segunda-feira, 5 de julho de 2021

Jim Morrisson e o Shelby desaparecido


Na passada sexta-feira, passou-se meio século sobre o desaparecimento precoce de Jim Morrison, o "frontmen" dos The Doors e um dos ícones da geração de 1960, que de uma certa forma, mudou o mundo. O que poucos sabiam era que ele, que morreu num apartamento em Paris aos 27 anos, vitima de overdose acidental (ou ataque cardíaco, ou outra coisa qualquer, cada um tem a sua teoria), adorava automóveis, e foi o dono de um Mustang Shelby 500 azul, que a chamava de "The Blue Lady".

Primeiro que tudo, a vida de Morrisson, amplamente contada ao longo deste tempo por gente que vai desde a sua irmã até ao "biopic" sobre ele realizado por Oliver Stone em 1991, com Val Kilmer no papel principal - e que vi numa noite de sábado numa noite inesquecível de copos, charros e sexo selvagem ha uns bons quinze anos, mas isso é outra história - tem muito a ver com o grupo que formou com os seus amigos Ray Manzarek, Robby Keieger e John Densmore, e que alcançou o topo das tabelas em 1967 com a musica "Light My Fire". O sucesso foi um acidente para Morrisson, que não queria ser cantor. Na realidade, queria ser poeta "beatnik", na senda de gente como Alan Ginsberg ou, de outra forma, Jack Kerouac. E depois, se pudesse, ser realizador. 


The Blue Lady foi uma oferta do presidente da Elektra Records, Jac Holzman, que queria oferecer algo aos membros da banda. Manzarek e Krieger queriam equipamento de som topo de gama, Densmore... um cavalo de carne e osso. O vocalista ficou-se pelo Shelby depois de ver o carro de Jay Sebring, o então cabeleireiro das estrelas de Hollywood. [Sebring foi uma das vitimas dos alcólitos de Charles Manson em julho de 1969 e a sua vida deu um filme em 1975 chamado "Shampoo", com Warren Beatty no papel de Sebring]

O carro foi um de dois mil feitos nesse ano de 1968 e tinha 355 cavalos, num motor V8. Morrison adorou-o e era o seu "daily driver" e foi protagonista no filme que fez em 1969, "HWY: An American Pastoral". Com o tempo, depois da sua morte prematura, aquele carro tornou-se num dos Mustangs mais reconhecidos, depois do 350GT verde guiado por Steve McQueen no filme "Bullitt" e que esteve escondido numa garagem do Kentucky por mais de 40 anos até voltar à luz do dia em 2018. 

Contudo, em 1970 - e aqui, as versões diferem - o carro saiu das mãos de Morrisson e nunca mais foi visto. A primeira afirma que ele bateu com o carro num poste de iluminação no Sunset Boulevard e ébrio, mas determinado, foi para o bar "Whisky-A-Go-Go" e quando voltou, fora rebocado pela Policia, e ele não se deu ao trabalho de o ir buscar. Outra versão foi que o estacionou no Aeroporto de Los Angeles para uma digressão da banda, e quando voltou, o bólido tinha sido rebocado pela policia. E a terceira é que depois de ser vendido - provavelmente num leilão da Policia de Los Angeles - teve vários donos ao longo de década e meia, até ter parado a uma sucateira e ser esmagado, perdido para sempre.


Contudo, sobre essa terceira versão, também era algo do qual se dizia do Mustang verde do "Bullitt" e acabou como acabou. Já agora, esse carro foi vendido em 2019 por 3,74 milhões de dólares num leilão lá nas Américas...

Independentemente do resultado, esta é uma história digna de alguém que teve uma existência curta e ardeu fortemente, brilhando muito mais e causando impacto em toda uma geração. As suas musicas continuam sendo intemporais, ouvidas geração após geração. 

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