terça-feira, 1 de julho de 2014

Os Pioneiros - Capitulo 31, as origens de Indianápolis

(continuação do capitulo anterior)


1909: O COMEÇO DE UMA LENDA AMERICANA


As coisas no inicio de 1909, nos Estados Unidos - ao contrário da Europa - eram de prosperidade e explosão para a nascente industria automóvel americana. Dezenas de companhias automobilísticas nasciam um pouco por todo o lado, e as corridas de automóveis viviam um autêntico "boom", graças aos sucessos da Vanderbilt Cup e do Grande Prémio da América. Um dos sítios onde existiam várias companhias automóveis era a cidade de Indianapolis, no estado do Indiana, a meio caminho entre Cleveland e Chicago, um importante entroncamento ferroviário.

Entendendo que ter uma pista permanente poderia servir quer para proporcionar entretenimento, quer para desenvolver automóveis e os seus componentes, alguns dos principais industriais da cidade decidiram constituir a 9 de fevereiro desse ano a Indianápolis Motor Speedway Corporation. Quatro homens contribuiram para a sua construção: Carl Fisher, James A. Allison, Arthur Newby e Frank Wheeler.

Fisher, então com 35 anos, era um visionário. De Greenberg, no Indiana, e filho de um pai alcoólico e sofrendo de uma forma severa de astigmatismo na sua infância, abandonou a escola aos doze anos e tinha sido um entusiasta de ciclismo no final do século, tendo começado a abrir um loja de reparação de bicicletas em Indianápolis. Em 1904, foi aproximado por uma pessoa que tinha a patente da lâmpada de acetileno, que serviria para iluminar os automóveis à noite. Ele adquiriu a patente e com o seu sócio James A. Allison, constituiram a Prest-O-Lite, que os fez milionários e com contactos na industria automobilística, entre os quais o piloto Barney Oldfield.

Isso fez com que Fisher fizesse aquilo que foi depois considerado como o primeiro concessionário de automóveis do mundo, vendendo carros de marcas como Packard, Stoddard-Dayton, Reo, Oldsmobile, Stutz, entre outros. Para os publicitar, chegou a colocar um Stoddard-Dayton num balão de ar quente e o pairou sobre a cidade, para admiração de toda a gente. O que ninguém sabia é que tinha tirado o motor para facilitar as coisas...

Quanto a Arthur Newby, era o presidente de uma das marcas de automóveis que era construída naquela cidade, a National, e tinha começado a converter alguns dos seus modelos para as corridas automobilísticas um pouco por toda a América, como a Vanderbilt Cup e o Grande Prémio da América. Já Frank Wheeler, era o proprietário dos carburadores Wheeler-Schreiber também situados em Indianápolis.

Estes quatro homens tinha conseguido juntar 250 mil dólares para o projeto, e rapidamente, Fisher encontrou um lugar nos arredores de Indianápolis para construir o seu circuito, uma oval - na realidade, um rectângulo de quatro curvas - com duas milhas e meia de comprimento (4023 metros) que ficou completo em poucos meses depois, de março a julho de 1909. Mais de 500 trabalhadores, 300 mulas e várias máquinas ajudaram a compactar a terra que ficou completada com uma camada de asfalto misturado com brita. O projeto era a concretização de um desejo que Fisher tinha desde que visitara o circuito de Brooklands, dois anos antes.

Contudo, a prova de inauguração, a 19 de agosto, foi um desastre. A prova, ocorreu num dia de grande calor e a superficie quebrou-se, causando vários desastres. O mais grave de todos foi quando o canadiano Wilfred Bourque perdeu o controlo do seu Knox e despistou-se, causando a sua morte e a do seu mecânico, Harry Holcomb. Outro mecânico e mais dois espectadores morreram, vitimas de vários acidentes. O grande vencedor foi Louis Schweitzer, que ganhou uma medalha, mas no final, o evento foi um fracasso. Para além dos acidentes, a superficie estava arruinada e a AAA, quer tinha supervisionado o evento, decidiu que iria boicotar o evento, caso não se fizessem modificações significativas.

Sem hesitar, em setembro desse ano, Fisher foi ter com os sócios e decidiu que iria cobrir aquela superficie com tijolos. Arranjou 3,2 milhões de tijolos, vindas de cinco fábricas de Indiana, e colocou-os à volta do circuito. No final, convidou o governador do Indiana para colocar um tijolo especial, feito de ouro. Nessa altura, os habitantes locais começavam a apelidar o circuito com o nome que o tornou famoso: "The Brickyard", e os primeiros testes com a nova superficie começaram e dezembro desse ano, com os carros a alcançarem confortavelmente a velocidade de 180 quilómetros por hora, o que deixou todos felizes. E à medida que 1910 se aproximava, Fisher pensava numa grande corrida para aquela pista, capaz de atrair os melhores construtores do mundo.

(continua no próximo episódio)

1 comentário:

Felipe Granado disse...

Olá,

Gostei muito da história. Só gostaria que colocasse antes das postagens, os links dos episódios anteriores, para podermos resgatar mais rapidamente o início das matérias !

Parabéns !!