Hubert Hahne de prego a fundo no March 701, durante o fim de semana do GP da Alemanha, no principio de agosto de 1970. Transferido para Hockenheim às pressas, depois de uma ameaça real dos pilotos de boicotar Nurburgring, caso esta não fosse modificada para ser mais segura, o GP da Alemanha iria tentar ter um piloto local na grelha. Mas não aconteceu: Hubert Hahne, piloto da BMW na sua equipa de Formula 2, tentara a sua sorte, inscrevendo individualmente um March de Formula 1, com o dinheiro do grupo de jornais Axel Springer, que era dona de, por exemplo, o Bild, na altura, o jornal mais lido da Europa. Mas não conseguiu mais do que o último tempo, não se qualificando.
Irado, processou a fábrica, afirmando que esta lhe tinha dado um chassis com defeito. A March, que tinha Max Mosley como um dos seus fundadores - era o M - retorquiu que o carro não tinha nada de defeituoso, e chamou o sueco Ronnie Peterson para que desse algumas voltas nele em Silverstone, para ver o que se passava. Quando ele conseçou a fazer tempos tão bons quantos os carros de fábrica, guiados por gente como Chris Amon e Jo Siffert, Hahne desistiu da queixa. Poucas semanas depois, abandonou o automobilismo, afirmando que este chegou a um limite intolerável. Como muitos pilotos do seu tempo, tinha visto muitos pilotos morrerem, alguns deles seus amigos, como Gerhard Mitter e Jochen Rindt.
Hahne foi um dos pilotos mais interessantes da Alemanha dos anos 60. Essencialmente, andou nos Turismos e na Formula 2, especialmente ao serviço da BMW, ajudando a desenvolver os 2002 de primeira geração. Talvez seja por isso que nunca se interessou verdadeiramente pela Formula 1, como piloto: ser piloto de fábrica tinha as suas vantagens, especialmente quando em 1969 se tornou vice-campeão europeu, ao serviço da marca bávara. Foi ao serviço deles que, por exemplo, venceu as 24 Horas de Spa-Francochamps de 1966 ao lado de Jacky Ickx, e triunfou no Europeu de Turismos. Mas foi com um Alfa Romeo GTA que, por exemplo, foi o primeiro a fazer o Nordschleife em menos de dez minutos, ao volante de um carro de Turismos.
No período pós-Wolfgang Von Trips no automobilismo alemão, e depois da Porsche ter desistido da Formula 1 para apostar na Endurance, Hahne era um dos alemães que era seguido. Não havia muito mais, pelo menos até ao aparecimento de outros como Rolf Stommelen ou Jochen Mass, essa numa geração seguinte. Apesar de, tirando esta aventura na fase final da sua carreira, nunca se ter envolvido na Formula 1, foi as suas corridas nos Turismos que o tornaram famoso na sua Alemamha natal. E foi também por aí que os seus parentes também se aventuraram no automobilismo: Armin Hahne, seu irmão mais novo, venceu as 24 Horas de Spa-Francochamps em 1982 e 83, e o Bathurst 1000, em 1985, todos a bordo de Jaguares, sendo um dos raros estrangeiros a vencer a mítica prova australiana. E o seu sobrinho Jorg van Ommen, piloto da DTM nos anos 80 e 90 em carros da Mercedes.
Hubert Hahne morreu esta quarta-feira aos 84 anos, na sua Essen natal. Ars longa, vita brevis.
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