segunda-feira, 30 de junho de 2014

Michael Schumacher, seis meses depois

Primeiro que tudo, um aviso aos frequentadores deste canto: isto não passa mais do que um artigo de opinião sobre o piloto, logo, isto não é uma noticia e nem deve ser tratada como tal. Só toco neste assunto para assinalar a data, pois passam hoje precisamente seis meses sobre o seu acidente, na estância de ski francesa de Meribel.

Nos últimos tempos, as grandes novidades em relação ao seu estado de saúde foi que a assessora de imprensa, Sabine Kehm, confirmou que Michael Schumacher saiu do coma - sem referir quando é que isso aconteceu - e que ele foi transferido para uma unidade de saúde em Lausanne, na Suiça, perto da sua casa. Mas foi nessa altura em que se soube alguma coisa sobre o seu estado de saúde. E a ser verdade, é devastador: Schumacher está, de facto, consciente, mas não fala e praticamente pouco mais faz do que mexer com a cabeça quando responde às perguntas que fazem. E percebe-se, agora, a enorme proteção - quase obsessiva - que a família faz sobre ele: é que o Schumacher que conhecemos desapareceu. Será uma pessoa que dependerá dos outros para o resto do seus dias, e mesmo a hipótese de ele se movimentar numa cadeira de rodas será um feito.

Mas também nos últimos tempos também existe outra obsessão, por parte de uma certa imprensa sensacionalista: querer alguma coisa de Schumacher - uma fotografia, um detalhe da sua condição médica - para poder vender jornais ou ganhar imensos cliques nos seus sites porque há certos jornais que seguem uma lei não escrita de que "as personalidades públicas perderam o direito à sua vida privada". E quando se sabe que é na Alemanha que está o jornal que mais se vende na Europa - o Bild, que em alemão significa "Foto" ou "Cartaz" - e claro, a popularidade do piloto alemão é enorme, podemos dizer que a busca pelo "exclusivo" significa mais do que falar com os enfermeiros ou os médicos. Significa tentar entrar nos Cuidados Intensivos e tirar fotos da pessoa. E agora nestes últimos dias, a história do roubo da ficha médica do ex-piloto alemão reforça tudo isso.

Já disse anteriormente que parece anacrónico que, num mundo em que toda a gente se mostra nas redes sociais, incluindo o que anda a comer, beber, escovar os dentes e outras coisas mais intimas, a família de Schumacher se tenha decidido blindá-lo dos olhos do público. Essa atitude agora entende-se, e era algo que já tinha ouvido e falado: o velho Schumacher está morto, pois muito provavelmente, não mais será o mesmo. Mesmo com fisioterapia intensiva e com as inevitáveis melhoras no seu estado de saúde, o fato do piloto ter sofrido o seu trauma na zona frontal do seu cérebro, conhecido por alojar coisas como a comunicação, a visão, o olfato ou o paladar, poderá fazer com que ele não fale mais, não escreva mais, nem veja mais. Ele poderá estar cego, surdo e mudo, e isso não é reversível.

E em certos aspectos, o que aconteceu com ele faz também me lembrar o que sucedeu a Maria de Villota, que está agora a fazer dois anos desde que aconteceu, num teste no aeródromo de Duxbury, na Grã-Bretanha. O seu acidente, apesar de todo o seu impacto ter sido amparado com o capacete que levava, causou sequelas terríveis, (como podem ver nesta foto): perdeu o olho direito, perdeu a sensação do paladar e do olfato e ganhou permanentes dores de cabeça, que a acompanharam até ao final dos seus dias, em outubro de 2013. Portanto, todo e qualquer recuperação que Schumacher possa ter em fisioterapia, pode ser deitado a perder se tiver, por exemplo, um ataque epiléptico ou um derrame cerebral, dado que agora, o seu cérebro está mais frágil do que nunca.

Em suma: até ao final dos seus dias, o assunto Schumacher será sempre algo que estará entre o especulativo e o misterioso. E por vezes, esses assuntos são o palco das conspirações e das obsessões, trazendo ao de cima tudo que o ser humano têm de bom... e de mau. É a matéria que serve para escrever livros.  

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