, um fundo financeiro que ganha, sem apertar um parafuso sequer, cerca de 35 por cento das receitas da Formula 1, avaliadas em 2014 em 1,8 mil milhões de dólares.
Portanto, de uma certa maneira, tudo isto pode não passar de uma luta pelo poder, com tecnologia pelo meio. Toda esta confusão por causa de regras e regulamentos acontece porque um homem quer controlar tudo, ao arrepio de equipas ou de entidades. Até nos admiramos como é que isto não chega a extremos...
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