Há precisamente 40 anos, a Formula 1 assistia a um dos acidentes mais horríveis da sua história. É verdade que o automobilismo viveu os seus momentos sombrios, mas este atingiu em particular devido ao grafismo da cena. A ideia de uma pessoa destruída pelo carro de outra, o carro desgovernado com o seu ocupante morto, acelerando até ao final da reta, batendo noutro carro e acabar por parar na gravilha, sem cabeça, no final de um momento terrível.
Para piorar as coisas, na Shadow, aquele era o seu segundo pior momento, e de novo na África do Sul. Quase três anos antes, numa sessão de testes, viram Peter Revson terminar a sua vida quando a suspensão do seu DN3 se quebrar e o carro entrar no guard-rail adentro na curva Crowthorne, matando o seu ocupante. E Pryce tinha sido o seu substituto...
Por estes dias, coloquei no site onde agora trabalho, o Autoracing, uma biografia de Tom Pryce. Via-se que era um piloto que adorava automobilismo, gostava de guiar porque era o seu mundo, a sua vida. A fama, a fortuna, a chance de ser campeão, era algo secundário. Houve uma chance de ir para a Lotus em 1975, mas acabou por não acontecer. Não se sabe se ele seria poupado a isso, mas como se sabe que Chapman andou algum tempo até encontrar Mário Andretti e este lhe ter dado a chance de ser campeão, o que poderia ter acontecido.
Ou então, se tivesse vivido mais tempo e saboreado aquilo que o seu substituto, o australiano Alan Jones, acabou por saborear, quando conseguiu vencer uma corrida e subir ao pódio por mais uma vez, dando à equipa 21 dos 23 pontos conquistados em 1977. A ideia de vê-lo à beira de algo grande deve ser provavelmente a maior frustração que se pode dizer sobre Tom Pryce.
Hoje, 40 anos depois, os carros são fabricados de outra forma. A velha Kyalami não existe mais, a Formula 1 não corre mais em paragens sul-africanas, a Shadow não existe, mas a memória de Pryce continua tão viva como antes.
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