Contudo, por esta altura, ouviu-se muito as declarações de outra pessoa, o americano Zak Brown, que afirmava sobre o potencial que a Formula 1 tem sobre novos mercados e novas plataformas, do qual dizia estarem subvalorizadas. O que não se sabia era que Brown estava dar dicas sobre o seu futuro emprego, pois esta segunda-feira ele demitiu-se do seu cargo na agência de publicidade na Chime Comunications e o seu objetivo é o de trabalhar na área comercial da Formula 1. E provavelmente, ele deverá ser o sucessor de Ecclestone, a pessoa que lidará não só com a parte comercial, como lidará com todos os atores desta competição: os organizadores, as equipas do Grupo de Estratégia e a própria FIA.
Brown é americano, tem 44 anos (nasceu a 7 de novembro de 1971) e foi piloto de automóveis. E não foi um "gentleman driver" qualquer: uma extensa carreira nos karts levou-o a correr no inicio da década de 90 nas formulas de acesso, como a Formula Opel-Lotus, a Formula 3 alemã, a Formula 3 britânica e a IndyLights. Não chegou à Formula 1 ou à IndyCar, e nos últimos anos tem andado a correr nos GT's, quer no campeonato britânico, quer no internacional, correndo num McLaren MP4-12C, por vezes tendo o português Álvaro Parente como seu parceiro de condução. No meio disto tudo, Brown fundou a United Autosports, que participa em diversos eventos de GT's um pouco por todo o mundo. E fundou em 2010, com Bobby Rahal, a Historic Motorsports Productions, onde se guiam carros históricos de várias categorias. E ele corre com alguns deles, por exemplo, no GP histórico do Mónaco.
Portanto, de carros e de organização, percebe ele. E - pequeno parêntesis - por estes dias, o Peter Windsor está a publicar na sua conta no Youtube, uma série de entrevistas com ele. quando estiver completo, eu colocarei aqui.
Sobre ele, outro jornalista, Joe Saward, falou que ele tem "um trato fácil" e tem "objetivos ambiciosos" para a Formula 1, o que seria interessante de o ver em contacto com outras pessoas, especialmente na FIA e no Grupo de Estratégia. Manda-chuvas de equipas como Sergio Marchione, Toto Wolff, Frank Williams - e a sua filha Claire - ou Ron Dennis, entre outros. E ele falou sobre a área do qual a Formula 1 desprezou até agora: o marketing digital.
"Greg Maffei, da Liberty, fez recentemente o ponto [em que disse que] a Formula One Group tem 17 patrocinadores oficiais, enquanto que, em comparação, a Major League Baseball tem 75. Eles também tinha dezenas de pessoas na secção de marketing, enquanto a Formula 1 tem apenas três. O desporto tem também menos de um por cento das suas receitas provenientes de actividades digitais, apesar de terem o potencial para fazer muito mais, especialmente nos jogos, na realidade virtual e realidade aumentada. Há também dinheiro a ser feito a partir de jogos de azar, em particular na Ásia.
A Liberty está a planear aumentar o número de corridas, mas não tem planos aparentes para reduzir as taxas de hospedagem. Contudo, a sua abordagem é diferente e o seu estilo pode torná-lo mais fácil atrair o dinheiro do governo, o que realmente deveria estar acontecendo em todas as corridas. Ao mesmo tempo, tem de estar disposto a levar em sua própria promoção em mercados-chave que não irão colocar tais taxas, nomeadamente os Estados Unidos".
Primeiro que tudo, essa "nascarização" das corridas não é uma ideia virgem. Houve pessoal que andou a pensar nisso na última década, como por exemplo Flávio Briatore. A ideia de ter corridas duplas, ao fim de semana, uma corrida de "sprint" no sábado e uma enorme, ao domingo, poderia atrair imensa gente para a competição, e em consequência, mais receitas para os espectadores. Contudo, num calendário de 21 corridas, passar a ter 42 (a NASCAR chega aos 60) tem um problema. É que falamos de uma competição global, em que aviões, máquinas e pessoas tem de se deslocar de um lado para o outro num dia, atravessando inúmeros fusos horários. E muitas das vezes, as pessoas ficam ausentes das suas famílias por mais de um mês. Não admira que as taxas de divórcio sejam bem altas entre os mecânicos e pilotos... quem quer ter a vida que essa gente tem?
Eu sei que é muito bonito os fanáticos dizerem que deveria haver 52 corridas por ano, mas quem está sentado no sofá não passa o inferno que essa gente passa: entrar e sair de aeroportos, enfrentar burocracias de países que fazem a vida deles bem difícil, andar por ali por dois ou três dias, sem oportunidade de desfrutar do país, e depois, quando chegam a casa, não podem ter a oportunidade de gozar tempo de qualidade com a familia, porque logo a seguir está a arrumar as malas para ir ao outro lado do mundo e fazer as mesmas rotinas. É uma profissão de desgaste rápido para toda a gente, e nem todos tem a "estaleca" para isso.
Uma "nascarização" da Formula 1 tinha de ser muito benéfica para que isso acontecesse. E há muitas maneiras do qual se podem aumentar as receitas sem ter de mexer no calendário, sem ter o dobro das corridas e vermos o campeão do mundo a sê-lo com 600 ou 800 pontos no bolso. Como já foi dito, as redes sociais foram uma área menosprezada ao longo destes últimos anos, e capitalizá-lo, sem mexer no calendário nos próximos anos, poderia dar mais receitas à FOM, e em consequência, distribui-las pelas equipas e tornar mais atraente. E arranjar mais patrocinadores ditos "maiores" poderá aliviar o fardo dos organizadores em arranjar os seus próprios patrocinadores para financiar os seus Grandes Prémios, para além do dinheiro dos estados, que muitas das vezes dão - de forma cada vez mais relutante, apesar dos benefícios nas suas economias locais - para manter a Formula 1, pelo menos na Europa.
Mas como já foi dito antes, ter uma pessoa como Zak Brown ao leme da FOM e da Formula One Group, como um digno sucessor de Bernie Ecclestone, com novas ideias para o século XXI seria benéfica para todos. Com ou sem a "nascarização" da categoria máxima do automobilismo.
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