sexta-feira, 20 de julho de 2018

A imagem do dia

Há precisamente meio século, acontecia algo raro, e do qual não mais voltaria a acontecer. Um piloto de uma equipa privada, a vencer uma corrida oficial de Formula 1. De uma certa maneira, foi o culminar de muitas vontades e de um espírito inabalável de vitória, bem como as suas paixões pelo automobilismo. E duas dessas vontades eram o de Rob Walker e Jo Siffert.

Em 1968, os dias de glória de Walker tinham desaparecido há muito. Entre 1958 e 1961, tinha vencido por oito vezes, sete dos quais com Stirling Moss ao volante. Tinham dado a primeira vitória à Cooper, em 1958, e a primeira de um motor traseiro, ambos na Argentina. E em 1960, no Mónaco, foi com Moss que venceu no Mónaco, a bordo de um modelo 18 da Lotus. Depois de 1962, quando Moss sofreu o acidente que terminou com a sua carreira, em Goodwood, no Lotus 24 da British Racing Partnership, os resultados de Walker começaram a escassear. Começou a correr com o sueco Jo Bonnier e no final de 1964, surge a segunda personagem desta história: o suíço Jo Siffert.

"Seppi" de apelido, nascera a 7 de julho de 1936 em Friburgo. De origens modestas, mas apaixonado pelo automobilismo, lutou muito para chegar alto na sua paixão. Chegou à Formula 1 em 1962, também como privado, e em 1964, inscreve no GP dos Estados Unidos, a bordo de um Brabham BT11-BRM. Impressionou, acabando a corrida no terceiro lugar, o primeiro pódio da equipa em três anos, e o primeiro pódio de um suíço desde o GP da Alemanha de 1952, com Rudi Fischer ao volante.

A partir de 1966, a Walker Racing era apenas Walker e Siffert como piloto. Era uma boa dupla e Walker acháva-o um dos melhores do pelotão, esperando dar-lhe uma máquina que confirmasse todo o talento de "Seppi". Em 1968, teve essa chance quando arranjou um modelo 49 a Colin Chapman. Era o primeiro Lotus na equipa desde 1962, mas os resultados não apareceram logo. Para piorar as coisas, algumas semanas antes do GP britânico, as oficinas arderam, e perdeu-se todo o seu conteúdo, incluindo o chassis. Chapman deu-lhe um modelo 49B, para ele correr até ao final da temporada, e em Brands Hatch, conseguiu um quarto lugar na grelha de partida, com ele a aguentar até ao fim aos ataques de Chris Amon, no seu Ferrari oficial.

No final, ambos estavam extasiados. Era a primeira vitória de um piloto suíço na Formula 1, e era a primeira vitória de Rob Walker em sete anos. Todo o esforço tinha compensado, pois finalmente, Siffert tinha uma máquina tão boa como aquela que os pilotos da frente tinham. E com máquinas iguais, ele foi o melhor. Era aquilo que pretendia ter.

Até ao final do ano, iria conseguir mais três pontos, uma pole-position e três voltas mais rápidas, ao mesmo tempo que começava a correr pela equipa oficial da Porsche, alcançando o ponto alto da sua carreira. Ambos continuariam juntos até 1969, com mais dois pódios, antes de ele ir para a March e depois, BRM. Quanto a Walker, o seu esforço foi até 1971, quando se aliou a John Surtees, mas antes, acolheu Graham Hill e correu com os modelos  49 e 72 da Lotus.

Três anos depois, no mesmo circuito, "Seppi" teve um final trágico. Durante a Victory Racing, organizada para celebrar o campeonato de Jackie Stewart, perdeu o controle do seu BRM, depois de ter sido tocado por Ronnie Peterson, e morreu preso e sufocado pelos fumos do incêndio que tinha começado. Tinha 35 anos de idade.

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