sábado, 6 de junho de 2020

No Nobres do Grid deste Mês...


(...) "Grand Prix Saboteurs" [é um livro que] foi publicado em 2006 e escrito pelo jornalista britânico Joe Saward. Um veterano com mais de 400 presenças nos fins de semana da Formula 1, fundador do site grandprix.com, fez a sua primeira incursão na literatura devido à curiosidade sobre dois pilotos de entre-guerras, com um largo palmarés: o britânico William Grover "Williams", vencedor do primeiro GP do Mónaco, em 1929, num Bugatti pintado com as cores britânicas, e o francês Robert Benoist, piloto que correu nos anos 20 e 30, ao serviço da Bugatti oficial, e vencedor das 24 Horas de Le Mans em 1937, aos 42 anos de idade.

Ali se contam as suas aventuras, carreiras, e de como na II Guerra Mundial se tornaram membros do SOE, Special Operations Executive, e acabaram por ser traídos e entregues aos nazis, nos últimos dias da Ocupação, no verão de 1944, acabando por ser executados por espionagem.

(...)

A Special Operations Executive foi um corpo criado a 22 de julho de 1940 por Winston Churchill. O seu propósito era de organizar espionagem, colher dados, ajudar organizações da resistência em países ocupados pelos nazis e sobretudo, fazer operações de sabotagem atrás das linhas inimigas, com o propósito de os manter ocupados enquanto os Aliados progrediam no terreno. Os seus recrutas tinham de ter proficiência em línguas estrangeiras, especialmente os expatriados, e depois de algumas entrevistas, passavam por campos de treinamento, onde eram ensinados a manejar explosivos, saltar de para-quedas, resistir aos interrogatórios do inimigo, especialmente a Abwehr, os serviços de espionagem da Wermacht, e a SD, ou "Sicherheinsdienst", a agência secreta da temida SS, o corpo comandando por Heinrich Himmler.

A SOE queria expatriados, e Grover cabia perfeitamente nessa parte, porque sabia ambas as línguas. Depois de meses de treinos um pouco por todo o Reino Unido, foi largado de para-quedas em meados de 1942 na região de Le Mans e depois de apanhar alguns transportes, chegou a Paris, onde começou a elaborar uma rede de contactos na resistência, para se preparar para a invasão anglo-americana.

Por esta altura, Benoist, que tinha sido recrutado para trabalhar na rede Prosper - que tinha o seu nome graças ao agente que a usava, um francês chamado François Suttil - graças aos seus contactos na Bugatti e pelo seu desejo de resistir aos invasores, usava as suas propriedades para recolher armas, receber operadores de rádio e seus aparelhos, e ajuda membros para escapar das garras dos serviços secretos, que queriam desmantelar essas redes. Contudo, em meados de 1943, tinham conseguido infiltrar na rede Prosper, desmantelando-a em junho de 1943, aparentemente graças à prisão de Suttill. Grover foi um dos agentes capturados nessa altura, embora testemunhos posteriores terem dito que ele não cedeu aos interrogatórios na sede da SD, na Avenue Foch, no centro de Paris.

A história dos agentes que foram atrás da linhas inimigas e que tentaram passar informações, bem como se preparar para atos de sabotagem, é um capitulo da história conhecida, mas pouco explorada. Diversas leis que impediam a sua divulgação por muitos anos após o final do conflito impediram que se conhecesse todos os pormenores dos agentes que trabalharam nela e o que andaram a fazer, antes de serem capturados pela secreta alemã, alguns torturados, outros obrigados a trairem-se e alguns até acabarem por ser levados para campos de concentração e mortos. 

Sobre essa história, e o envolvimento de alguns dos pilotos mais importantes do Grand Prix de entre-guerras (Grover foi o primeiro vencedor do GP do Mónaco, Benoist vencedor das 24 Horas de Le Mans pela Bugatti), eu conto tudo isso este mês no Nobres do Grid.

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