sábado, 13 de janeiro de 2024

O Gamechanger?


Neste final de semana, a Formula E começa a sua temporada na altitude da Cidade do México, no calendário mais longo de sempre, com 16 corridas - e já tivemos o cancelamento da ronda de Hyderabad, na Índia. Mas se teremos 22 carros na grelha com nomes como Maserati, McLaren, Porsche, Nissan, Andretti e Mahindra, entre outros, a grande novidade desta temporada poderá ser algo que poderá libertar estes carros da sua maior limitação: energia.

É que estes carros da Gen3 poderão ser carregados com energia, em algo semelhante ao reabastecimento. Isso acontecerá na ronda dupla de Misano, em Itália. Os testes aconteceram na pré-temporada, em Valência, e depois de terem existido dúvidas sobre a sua utilização na temporada, esses "attack charges" ou "fast charges" acontecerão durante uma janela para reabastecimento, obrigatório, onde irão recarregar e regressar á pista para tentar completar a corrida, e provavelmente, afetar as estratégias dos pilotos para andarem a fundo ao longo da corrida. E ali, haverá um tempo de paragem mínimo, que poderá ser de 30 segundos. E se não reabastecerem - ou recarregarem - não poderão usar o Attack Mode durante a corrida.

Ao longo dos testes, a FIA e a Formula E efetuaram diversas simulações e chegaram à conclusão que isti poderá quebrar o ritmo das corridas e a proximidade das batalhas entre os pilotos, que tem sido a característica principal destas corridas ao longo das 10 temporadas da competição, e dos carros das três gerações. Quando a temporada começar, os pilotos praticarão com um "booster" com 4kW.

Falando no passado mês de outubro no site the-race.com, Oliver Rowland falou sobre o que isto poderá trazer para as corridas, e afirmou que neste tipo de estratégia “não faria sentido ficar muito tempo de fora porque então você se colocaria em risco de um safety car, o que arruinaria completamente a sua corrida”, começou.

Acho que há também o elemento do tempo de pitstop e em alguns circuitos onde você poderia recuar uma volta se estiver no meio do pelotão, e então um safety car, caso acontecesse naquele momento, poderia ser um pouco estranho. Existem alguns cenários [onde se joga] com o tempo e onde acho que as coisas podem ser um pouco vagas. Mas acho que é exatamente isso que vimos no momento, e como as coisas podem acontecer na corrida, também queremos evitar parecer um pouco tolos.”, concluiu.

Jake Dennis, o campeão de 2023, falou sobre o sistema a refere que ainda tem algumas dúvidas sobe a eficiência do sistema, mas que praticarão até abril, altura da rodada dupla no circuito italiano.

No momento, não estamos totalmente confiantes em todos os sistemas, em tentar fazer com que tudo funcione perfeitamente [no inicio da temporada]. Então foi adiado até Misano”, começou por afirmar. “Não estamos parados, à espera até à altura. Cada sessão de treinos, cada corrida que fizermos até Misano, praticaremos isso e melhoraremos o software de cada equipa. Portanto, será um grande processo de desenvolvimento até quando isso acontecer.

E em relação a como está a ser acolhido pelo pelotão, o piloto da Andretti afirmou que será um grande desenvolvimento para a competição, não só em termos tecnológicos, como em termos da competição e na mobilidade elétrica propriamente dita.

A maioria de nós, ou pelo menos todos os pilotos que conheço, está entusiasmada com a ideia de ter o Fast Charge. Mas precisamos ter certeza de que isso foi feito corretamente. Acho que faremos isso e adiaremos até que Misano seja a decisão correta. Contanto que cada equipa e os pilotos trabalhem duro de agora em diante, devemos estar em uma situação muito fiável e segura para [conseguir] fazê-lo.”, concluiu.


A própria Formula E acredita que isto poderá ser algo que seja um agente de mudança, não só em tempos de competição, como também no avanço em termos de tecnologia, em relação ao carregamento das baterias, que ajudaria depois na engenharia e tecnologia do dia a dia. E acreditam que isso não só fará o carregamento de baterias mais velozes, como poderá contribuir para o aceleramento da adopção da tecnologia num dos aspetos mais vulneráveis: a velocidade de carregamento. 

E parecendo que não, isto poderá mudar algumas coisas em relação aos circuitos. Até agora, a competição elétrica corria em circuitos urbanos, algo pequenos - normalmente, entre dois mil e dois mil e quinhentos metros de extensão. E não só isso serviria para mostrar que uma competição poderia ser compatível com o facto de ter corridas no meio da cidade - os carros não poluem em termos de barulho e combustível, e o impacto ambiental é bem menor que uma corrida com carros a combustão - como queriam mostrar às pessoas que poderiam trazer esta competição às massas. Contudo, está-se a assistir à transição para as corridas em circuitos permanentes, como se pode ver com Misano, porque na corrida da cidade de Roma, no ano passado, uma carambola a alta velocidade colocou à vista as vulnerabilidades deste tipo de pista urbana.

Caso o Charge Mode dê certo, é provável que outras coisas que existam nas competições a combustão - pneus slicks, por exemplo - poderão ser colocados nos carros, a partir da Gen4, que se prevê para 2026, e com isso, uma grande quantidade de pistas permanentes, todos de Grau 1, poderão ser considerados e dar à competição elétrica mais coisas interessantes em termos de emoção, condições, e sobretudo, atractibilidade. 

É esperar pelo futuro. Que começa este sábado, na Cidade do México.      

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