quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

No Nobres do Grid deste mês...


Começa a ser frequente as dinastias automobilísticas, quer nos Estados Unidos, quer na Europa. Pais, filhos e até netos já experimentam as sensações da velocidade, e este ano, como sabemos, tivemos em Max Verstappen o quarto filho de piloto de Formula 1 a ser campeão do mundo. E há muitos mais noutras categorias, como os Unsers ou os Earnhardts na América, ou os Nakajimas no Japão. Mas muito antes disso, no Reino Unido, uma família apanhou o bicho da velocidade e marcou o seu nome na história do automobilismo. E nem antes, nem depois, nenhuma família se dedicou aos recordes de velocidade. Falo dos Campbell, e o primeiro da dinastia, Malcom Campbell. (...)

(...) Trabalhando para a Sunbeam, em 1924, aos 39 anos, pede para que se faça num carro especial para bater o recorde de velocidade em terra. Com isso nasce o 350HP, que tem um motor V12 com esse número de cavalos. Pintado no azul que se tornara a sua cor da sorte, foi para a praia de Pendine Sands, no País de Gales, faz 235.22 km/hora, marcando o seu primeiro recorde mundial em terra.

No ano seguinte, pilota um Chrysler Speed Six e torna-se no primeiro piloto a fazer Brooklands a uma velocidade média de 160 km/hora - cem milhas por hora - e voltou ao seu 350HP para fazer 242,8 km/hora, o primeiro a fazer as 150 milhas por hora. O recorde aguentou-se por sete meses, até ser batido por Henry Segrave, no primeiro dos seus recordes mundiais. 

Sabendo que o carro tinha os seus limites, começou a construir outro. Projetado por ele e com um motor Napier, tornou-se no primeiro dos Bluebird. Tinha um motor W12 de 23,2 litros, que tinha 502 cavalos, e em fevereiro de 1927, em Pendine Sands, tentou a sua sorte no recorde de velocidade. Apesar de andar perto dos 320 por hora - 200 milhas por hora - no final das suas passagens, conseguiu 281.45 km/hora, suficiente para que o recorde de velocidade voltasse para as suas mãos.

Mas menos de um mês depois, Henry Segrave conseguiu bater a barreira das 200 milhas por hora. Campbell não queria ver os carros passar, e decidiu modificar o seu carro, rebatizando-o de "Bluebird III". Pediu um motor Supermarine S.5, com 900 cavalos, vindo da aeronáutica, e adaptou-o ao seu carro. Melhorando-o aerodinamicamente nas instalações da Vickers, com uma cauda para efeitos aerodinâmicos, onde foram colocados os radiadores. Quando o carro foi mostrado, um jornal francês comparou-o... a uma baleia. (...)


Há um século, o mundo começa a ficar pendurado com as tentativas de ser o piloto mais rápido à face da Terra, e no mês passado falei de Henry Segrave, um piloto britânico que bateu recordes na terra e no mar, antes de um acidente em 1930 o ter tirado a vida. Este mês falo de Malcom Campbell, o primeiro de uma família que teve a velocidade nos seus genes. Ao longo de uma década e meia, até ao inicio da II Guerra Mundial, Campbell bateu recordes na água e em terra, a bordo de carros pintados de azul, a sua cor favorita, dando o apelido de "Bluebird".

E é sobre ele e os seus feitos que escrevo este mês no site Nobres do Grid.

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