quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A utilidade do HALO

Quando surgiu a chance de colocarem o HALO nos carros de Formula 1, a discussão foi enorme, e a esmagadora maioria dos fãs foi contra. A ideia surgiu em 2009 quando aconteceu o acidente de Felipe Massa nos treinos para o GP da Hungria, e lembro na altura que apareceu o design do Ubiratan Bizarro Pereira - o Bira - de um dispositivo semelhante ao Halo, e do qual andou a conversar com a FIA, mais concretamente com Charlie Whitting, sobre a hipótese de colocar nos carros. 

As pesquisas foram feitas - vi um video sobre isso em 2013 - mas nada de concreto se avançou até à manhã de 5 de outubro de 2014, quando Jules Bianchi ficou mortalmente ferido durante o GP do Japão, a bordo do seu Marussia, quando o seu carro ficou debaixo de um trator que rebocava o Sauber de Adrian Sutil em zona proibida. A partir desse momento, a ideia de um dispositivo de segurança que protegesse o piloto ficou mais urgente, e a FIA decidiu ir para o HALO em vez de uma janela curva, mais elegante e se calhar tão eficaz como o HALO. Conhecem a tempestade que existiu quando a FIA decidiu pelo primeiro, não vou entrar em mais detalhes.

Contudo, esta semana a discussão sobre o HALO voltou à carga graças a este artigo da Autosport britânica. A FIA publicou um relatório preliminar sobre o incidente que aconteceu na partida dessa corrida, onde o McLaren de Fernando Alonso atingiu o Sauber de Charles Leclerc. Segundo eles, sem a intervenção do HALO, que o despedaçou, era provável que o piloto monegasco tivesse tido o mesmo destino do seu amigo Bianchi. 

E para além disso, a FIA falou também de outro incidente, mais grave, que aconteceu meses antes, em Barcelona, durante uma prova da nova Formula 2. Num incidente semelhante, o japonês Tadasuke Makino levou com um pneu vindo de outro carro no seu monolugar e nada sofreu. De uma certa maneira, a aposta da entidade que gere o automobilismo neste tipo de dispositivo de segurança foi uma aposta ganha, e provavelmente mais rapidamente do que imaginavam. Já agora, a força do impacto do objeto vindo do carro de Fernando Alonso no de Charles Leclerc foi de 58 kilonewtons, muito forte, do qual caso tivesse sido adoptado o aeroscreen, talvez não tivesse portado tão bem...

A recordação do acidente de Spa reavivou-se quando Leclerc referiu esta semana, durante os prémios da Autosport britânica. E ele disse que o seu pensamento nem era se sobreviveria, mas sim, se o carro conseguiria continuar a correr.

"Lembro-me que assim que vi Fernando passar por cima de mim, tentei seguir em frente e correr, esperando que nada tivesse acontecido com o meu carro, mas obviamente não foi o caso porque tinha ficado destruído", começou por afirmar.

"Eu parei, e vi as imagens e são bastante ... impressionante não é a palavra certa. Chocante. Foi um grande acidente. Eu não sei o que teria acontecido sem o HALO, mas acho que tem sido extremamente útil", concluiu.

Esta temporada foi, como todos sabem, a primeira com o HALO. A discussão abrandou, de uma certa forma, mas não morreu. Ainda se ouve as pessoas serem do contra. Uns, nostálgicos do passado (existirão sempre), outros, perscrutando estes incidentes para ter algo do qual possam dizer ser do contra, mostrando o que acham ser a sua ineficácia. O exemplo mais recente foi o acidente do Nico Hulkenberg em Abu Dhabi, quando o seu Renault ficou de pernas para o ar após um toque no Haas de Romain Grosjean. Contudo, a extração foi rápida e o alemão nada sofreu. Os tempos dos depósitos de combustível que rompiam já ficaram 50 anos para trás, mas há quem ainda viva mentalmente em 1973... que se há de dizer? Que a Natureza siga o seu curso?

A discussão sobre o HALO - e também sobre o ruído do motor V6 turbo, para acrescentar - nunca foi sobre se ele é eficaz ou não, se o motor era mais potente ou não, sobre se os recordes de pista caem com ele e com os pneus da Pirelli. O fã não quer saber disso. Quer beleza e espectacularidade, quer algo que os excite. O Halo salvou a vida do Leclerc? Não querem saber, continua a ser feio. O Hamilton bateu o recorde de pista em Spa-Francochamps? Não querem saber, não saí do circuito com os ouvidos a sangrar, antigamente era bom, etc e tal.

É a natureza humana. E a natureza humana por vezes salta fora do bom senso. Daí os engenheiros e dirigentes não oiçam os fãs neste campo.

1 comentário:

Unknown disse...

Acompanho este blog desde o princípio .aqui do Brasil. Os carros são horríveis ,sons dos motores idem , nao ha competição e isto pode ser tudo ,menos,fórmula 1. Minha opinião .até um simio pilota uma carro "autonomo" deste .e ridículo o nível que a fórmula 1 chegou.infelizmente. e querem comparar esta geração com a de piquet,prost,naninni,berger , senna, moreno, alesi ,mansel ....ridiculo