quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

No Nobres do Grid deste mês...

"Em 1986, a Peugeot, liderada por Jean Todt, estava no Mundial de ralis, onde andava com o seu modelo 205 de Grupo B. Com pilotos como Juha Kankkunen e Timo Salonen, lutava pelo título mundial com os Lancia tripulados por Markku Alen e Massimo Biasion. Contudo, o acidente mortal de outro piloto, o finlandês Henri Toivonen, no Rali da Corsega, fez com que o Grupo B fosse abolido no final dessa temporada. Provavelmente, a Peugeot poderia continuar em 1987 com um modelo para a Classe S (que acabou nati-morta), mas as polémicas com a Lancia no rali de San Remo, onde os seus carros foram desclassificados pelos comissários italianos, fizeram com que a marca francesa decidisse retirar os seus carros dos Ralis, nem sequer alinhando os modelos 205 adaptados aos novos Grupo A.

Assim, a alternativa era mais “caseira”: o Rally Paris-Dakar. Até então, o Rali, iniciado em 1979 por Thierry Sabine, era uma prova dura no deserto do norte de África, onde essencialmente uma grande quantidade de amadores entravam em carros preparados especialmente para a ocasião, mas era essencialmente uma aventura. Contudo, em 1986, já começava a haver entradas de pilotos de fábrica nesta aventura, como a Porsche e a Mitsubishi, por exemplo. Só que esse rali ficou marcado pelo acidente mortal do seu fundador, vitima de um acidente de helicóptero no Mali. Com a organização a viver um pouco a crise que costuma existir após o desaparecimento do seu fundador, Eles acolheram de braços abertos a entrada em força da Peugeot, com os seus 205 Rallye, e com um regresso aplaudido: o finlandês Ari Vatanen, que ano e meio antes, na Argentina, tinha tido um grave acidente que o colocou às portas da morte.

(...)

Mas não foi fácil: um acidente no inicio do rali fez com que Vatanen caísse para a posição… 274, tendo de efectuar um percurso de recuperação. Lá conseguiu, mas outro susto na 13ª etapa, em solo mauritano, quase o fez ficar de fora, mas conseguiu levar o carro atè à meta, no Senegal. Era a recuperação que tanto queria, depois de tanto tempo a lutar pela vida.

No ano seguinte, Vatanen continua na marca, correndo agora com o modelo 405 mas desta vez junta-se o seu compatriota Juha Kankkunen, que faz esta “perninha” enquanto que corre pela Lancia no Mundial de Ralis, a bordo do seu Delta de Grupo A. Para além dele, alinharam os franceses Henri Pescarolo e Alain Ambrosino.

Há um recorde de inscritos (603, entre carros, motos e camiões), mas o percurso é duro. Vários acidentes causam ao todo dez mortes, no que se transforma na edição mais mortífera do Dakar, mas nos carros, a Peugeot voltou a ganhar, com Joha Kankkunen a ser o grande vencedor. So que isso aconeceu depois de a meio do rali, o seu compatriota Vatanen abandonou à conta de… um roubo. O incidente aconteceu durante uma paragem no Mali, e o carro foi encontrado dois quilómetros mais tarde, mas o incidente foi mais do que suficiente para baralhar a vitória para a marca francesa. (...)

Há precisamente 30 anos, a Peugeot trocou os ralis pelo todo-o-terreno, com excelentes resultados. A entrada da marca francesa no Dakar, com todo o seu aparato, marcou o inicio de uma era em que os amadores começavam a ser superados pelos profissionais, pelas equipas de fábrica, pois foi também nessa altura em que a Mitsubishi entrou no Dakar, também com o objetivo de vencer. Ficaram até 1990 com os 2015 e os 405, sempre acabando no lugar mais alto do pódio e com alguns episódios... insólitos. Depois, ficaram 24 anos sem aparecer, até que fizeram o seu regresso às areias do deserto, onde estão agora, e são os favoritos à vitória, contra os Mini e os Toyota.

Tudo isto pode ser lido neste mês no Nobres do Grid, mas se quiserem, também podem este video da edição de 1987 no Youtube

Sem comentários: