domingo, 18 de agosto de 2024

A imagem do dia


Há meio século, a Formula 1 estava ao rubro. Num duelo a quatro, entre Emerson Fittipaldi, no seu McLaren, Jody Scheckter, no seu Tyrrell, e os Ferrari de Niki Lauda e Clay Regazzoni, e todos se revezavam no lugar mais alto do pódio. Mas existia um quinto piloto que, quando tinha tudo certo, dominava o fim de semana com o seu carro. Era Carlos Reutemann, no seu Brabham BT44, a grande criação de Gordon Murray

Contudo, a Brabham, nesse ano de 1974, tinha dificuldades em preencher a sua equipa. Andara a primeira metade do ano a saltar entre Rikky von Opel e o australiano Richard Robarts, acabando por ficar com José Carlos Pace, a partir do GP britânico, depois de Bernie Ecclestone ter tentado contratar Chris Amon. Contudo, existia um terceiro Brabham, não oficial, porque a equipa ainda tinha o hábito de vender chassis mais antigos a qualquer pessoa que tinha dinheiro para tal. E era o que tinha feito a Goldie Hexagon Racing, que tinha nas suas fileiras um irlandês chamado John Watson.

A Hexagon era a ideia de Paul Michaels, e em 1972, inscreveu um Brabham para Watson na Victory Race desse ano, na pista de Brands Hatch. Para piloto, foi buscar Watson, que tinha começado a sua carreira em 1969, na Formula 2. "Wattie", nascido a 4 de maio de 1946 em Belfast, até corria um pouco de tudo no automobilismo, mas sem grandes resultados. Porém, Michaels achou que ele tinha potencial, e o contratou para correr em algumas corridas na temporada de 1973. Contudo, na primeira corrida do ano, a Race of Champions, Watson, que corria num Brabham BT42, sofreu um acidente... e fraturou a perna! O resgate demorou um pouco, com ele ainda consciente dentro do carro, preso às ferragens. Ele afirmou anos depois que a situação tinha sido "surreal".

Mas recuperou o suficiente para correr em julho desse ano no GP da Grã-Bretanha, em Silverstone, que entrou para a história por causa de... uma carambola na primeira volta. Felizmente, pode entrar na segunda corrida, onde não foi muito longe. Só voltaria a correr em Watkins Glen, e não acabou por causa de um problema de motor.

Em 1974, Michaels decidiu que iria fazer a temporada inteira num Brabham BT42 comprado à fábrica, entrando logo na primeira corrida do ano, na Argentina. As coisas foram modestas até ao GP do Mónaco, onde apesar de Watson largar no fundo da grelha, conseguiu sobreviver ao desgaste de correr no Mónaco e acabar num improvável sexto posto, a uma volta do vencedor, conseguindo o seu primeiro ponto do ano.

A meio do ano, a equipa conseguiu um BT44, e de repente, as performances melhoraram. Bastante.

Partindo da 11ª posição da grelha, aquele era um dia onde os Brabham estavam bem: Reutemann era segundo, largava na fila da frente, e José Carlos Pace era quarto, logo atrás. O argentino acabou na primeira volta na frente da corrida... e lá ficou até à bandeira de xadrez. 

Atrás, Watson ficou no meio do pelotão, e com o passar das voltas, e algumas desistências, começou a subir na classificação, para andar um grupo que tinha gente como James Hunt, Vittorio Brambilla, Clay Regazzoni - que acabaria por beneficiar com a desistência dos outros três candidatos ao título - e no final, ficou a pouco mais de oito segundos de um pódio, mas a conseguir o seu melhor resultado até então: um quarto lugar. Nada mau para um carro "cliente".

A Goldie Hexagon Racing acabaria no final da temporada, mas não sem antes pontuar na última corrida do ano, quando terminou em quinto na corrida de Watkins Glen.  

Sem comentários: