quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A imagem do dia

Stirling Moss faz hoje 86 anos de idade, e a cada dia que passa, parece ser o último elo de um passado cada vez mais distante, aquele onde as coisas eram vistas de forma mais "romântica" para muita gente, mas na realidade, a segurança era zero e a possibilidade de morte era bem alta.

Moss chegou à Formula 1 na "altura certa", fazendo parte de uma geração que era demasiado jovem para correr nos anos 30, e era adolescente quando aconteceu a II Guerra Mundial. Como ele, apareceram pilotos como Mike Hawthorn, Peter Collins ou Graham Hill, que apanharam os seus rivais quando estes já eram demasiado velhos, mas que corriam na mesma, como Juan Manuel Fangio ou Nino Farina.

Moss teve também a estrela da sorte ao seu lado: sobreviveu a uma era onde era normal os pilotos sofrerem um grande acidente a cada cinco anos, e na maior parte dessas vezes, o acidente era fatal. Talvez tenha aprendido uma ou duas coisas do seu companheiro de equipa Fangio, que sempre andava no limite sem o passar. Antes do seu grande acidente em Goodwood, em abril de 1962, Moss sofrera outro grande acidente no GP da Belgica de 1960, a bordo de um Lotus da Rob Walker Racing.

Outra grande ironia é que Moss nunca venceu o campeonato do mundo, apesar de todos disserem que era um dos melhores da décda de 50, e ter conseguidos grandes feitos com carros inferiores e em circunstâncias desfavoráveis. As suas vitórias no Mónaco, em 1960 e 1961, a bordo dos Lotus, são um bom exemplo disso. E também o seu "fair-play", especialmente no GP de Portugal de 1958, fez com que impedisse Mike Hawthorn de ser desclassificado, e assim ter uma real chance de título. Pode não ter ganho títulos mundiais, mas ganhou o respeito de toda a gente.

Mas não foi só na Formula 1 que marcou o seu nome. A Endurance e os ralis também têm o seu nome marcado em várias corridas. Participou nas 24 Horas de Le Mans e nas Mille Miglia, e a sua vitória na ediçao de 1955 foi memorável, especialmente com as notas tiradas pelo jornalista Dennis Jenkinson, que com um rolo, lhe dizia os atalhos e os perigos existentes na estrada. Acabou por ser o protótipo do navegador nos ralis, graças à vitória retumbante - com recorde - que tiveram na corrida italiana.

Quando Moss teve o seu acidente em Goodwood, tinha apenas 32 anos, mas uma carreira que tinha começado doze anos e meio antes, em 1949. Caso não tivesse tido o acidente, seria altamente provável vê-lo correr até meados dos anos 70, tal como fez Hill. Não saberiamos se corresse até essa altura, se morreria pelo caminho, ou se conseguisse algum título mundial, mas teria sido interessante ver se ele faria mais de duas décadas de automobilismo, como fez Graham Hill, por exemplo.

Contudo, no final, ficou a pessoa, as suas histórias, e a sua aura de campeão, sem o ser. Moss ainda é acarinhado pelas pessoas sempre que vai aos eventos de carros antigos, como Goodwood, por exemplo. E a Grã-Bretanha já reconheceu os seus feitos, condecorando-o e chamando-o de "Sir". E merece. 

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