Alguns dos seus grandes momentos são conhecidos: a sua primeira vitória, em Kyalami, em 1974, que também foi a primeira da Brabham em quatro anos, a primeira de um argentino desde Fangio, mas também a primeira da equipa sob a alçada de Bernie Ecclestone, que a comprou a Ron Tauranac, em 1972. As suas vitórias no Brasil, em 1977, 1978 e 1981 também são memoráveis, as duas primeiras pela Ferrari, mas também se esquece que ele triunfou no primeiro GP brasileiro, em 1972, em Interlagos - e a primeira transmitida a cores no Brasil - que não contava para o campeonato, apenas servia para dar condições de receber a Formula 1 naquelas paragens.
Também a Reutemann teve uma grande frustração: nunca ganhou na sua terra natal. Esteve perto em 1974 - tanto que o presidente da altura, Juan Domingo Peron, marchou para o pódio, julgando que seria ele a ganhar, até que teve um problema na última volta e entregou a vitória a Dennis Hulme, fazendo com que o presidente, embaraçado, tivesse de fazer marcha-atrás - e conseguiu um segundo lugar em 1981, no dia do seu aniversário, numa prova ganha por Nelson Piquet.
O que poucos notam é que o ano em que ele teve mais vitórias não foi em 1981, mas sim em 1978. E que no ano em que os Lotus dominaram o campeonato, o argentino triunfou em Jacarépaguá, Long Beach, Brands Hatch - depois de uma manobra brilhante a Niki Lauda, na reta da meta - e em Watkins Glen. E é sobre essa corrida que quero falar.
A Formula 1 estava em rescaldo, nessa altura. Mário Andretti era campeão, mas Ronnie Peterson estava morto, vitima do acidente em Monza, na corrida anterior. A Lotus tinha ambos os campeonatos, mas nos bastidores, os pilotos queriam um bode expiatório. E encontraram-no em Ricciardo Patrese, piloto da Arrows, implicado no acidente, mas não o maior responsável. Esse cabia a James Hunt, piloto da McLaren, e ironicamente, um dos que tirou o pobre sueco dos destroços do seu Lotus e estava por trás da campanha para o culpar. Por causa disso, Patrese não pode alinhar na corrida, impedido pelos pilotos, que ameaçaram boicotar, se o deixassem correr. Regressaria depois, em Montreal, para ser quarto na prova.
Na qualificação, Andretti foi o melhor, mas Reutemann ficou logo a seguir, embora quase um segundo mais lento que o americano da Lotus. Havia cartazes na pista dizendo "Mário, ganha pelo Ronnie!", o que sensibilizava-o. E os organizadores estavam tão confiantes que ele ganharia que Mário e a sua mulher, Dee Ann, foram convidados para posarem com o troféu de vencedor... no pódio.
Contudo, no domingo, a história foi diferente.
Na partida, enquanto Emerson Fittipaldi queimava a sua embraiagem do seu Copersucar e caía na classificação - o brasileiro recuperaria até quinto - Andretti cedo foi apanhado pelo argentino, que o ultrapassou... e foi-se embora. O italo-americano tinha um problema com o sistema de travões e era impotente contra os Ferrari, pois pouco depois, foi também passado por Gilles Villeneuve. Os dois desapareceram no horizonte, até que o canadiano ficou sem motor na volta 24, acabando ali a sua prova. Por essa altura, ele já tinha 35 segundos de vantagem sobre a concorrência, e quando Andretti desistiu, três voltas depois, com o motor rebentado, limitou-se a passear e a gerir a corrida até à meta, onde triunfou, então, pela nona vez na sua carreira, sobre Alan Jones e Jody Scheckter, que iria conseguir o último pódio da Wolf.
Para Reutemann, era novo triunfo - tinha vencido ali em 1974, com a Brabham - e os "tiffosi" pensaram que o carro tivesse sido mais fiável, talvez a Ferrari tivesse sido a oposição mais forte nesse campeonato de 1978.
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