quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

A implosão do carro a gasolina vai ser mais veloz que se imagina

Por estes dias de revolução automóvel, ando a ver frequentemente alguns canais do Youtube que falam sobre a electricidade e como esta revolução poderá alterar o mundo em que vivemos, como a entrada de várias tecnologias no passado alteraram as nossas vidas desde finais do século XIX. Primeiro, o telefone, depois o automóvel - o com motor de combustão interna (MCI) - depois, o rádio, a televisão a preto e branco (e a cores), o computador, a Internet, o telemóvel, etc... até aos dias de hoje.

O automóvel elétrico deverá ser aquilo que foi a televisão a cores em meados dos anos 70, inicio dos anos 80: uma melhoria na qualidade de vida, e como mais é melhor. E claro, calhou na mesma altura em que surgiram as primeiras consolas de jogos - no meu caso em particular, o ZX Spectrum, do Clive Sinclair. Mas se já vemos nas estradas os Tesla, os Renault Zoe e os Nissan Leaf, por estes dias sabemos que os chineses vêm aí em força, os coreanos estão a fazer versões elétricas dos seus carros, e nos Estados Unidos, uma nova marca, a Rivian, apresentou não um, mas dois todo-o-terreno, na linha de um Range Rover, mas pode ser o principio da electricidade num campo dominado por veículos a Diesel vindos das "Big Three" americanas.

Ontem, via o video de um dos canais do qual sou subscritor, o "Now You Know". É americano, com uma dupla pai-filho, já falei sobre eles no passado, quando fizeram uma série de videos sobre o futuro dos carros elétricos e autónomos. De como essa revolução poderá acabar com os parques de estacionamento tal qual como conhecemos, por exemplo, e como poderemos nem ter uma explosão de automóveis nas estradas, porque iremos aprender a partilhar os nossos carros com outros, quando eles estão parados, mediante um certo valor.

Pois bem, no video que vi ontem, eles falam de um artigo escrito por Ross Tessian no site Seeking Alpha, onde ele fala sobre a implosão dos três construtores americanos e de algo que chama de "oil glut" dentro de cinco anos, devido à excessiva oferta de petróleo, que fará descer os preços do barril de ouro negro a níveis muito baixos, mesmo que os países produtores cortem com a produção. Ele fala que em 2025, ou seja, dentro de sete anos, as vendas de automóveis a combustão interna cairão para metade do que são atualmente. E não se fala apenas de carros individuais, fala-se, por exemplo, de transportes públicos. 

Acho que temos a certeza que provavelmente, muita gente comprou ou detêm o seu último carro a combustão interna, e dentro de dois, quatro ou seis anos, quando quiserem trocar de carro, irão para um elétrico. Não só eles estarão mais baratos, em novos, como também os usados, que irão aparecer em força, também serão mais baratos. E ele fala que em 2031, dentro de treze anos, poderão estar a circular 1,2 mil milhões de automóveis elétricos nas ruas um pouco por todo o mundo. As mais recentes previsões apontam isso para... 2051, ou seja, daqui a 33 anos. O "futuro distante" está a se aproximar a uma velocidade vertiginosa.

Aliás, já se fala em 2019, nos Estados Unidos, que quando as frotas largarem os seus Tesla Model S para compara carros novos, estes estarão à venda por cerca de 30 mil dólares, o equivalente a um Model 3 novo, mesmo com o nível de equipamento básico, mas com autonomia de 300 quilómetros.

Em paralelo, soube-se recentemente que a circulação atual de três milhões de automóveis elétricos nos Estados Unidos, China e Europa fazem com que não se consumam 250 mil barris de petróleo por dia, e a este ritmo, dentro de cinco anos, isso poderá chegar a um milhão. E no ritmo de produção, haverá tanto crude à disposição que o preço despenhará de novo. E só se cortar na produção é que poderá haver uma constante nos preços, mas as consequências de cortar na produção são fortes. Por exemplo, nos Estados Unidos, onde o "shale oil" vindo de estados como o Oklahoma ou o Nebraska, e produzidos por pequenos produtores, poderão falir porque dependem do preço do crude a determinado preço. E se estiver a 40 dólares, como esteve em 2015, poucos sobrevivem.

Assim sendo, eles falam até de um equivoco: com a troca dos carros a gasolina por elétricos dentro de cinco anos, existirão muitos carros a gasolina baratos para as pessoas comprarem. Mas esses carros precisam de reparações, e os mecanicos de automóveis irão prosperar com esses carros na oficina. Mas isso poderá ser um último "hurra" desses mecânicos, porque como os elétricos terão muito menos manutenção - muito menos peças móveis, não há trocas de óleo, correias de motor, entre outras coisas - boa parte dessas oficinas fecharão quando os carros a gasolina começarem a escassear. E mais: as regulamentações nacionais, que restringirão a circulação desse tipo de carros nos centros das cidades, farão o que estão a fazer aos fumadores hoje em dia. Como não podem fumar dentro de espaços fechados, são obrigados a fumar lá fora, e isso os faz sentirem cada vez mais desconfortáveis. E ninguém gosta de ser o mau da fita...

Em suma, o "futuro distante" é já ao virar da esquina. Aos que dizem que essas coisas só acontecerão depois de morrer, como dizem agora os da geração do meu pai, provavelmente verão essa revolução ainda no seu tempo de vida. É certo que os carros elétricos são agora caros - o preço do Modelo 3 em Portugal será muito alto (60 mil euros, para começar) devido aos impostos, mesmo com o beneficio de 2500 euros na compra de um elétrico novo - mas quando os usados valerem vinte mil e menos que isso, quando a quota for já grande - este ano vai ser de cinco por cento, com previsões do quádruplo em 2021 - aí sim, o elétrico será uma alternativa bem viável e bem credível.

1 comentário:

Milton Rubinho disse...

Cara, li o texto e concordo com algumas coisas.

Porém, algumas indagações me vem a mente:

1- O carro elétrico era visto como alternativa a escassez do petróleo. Então, como assim um aumento da demanda de petróleo no mundo?

2-Motores e transmissões serão consideravelmente mais simples, e isso é fato. Mas não creio que as oficinas mecânicas deixarao de existir tão vertiginosamente, visto que um auto é muito mais que motor/transmissão. Há peças de suspensão, freios, direcão, pneus e rodas, e esses conceitualmente não precisam ser necessariamente tão distintos na comparação entre carro elétrico/carro combustão.

3- Ainda sobre essa questão de motores e reparabilidade, temos que ter em mente que há uma necessidade de atualização do pessoal que trabalha em reparação automotiva, visto que um choque elétrico de uma fonte usada para locomoção automotiva e algo forte. Lembra do mecânico da F1 voando longe ao tocar no auto no início dos híbridos?