quarta-feira, 5 de junho de 2024

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Em tributo a Parnelli Jones, que morreu nesta terça-feira aos 90 anos de idade, falemos sobre as circunstâncias da sua vitória nas 500 Milhas de Indianápolis de 1963, a sua única, e também de uma decisão que o comissário-chefe queria implementar, mas acabou por não o fazer, para evitar tumulto entre o público. 

Em 1963, Jones, então com 29 anos, tinha-se tornado num dos melhores pilotos da USAC, depois de muito tempo nas Midget Series, e correndo pela A.J. Agajanian, que o descobrira e o colocara no asfalto... dizendo melhor, no "Brickyard". A sua chegada até tinha acontecido no inicio do desafio da Lotus, a equipa de Formula 1 que tinha inscrito dois carros de motor traseiro, o contrário da grande maioria do pelotão, que ainda corriam com motores na frente. Dois anos antes, Jack Brabham, num Cooper, calou os críticos e acabou numa honrosa nona posição.

Depois de uma batalha de qualificação contra o Lotus de Jim Clark, Jones acabou na pole-position, sendo o primeiro a chegar aos 150 milhas por hora de média, nas quatro voltas que os pilotos dão para calcular a sua média. 

No dia da corrida, Parnelli Jones estava disposto a ir para a frente e ganhar. Contudo, antes, o chefe dos comissários, Harlan Fengler, decidiu avisar que qualquer piloto que deixasse óleo na pista seria imediatamente desclassificado. Ele até afirmou: "não acreditem no que digo, apenas tentem-me". 

Depois da partida, ele foi para a liderança, ficando até à wolta 63, altura em que perdeu para Roger McCluskey, e depois, para Jim Clark, mas recuperou na volta 96, para não mais largar. Mas na parte final, foi ameaçado por dois pilotos: Clark e Eddie Sachs, outro dos grandes pilotos da altura, apelidado de "O Palhaço dos Circuitos", onde afirmava a seguinte frase: "se não vences, ao menos sê espetacular". Já tinha duas pole-positions, mas nunca tinha ganho a corrida. Na volta 179, Sachs fizera um pião, mas conseguiu continuar. 10 voltas depois, porém, novo despiste o fez acabar no muro. Nessa altura, Parnelli tinha uma fuga de óleo no seu carro, mas não era problemático, que o impedisse de ganhar a corrida. 

Mas depois, houve polémica. Fengler queria ter mostrado a bandeira negra a Jones, que sinalizaria a ele para ir às boxes e verificar a extensão da fuga de óleo, e claro, negar a vitória a ele. Agajanian foi protestar, pedindo que ele continuasse, afirmando que a fuga é menor, e no final da corrida, pediu para que deixasse passar. Colin Chapman pensou em protestar a vitória, mas quando afirmaram que outos carros também tinham deixado largar óleo, Fengler decidiu não desqualificar Jones e este foi celebrar.

Quem não achou piada foi Eddie Sachs. Ironicamente, o piloto que sempre levava as coisas na brincadeira ficou chateado pelo facto de ter sofrido um despiste perto do fim e numa posição de ataque a Jones. No dia seguinte, no jantar de consagração, ele e Parnelli começaram a discutir e as coisas acabaram com uma troca de socos um no outro. Chapman, Lotus e a Ford reconheceram que teria sido melhor não protestar porque uma vitória "na secretaria" seria muito pouco popular para o público e o melhor seria que comemorassem, porque a hora deles iria chegar. 

Isso iria acontecer dois anos depois, em 1965. Infelizmente, Eddie Sachs não estaria vivo para apreciar, porque tinha sido um dos pilotos que morrera na edição de 1964, com o carro de Dave McDonald, na primeira volta da corrida.  

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