O mais engraçado é que, no Brasil, quem ouviu a corrida pela rádio, a pessoa que celebraba as passagens dos pilotos e a chegada dele ao lugar mais alto do pódio era Wilson Fittipaldi Sr., o "Barão". Ou seja: o pai acabara de narrar a vitória do filho! E claro, isto caía bem num país onde, três dias antes, comemorara 150 anos da sua independência, e dois anos depois do tricampeonato do mundo de futebol e a conquista definitiva da Taça Jules Rimet.
Contudo, as coisas foram atribuladas até lá chegarem, e colocaram em risco a participação do piloto brasileiro na prova. Desde um camião acidentado nas estradas alpinas, até o risco de Colin Chapman ser detido à chegada a Itália - ainda no rescaldo dos eventos de dois anos antes, quando Jochen Rindt teve o seu acidente fatal. Aliás, eles estavam inscritos como "World Wide Racers" e não "John Player Special Team Lotus"...
E para ainda colocar as coisas mais angustiosas, no dia da corrida, uma fuga de água obrigou a fazer reparações de última hora no seu carro, que o deixaram pronto a pouco menos de uma hora da partida. Foi com angústia que o piloto entrou no carro. Afinal, só precisava de um pódio para fechar a luta pelo título.
No final, as desistências dos seus adversários - Stewart na partida, Ickx na volta 46 - resolveu tudo a seu favor. E no pódio, estava acompanhado por Mike Hailwood, no seu Surtees, e Dennis Hulme, no seu McLaren. O Brasil descobria que poderiam ser campeões sem ser a tocar numa bola, habia mais ídolos que Garrincha e Pelé, e serem alguém no automobilismo, graças a alguém que, menos de três anos antes, ainda corria na Fórmula Ford. Foi uma ascensão tão rápida quanto a sua velocidade. E para Emerson, o primeiro grande palco de uma longa e frutuosa carreira.
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